Minimalismo: conceito, estilo de vida e estética
Você já deve ter ouvido falar de minimalismo na arquitetura, no design ou na moda. Mas do que realmente se trata?
Ele nasceu como um movimento artístico no século 20. Com o passar do tempo, foi se transformando em uma espécie de filosofia de vida, que preza pelo “menos é mais”.
Para ajudar você a entender o conceito, este artigo faz um apanhado do minimalismo, com o seu histórico e as suas características, além de dicas para colocá-lo em prática.
Que tal conferir?
O que é minimalismo?
“Minimalismo” é o termo usado para se referir a uma série de movimentos artísticos e culturais que surgiram durante o século XX.
O que eles tinham em comum era a adoção de poucos elementos em suas expressões. Isso se aplicou às artes visuais, à música, ao design e à arquitetura, entre outras áreas.
A ideia era criar uma linguagem universal, com uso de poucas cores e repetições de linhas e formas geométricas, sempre usando o mínimo de recursos.
Com o tempo, o conceito foi se expandindo e extrapolando os limites do campo artístico. Tanto é que hoje o minimalismo já se tornou um estilo de vida, que segue apostando na simplicidade.
Qual é a origem do minimalismo?
Foi após a Segunda Guerra Mundial, entre as décadas de 1950 e 1960, que o minimalismo se consolidou enquanto movimento.
No entanto, no final dos anos 1910, a escola Bauhaus e os modernistas já buscavam uma estética mais simples, com formas geométricas e linhas retas.
Sendo assim, foram fundamentais para o surgimento do conceito de minimalismo nas artes, no design e na arquitetura. Todos esses movimentos têm em comum a simplificação das formas.
“Menos é mais” é uma frase que resume bem essa proposta. Ela foi cunhada pelo arquiteto modernista alemão Ludwig Mies van der Rohe.
Essa simplificação das formas abre espaço para se concentrar na funcionalidade de cada objeto.
Até hoje o design é influenciado pelo minimalismo. Construções, eletrônicos, roupas e diversos outros itens do nosso dia a dia são produzidos com foco na dimensão funcional.
Quais são os efeitos do minimalismo no mundo contemporâneo?
No minimalismo contemporâneo, a priorização da funcionalidade parece ter sido usada em prol da padronização.
Isso porque os processos de industrialização e produção em massa fazem os objetos se distanciarem do design e de suas funções.
Essa padronização, de certa forma, descaracteriza o movimento minimalista.
Em vez de expressar a essência das coisas, a indústria cria um mundo mais frio e estático, que deixa de lado os traços culturais de cada lugar.
Usando o argumento da funcionalidade, corremos o risco de abrir mão do encantamento e das emoções que a arquitetura e o design são capazes de despertar nas nossas vidas.
O que é o minimalismo como estilo de vida?
Com o tempo, as ideias do minimalismo foram sendo incorporadas a outras áreas até chegar ao estilo de vida. Mas o que isso tem a ver com estética?
Basicamente, o lifestyle minimalista adota a filosofia de viver mais com menos. E, seja por necessidade ou por sustentabilidade, ele se mostra urgente no mundo em que vivemos hoje.
Isso porque está ligado a mudanças práticas no dia a dia, atreladas a uma vida mais simples e menos consumista.
Em vez de se deixar levar pelos prazeres do consumo, o minimalismo foca em autonomia, realização e autoconhecimento. Tudo isso tendo apenas o que é realmente necessário para se viver.
Essa tensão entre o desejo de mais e a necessidade de menos foi tema da exposição More or Less, do designer holandês Maarten Baas com a marca de moda G-Star RAW.
Apesar dos estímulos aos quais somos expostos, o que sabemos é que consumir de forma consciente se tornou uma prioridade.
E isso vale até mesmo para a organização da casa, sabia?
Fica muito mais fácil manter os ambientes em ordem se eles não estiverem lotados de coisas. Portanto, se quiser adotar um estilo de vida minimalista, pratique o desapego!
Veja tudo o que você tem em cada espaço, de móveis a utensílios e roupas. Abra armários, estantes e gavetas.
O que estiver guardado por muito tempo sem uso, quebrado ou sem função pode entrar na pilha do desapego.
Mas isso não quer dizer que esses itens devam ir diretamente para o lixo. Muitas vezes, é possível consertá-los, doá-los ou vendê-los.
Como é a estética minimalista?
Veja, a seguir, como o minimalismo influencia e é influenciado por outros movimentos, estilos e tendências na contemporaneidade.
Estilo Wabi-Sabi
O estilo Wabi-Sabi tem tudo a ver com o minimalismo.
Criado no Japão, esse conceito pode ser aplicado em diversas áreas, mas sobretudo na decoração. Defende a aceitação do imperfeito e a impermanência constante.
Dessa maneira, entende a ação do tempo como um efeito da vida, assim como a beleza das marcas deixadas pela sua passagem.
Ou seja, em vez de buscar a perfeição, o estilo Wabi-Sabi compreende que o simples é completo e único.
Diante disso, um dos preceitos tradicionais desse conceito é não descartar peças quebradas acidentalmente, mas repará-las.
No caso das cerâmicas, existe uma técnica chamada kintsugi, que dá uma cara nova às peças quebradas.
O método consiste em aplicar pó de ouro para preencher os espacinhos vazios das “rachaduras” formadas na junção dos pedaços. Com isso, o reparo traz ainda mais singularidade para a peça.
O Wabi-Sabi também expressa a sua estética por meio de objetos rústicos, tecidos sobrepostos e tons terrosos.
Tudo isso sempre em busca da imperfeição, da inconstância e da finitude, que conferem beleza aos ambientes, ao mesmo tempo em que provocam uma reflexão sobre a existência.
Estilo escandinavo
O estilo escandinavo propõe um modo diferente de viver, muito ligado à simplicidade.
As nações escandinavas se destacam entre os países com melhor qualidade de vida. E isso tem a ver com o lifestyle da população, que reflete o minimalismo.
Mais do que levar uma rotina descomplicada, os moradores dessa região consomem apenas o necessário para viver, sem exageros.
Isso vale tanto para comportamentos quanto para vestimentas, alimentação e decoração das casas.
Por se tratar de países com pouca luz solar durante o inverno, a iluminação natural é bastante valorizada. Além disso, outras estratégias são empregadas, como o uso de revestimentos claros e cores frias.
O design preza pelas linhas retas e pela alta qualidade.
Assim como no minimalismo, o estilo escandinavo evita excessos, sempre buscando deixar espaços livres e bem aproveitados.
A sua singularidade se deve à valorização de características mais rústicas. Em vez de gastar dinheiro para adquirir peças decorativas, os escandinavos usam materiais disponíveis na natureza para embelezar os seus lares.
Japonismo
“Japonismo” é o nome dado à tendência de arquitetura e decoração que une o minimalismo japonês e o aconchego escandinavo.
A trend bebe na fonte do Wabi-Sabi, inspirando-se no uso de elementos naturais, e também do Hygge, o refúgio aconchegante dos ambientes neutros nórdicos.
O estilo surgiu como uma tentativa do resto do mundo em entender o Japão, um país que esteve por muito tempo fechado para o que vinha de fora.
Durante esse período de consolidação da cultura japonesa, alguns artistas começaram a retratá-la por meio de quadros com poucas linhas e cores neutras, em um único plano.
Embora não tenham feito sucesso no Japão, na Europa conquistaram os amantes da pintura. A partir disso, o país passou a ser incorporado a outras culturas.
Na arquitetura e no design de interiores, o Japonismo ficou conhecido pelo uso de madeira em tons claros, arranjos florais, plantas, iluminação natural e artigos artesanais.
Novo minimalismo
Já ouviu falar em novo minimalismo? Ele também busca a simplificação do dia a dia e um lifestyle mais calmo.
Para isso, adota o estilo industrial, originado nos galpões e estúdios de Nova York do século XX, que se adequa às novas tecnologias.
O novo minimalismo explora o design industrial por meio da combinação de elementos claros e escuros, sempre com preferência aos tons neutros.
Enquanto as cores escuras conferem sobriedade, as claras deixam os ambientes mais sofisticados.
Assim como no estilo escandinavo, a iluminação é bastante valorizada. Se for preciso, é possível adotar lâmpadas industriais, em uma mistura entre o rústico e o moderno.
E as plantas não costumam ficar de fora. Afinal, além de purificar e embelezar o ambiente, elas contribuem para o bem-estar.
Hide or Slide
Seguindo a onda da simplicidade, chegamos à tendência Hide or Slide, que tem o minimalismo como a sua principal referência.
Cada vez mais, o mundo percebe a urgência de aprender a viver com menos, pois o meio ambiente não dá conta de sustentar o ritmo de consumo da humanidade.
Dessa forma, é preciso buscar ambientes onde “menos é mais”.
Essa necessidade ajudou a dar origem à tendência Hide or Slide, que busca maior conforto visual e, claro, funcionalidade.
Em vez de deixar utensílios e eletrodomésticos expostos, ela convida a explorar os móveis embutidos, que ajudam na organização dos ambientes.
Além das linhas retas e formas geométricas, os mobiliários têm estilo minimalista e são caracterizados por esconder a real utilidade.
Hide or Slide também aposta nos móveis deslizantes, como as bancadas que podem ser puxadas apenas quando forem usadas ou as torneiras e cubas camufladas.
Designers como Guilherme Wentz se inspiram no minimalismo na hora de criar. Além de móveis deslizantes em madeira, ele explora materiais como o porcelanato.
Em 2020, criou a linha Planos em parceria com a Officina Portobello, brincando com o desnível em suas peças despojadas e sofisticadas.
O que é arquitetura minimalista?
A arquitetura minimalista tem fortes ligações com o modernismo e as vanguardas europeias do século XX.
Assim como em outros campos, busca a simplicidade. Por isso, emprega poucos elementos, dando preferência às formas geométricas puras.
Desde o seu surgimento, a arquitetura minimalista influencia projetos de todos os tipos.
Como no design, simples não quer dizer sem graça. Pelo contrário: as construções minimalistas podem esbanjar elegância.
E, claro, sempre prezando pela funcionalidade dos espaços e focando apenas no essencial.
Além da ligação com as estéticas japonesa e escandinava, a arquitetura minimalista dialoga com o cubismo e neoplasticismo.
O estilo se tornou popular não apenas por atender às preferências estéticas. Isso porque, como já vimos aqui, o minimalismo também tem a ver com lifestyle.
Na contemporaneidade, as pessoas buscam qualidade de vida e rotinas descomplicadas. E a casa influencia diretamente no dia a dia.
Para entender melhor, confira algumas das principais características da arquitetura minimalista:
- formas simples;
- destaque aos volumes;
- exploração da luz natural;
- design funcional;
- layouts diferenciados;
- poucos ornamentos;
- cores neutras;
- materiais modernos, como concreto, vidro e aço.
Um dos projetos arquitetônicos mais icônicos do minimalismo é a Casa Farnsworth ou Casa de Vidro, de Mies Van der Rohe.
O conjunto de linhas retas, planos superpostos e estrutura metálica cria a sensação de que a casa flutua. Para produzir esse efeito, o piso foi colocado sobre pilares de aço que a sustentam.
Chama atenção também as paredes externas de vidro, que fazem os ambientes internos se conectarem com a natureza ao redor.
Como colocar o minimalismo em prática na decoração?
Como você já deve ter percebido, a decoração minimalista vai além dos elementos estéticos. Afinal, estamos falando de um estilo que segue uma filosofia de vida.
Mas não se preocupe, pois colocar o minimalismo em prática no décor é muito simples. Descubra como criar ambientes estilosos.
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Adote a máxima de que “menos é mais”
“Menos é mais” é a expressão que resume a proposta do minimalismo. Sendo assim, tenha isso em mente quando começar a planejar a decoração da sua casa.
Tome cuidado para não encher os ambientes de itens decorativos, móveis ou cores. O visual deve ser, acima de tudo, leve e aconchegante.
Se for preciso, desapegue de objetos que você não utiliza mais. Nada de ficar ocupando espaço em armários, estantes e gavetas com o que é desnecessário.
Além disso, preze sempre pela qualidade antes da quantidade. Para o minimalismo, as coisas devem ser duráveis.
Muitas vezes, vale investir um pouco mais em um item melhor que pagar barato por outro que terá que ser substituído em breve.
Não apenas o minimalismo, como também o meio ambiente, agradecem!
Busque a harmonia
Para que um projeto de arquitetura ou decoração minimalista não pareça “sem graça”, o planejamento deve ser cuidadoso. Isso porque criar uma composição harmônica exige tempo.
Os revestimentos, móveis, têxteis e outros objetos devem conversar entre si, e não ser pensados de forma isolada. Esse diálogo pode se dar por meio das formas, cores, materiais e texturas.
Escolha uma paleta de cores simples
A paleta de cores tem um papel estratégico na decoração de qualquer ambiente, seja qual for o estilo escolhido.
No minimalismo, cuja proposta é não exagerar e prezar pelo simples, as cores neutras são as mais valorizadas.
Além de criar uma atmosfera tranquila, elas ajudam a ampliar espaços pequenos e são fáceis de serem combinadas.
Mas isso não significa que cores intensas e vibrantes não possam ser usadas. Geralmente, elas aparecem em detalhes menores da decoração, como em almofadas, vasos e outros objetos.
Crie áreas de armazenamento
A organização é outro aspecto fundamental para o minimalismo. Cada coisa deve ter o seu lugar. Por isso, contar com espaços de armazenamento ajuda a manter os ambientes em ordem.
No quarto, por exemplo, além do guarda-roupa, você pode apostar em cômodas, prateleiras, caixas organizadoras e cestos para deixar tudo organizado.
Já na cozinha, os armários e as gavetas são importantes para guardar os utensílios. Se possível, separe uma área para armazenar temperos, pois isso ajuda a tornar o ambiente mais funcional no dia a dia.
A mesma lógica se aplica aos demais espaços da casa.
Explore superfícies diferenciadas por meio dos revestimentos
Ao olhar para a ampla variedade de revestimentos disponíveis no mercado hoje, é possível perceber quantas possibilidades eles oferecem para os projetos de arquitetura e decoração.
A Portobello, por exemplo, conta com um portfólio cheio de opções de produtos de alta qualidade para ambientes internos e externos.
Mesmo os revestimentos de base neutra esbanjam personalidade por meio de formatos inovadores e texturas exclusivas.
Isso permite criar superfícies cheias de charme para os ambientes minimalistas.
Além do visual, os produtos são práticos e funcionais, demandam pouca manutenção e oferecem alta resistência e durabilidade.
Aposte em móveis com linhas retas e funcionais
Mais do que cumprir determinadas funções, os móveis têm um peso importante no visual de qualquer ambiente. Na sala de estar, por exemplo, é impossível um sofá passar despercebido, concorda?
Portanto, se quiser criar uma decoração minimalista, escolha o mobiliário com cuidado. Dê preferência às peças com linhas retas, formas simples e poucas texturas.
E, claro, pense sempre na funcionalidade. Se o móvel tiver mais de uma função, melhor ainda! Sofás retráteis, racks multiuso e pufes com baú são alguns que ajudam a otimizar os espaços.
Por fim, não se esqueça de dar prioridade à fluidez do ambiente. Sendo assim, coloque o mínimo possível de mobiliário, para preservar a área de circulação.
Valorize a iluminação natural
Outro aspecto-chave na decoração minimalista é a iluminação. Busque favorecer a entrada de luz natural nos ambientes.
Dependendo do espaço, faz sentido planejar a iluminação artificial também.
Além da luz central, considere a possibilidade de adicionar spots direcionáveis, pendentes, pontos debaixo de armários, sobre bancadas etc.
É uma ótima maneira de deixar os ambientes mais funcionais e, ao mesmo tempo, bonitos com simples detalhes.
Capriche nos acabamentos
A escolha dos acabamentos pode ser estratégica para a decoração minimalista, sabia? Afinal, é por meio dos detalhes que os espaços podem receber um toque extra de charme.
No caso dos banheiros e das cozinhas, por exemplo, as cubas e os metais fazem toda a diferença no visual.
Quando se trata de cozinha, em particular, as bancadas em porcelanato são um grande sucesso. Além de deixá-las mais funcionais e resistentes, enchem o ambiente minimalista de elegância.
Consuma com consciência
Quando se trata de minimalismo, o consumo consciente é um aspecto essencial. Mesmo que o seu foco seja apenas a decoração, tente não se limitar às questões estéticas.
Na hora de adquirir um novo material, móvel ou objeto decorativo, preze pela qualidade, resistência e durabilidade.
E compre somente aquilo que for, de fato, necessário para viver bem na sua casa.
Depois de conhecer melhor o minimalismo e as dicas para adotá-lo na decoração, dá para notar que não se trata de nenhum bicho de sete cabeças, não é?
Com os cuidados certos, você pode criar ambientes simples, funcionais, confortáveis e bonitos para a sua casa. Tudo isso aliando conceito, estilo de vida e estética.
Aliás, sabia que existe uma tendência cuja estética é o oposto do minimalismo? Conheça o maximalismo e como ele se manifesta na decoração!