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Riken Yamamoto, vencedor do Prêmio Pritzker 2024
Riken Yamamoto nasceu na China, mas construiu sua história no Japão (Foto: Tom Welsh)

Riken Yamamoto é o grande vencedor do Prêmio Pritzker 2024

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06.03.2024
Conheça a história e o legado de Riken Yamamoto, arquiteto japonês que valoriza comunidades e trocas culturais em seus projetos
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Considerada a maior honraria do mundo para os arquitetos, o Prêmio Pritzker anunciou Riken Yamamoto como o grande vencedor de 2024.

O arquiteto japonês tem como filosofia a valorização das comunidades, unindo espaços públicos e privados. 

Seu estilo voltado para a integração conversa com uma das tendências de arquitetura e decoração mais recentes, que valoriza justamente o coletivo em detrimento do particular.

Nas linhas a seguir, conheça um pouco da história e dos projetos do ganhador do Pritzker 2024: Riken Yamamoto!

História de Riken Yamamoto

Biblioteca de Tianjin, no Japão
Entre os projetos de Yamamoto, biblioteca de Tianjin, no Japão, é um dos destaques (Foto: Riken Yamamoto & Field Shop)

Apesar de ter nascido em Pequim (China), em 1945, Riken Yamamoto se considera um arquiteto japonês. Afinal, ele se mudou para Yokohama (Japão) logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

Yamamoto tem uma história de vida marcada por uma profunda exploração da interação entre espaços públicos e privados.

Desde a infância, viveu em uma casa que personificava esse equilíbrio delicado. Era uma tradicional machiya japonesa, ou seja, um espaço comercial típico que também funciona como habitação.

No caso dele, a farmácia de sua mãe se abria para a comunidade, enquanto o lar proporcionava momentos em família.

Do pai, Yamamoto sabia pouco. Afinal, ele faleceu quando o arquiteto tinha apenas cinco anos. Contudo, o engenheiro teve papel importante na sua trajetória profissional.

Inspiração para a arquitetura veio do pai

Templo budista
Templo budista despertou interesse de Yamamoto pela arquitetura (Foto: Domínio Público)

A jornada profissional de Riken Yamamoto não foi linear. Inspirado pela carreira de seu pai como engenheiro, ele inicialmente buscou seguir uma trajetória similar.

No entanto, um encontro transformador com o Templo Kôfuku-ji, em Nara (Japão), acendeu sua paixão pela arquitetura.

Aos 17 anos, Yamamoto visitou o local e se encantou com o Pagode de Cinco Andares da construção sob a luz da lua.

Originalmente construído em 730, o templo de arquitetura oriental foi reconstruído em 1426. Ele simboliza os cinco elementos budistas: terra, água, fogo, ar e espaço.

O que Yamamoto considera como seu primeiro contato com a arquitetura traçou seu destino na criação de espaços que transcendem a funcionalidade, gerando emoção e conexão.

Foi então que ele se formou em instituições prestigiadas, como a Universidade Nihon, em 1968. Depois, recebeu o título de mestre em arquitetura pela Universidade de Artes de Tóquio, em 1971.

Yamamoto passou os primeiros anos da sua carreira viajando. A princípio, foi de carro por diferentes países ao lado de Hiroshi Hara, seu mentor à época.

A intenção era compreender melhor o funcionamento de diversas comunidades e culturas, algo que se reflete no seu trabalho até hoje.

Ainda em 1972, passou pela costa do Mar Mediterrâneo, conhecendo países como França, Espanha, Marrocos, Argélia, Tunísia, Itália, Grécia e Turquia.

Depois de dois anos, foi a vez de conhecer o continente americano. 

Riken Yamamoto visitou Los Angeles, nos Estados Unidos, além de passar por países como México, Guatemala, Costa Rica, Colômbia e Peru. 

Então, seguiu para uma expedição que passou por Iraque, Índia e Nepal.

Estilo de Riken Yamamoto

Universidade da Prefeitura de Saitama
Universidade da Prefeitura de Saitama traz uma das marcas do arquiteto: a transparência (Foto: Tomio Ohashi)

Como mencionamos, após concluir sua formação, Riken Yamamoto seguiu viagem para entender como era a relação entre os espaços públicos e privados em outras partes do mundo.

Isso porque ele acredita que observar a arquitetura do passado é a chave para encontrar a própria cultura. Afinal, embora as comunidades tenham aparências diferentes, os propósitos são semelhantes.

Então, fundou a Riken Yamamoto & Field Shop, em 1973. Desde o início, a transparência emergiu como um elemento que define seu trabalho. Isso não apenas em forma e material, mas também em filosofia.

Essa dedicação a abertura e acessibilidade permeia seus designs, desde projetos de planejamento urbano, como Ryokuen-toshi, até estruturas monumentais, como a Biblioteca de Tianjin.

A ideia é sempre estimular a sociedade, tal como acontecia no local em que morou na infância. Seja qual for o estilo ou a função da construção, o arquiteto busca permitir a passagem pelo terreno, a junção de lotes adjacentes e a união entre vizinhos.

Em seus projetos, é possível observar como Yamamoto foi capaz de proporcionar essa integração em diferentes escalas.

Projetos de Riken Yamamoto

Corpo de Bombeiros de Hiroshima Nishi
Corpo de Bombeiros de Hiroshima Nishi é um dos projetos de Riken Yamamoto (Foto: Tomio Ohashi)

O apreço de Yamamoto pela comunidade fez com que ele continuasse a morar em Yokohama.

Contudo, o arquiteto deixou sua marca pelo mundo. Suas obras podem ser encontradas em todo o Japão, além de China, Coreia e Suíça.

O portfólio de Yamamoto é um testemunho de sua versatilidade e visão. De residências privadas em harmonia com paisagens naturais a instituições públicas projetadas para servir comunidades inteiras, suas criações transcendem fronteiras geográficas e culturais.

Aliás, seu trabalho em promover a integração vai além. Em 2011, quando um tsunami devastou o Japão, ele fundou o Local Area Republic Labo. Trata-se de um instituto dedicado a atividades comunitárias por meio de projetos arquitetônicos.

Já em 2018, criou o Local Republic Award, prêmio para homenagear jovens arquitetos que demonstram coragem para colocar em prática ideais que proporcionarão um futuro melhor.

Início foi com residências unifamiliares

Yamakawa Villa
Yamakawa Villa, de 1977, foi o primeiro projeto do arquiteto (Foto: Tomio Ohashi)

Ao reconsiderar as fronteiras entre espaços públicos e privados, Riken Yamamoto mostra que existem oportunidades para enriquecer e servir a comunidade.

Foi pensando nisso que ele começou a projetar residências que uniam ambientes naturais e construídos. Dessa forma, elas eram capazes de acolher famílias e transeuntes.

O primeiro projeto foi a Yamakawa Villa, que fica em Nagano (Japão). A construção de 1977 está em uma floresta e foi projetada para parecer um terraço ao ar livre.

O arquiteto continuou ganhando experiência em projetar habitações sociais. Uma delas é a Hotakubo Housing, em Kumamoto (Japão), de 1991. Já em 1994, ele projetou o Ryokuen-toshi, em Yokohama.

Seguiu simulando sociedades em grandes edifícios, pois consegue adaptar seu estilo a diferentes escalas. Por exemplo, na Universidade da Prefeitura de Saitama, em Koshigaya (Japão), de 1999.

Vale mencionar ainda a já citada Biblioteca de Tianjin (China), em 2012.

Trabalho no meio acadêmico

Além da atuação como arquiteto, Riken Yamamoto é professor visitante na Universidade de Kanagawa, em Yokohama.

Também foi professor visitante na Universidade de Artes de Tóquio (Japão), entre 2022 e 2024. Lecionou na Universidade Nihon, em Tóquio, pela Escola de Pós-Graduação em Engenharia, e na Universidade Nacional de Yokohama, pela Escola de Pós-Graduação em Arquitetura, entre 2007 e 2011.

O Japão ainda teve a honra de ter o arquiteto dando aulas na Universidade Kogakuin, no Departamento de Arquitetura, entre 2002 e 2007.

Yamamoto também foi presidente da Universidade de Arte e Design Nagoya Zokei, entre 2018 e 2022.

Riken Yamamoto é vencedor do Prêmio Pritzker 2024

Hotakubo Housing
Habitações sociais e projetos que valorizam comunidades, como Hotakubo Housing, são destaques de Yamamoto (Foto: Tomio Ohashi)

Além de sua prática arquitetônica, Riken Yamamoto é um educador dedicado. 

Sua passagem como professor visitante em instituições renomadas moldou mentes de futuras gerações de arquitetos, incutindo nelas um senso de responsabilidade para com suas comunidades e o meio ambiente.

Ao longo de sua carreira ilustre, Yamamoto recebeu inúmeros prêmios e honrarias. No entanto, sua maior obra está nas comunidades que tocou e nas vidas que enriqueceu por meio de sua abordagem cuidadosa e inclusiva da arquitetura.

No anúncio da premiação, alguns projetos do arquiteto foram destacados, como o Corpo de Bombeiros de Hiroshima Nishi (Japão). De 2000, ele tem fachada que parece totalmente transparente, além de permitir a visitação.

Já a Prefeitura de Fussa, em Tóquio, é de 2008 e foi criada a partir de duas torres médias, para complementar a vizinhança, que conta com edifícios baixos.

Outros projetos que valorizam também foram citados, como a Universidade da Prefeitura de Saitama (Koshigaya, Japão, 1999) e a Escola Primária Koyasu (Yokohama, 2018), o que endossa a justificativa do júri para a sua escolha.

Além disso, o anúncio reforça a consciência de que a comunidade é uma responsabilidade social. Nesse sentido, Yamamoto demonstra como a profissão pode demonstrar seu propósito, que é servir às pessoas.

Leia também:

Outros prêmios

Prefeitura de Fussa
Em vez de prédio alto, duas torres para a Prefeitura de Fussa se adequar ao visual da cidade (Foto: Riken Yamamoto & Field Shop)

Riken Yamamoto foi nomeado acadêmico pela Academia Internacional de Arquitetura em 2013. O arquiteto foi ainda amplamente reconhecido ao longo de sua carreira, incluindo, além do Pritzker 2024:

  • Prêmio do Instituto de Arquitetos do Japão para o Museu de Arte de Yokosuka (2010).
  • Prêmio de Edifícios Públicos (2004 e 2006).
  • Good Design Gold Award (2004 e 2005).
  • Prêmio do Instituto de Arquitetura do Japão (1988 e 2002).
  • Prêmio da Academia de Artes do Japão (2001).
  • Mainichi Art Awards (1998).

Além desses e do Pritzker, há outros prêmios de arquitetura para você conhecer!

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