Mies van der Rohe: 6 lições que podem ser aprendidas com o mestre da Arquitetura
Entre os grandes mestres da Arquitetura moderna mundial está Ludwig Mies van der Rohe (27/03/1886 – 17/08/1969), nascido em Aachen, na Alemanha. Desde muito cedo, ainda criança, ele se envolveu com a oficina de esculturas mantida pelo pai. Em 1905, foi a Berlim para atuar com Bruno Paul e Peter Behrens. Foi nessa época que teve a oportunidade de conhecer Walter Gropius e Le Corbusier, arquitetos que guiariam suas ideias ao longo dos anos.
Em 1912, Mies van der Rohe abriu o próprio escritório e passou a produzir obras com desenhos puros e baseadas em técnicas estruturais avançadas. Seu trabalho consistia na combinação de estrutura e membrana externas — em suas palavras, um estilo de pele e osso. Para ele, o vazio dos espaços construídos deveria ser preenchido por pessoas, pela vida. Não à toa, está por trás da autoria do famoso mantra que prega que menos é mais.
Por meio de suas criações, o renomado arquiteto deixou lições importantes que podem ser aproveitadas por diversos profissionais. Que tal conhecer algumas agora mesmo? Leia e veja como colocar seus ensinamentos em prática!
1. Simplifique os projetos e seus conceitos
Não é nada difícil encontrar trabalhos bem complexos baseados em ideias subjetivas, muitas vezes compreendidos apenas por profissionais da Arquitetura. Mas o grande problema de exagerar nos detalhes está no risco de limitar a interpretação da obra a um público muito específico — que não inclui possíveis clientes.
Mies afirmava que, por serem destinados às pessoas, os espaços construídos deveriam ser facilmente entendidos por elas. Dessa forma, grupos distintos teriam condições de avaliar o ambiente e saber como se deu todo o processo criativo.
Essa lição mostra a importância de trabalhar com ideias claras e de permitir que diferentes sujeitos interpretem o conceito aplicado. Na prática, vale apresentar soluções com esquemas simples, maquetes que simulem ambientes, entre outros recursos que facilitem a visualização da proposta.
2. Conheça as características dos materiais
Para Mies van der Rohe, os materiais empregados nas construções não podem ser selecionados apenas por uma questão estética. Isso porque cada produto tem características específicas a serem aproveitadas na montagem de estruturas, coberturas, fechamento de paredes e outras partes da obra.
Em seu projeto Crown Hall, por exemplo, o arquiteto conseguiu criar vãos generosos com vigas de aço. Se optasse pelo uso do concreto armado, essas estruturas precisariam ter dimensões maiores para suportar as cargas da construção, o que talvez não traria um visual tão interessante ao conjunto.
É fundamental, portanto, estudar tanto as qualidades como os defeitos de cada solução antes de fazer a escolha dos materiais. O próprio Mies ficou famoso por abusar de estruturas em aço com fachadas em vidro, que traziam a transparência necessária para integrar interior e exterior, criando um efeito de continuidade.
3. Construa ambientes que realmente serão ocupados
De acordo com van der Rohe, conceber edifícios enormes sem um objetivo claro não faz nenhum sentido. Mesmo em metrópoles, onde as densas redes urbanas imperam, é importante prever áreas livres (pequenos vazios) para que a cidade não gere uma sensação de sufocamento e o cenário não pareça poluído.
Ao prever grandes volumes sem planejamento, o arquiteto contribui para a criação de áreas inutilizadas. Instalações que não têm função ou que existem apenas para acrescentar detalhes ao edifício são onerosas, monótonas e, por vezes, inseguras, visto que não são ocupadas pelo público.
Em sua obra Neue Nationalgalerie, o Museu de Arte Moderna de Berlim, Mies trabalhou com uma cobertura que se estende bastante para fora, criando uma transição suave entre os ambientes internos e o entorno — que, embora não apresente paisagismo detalhado, tem árvores e grandes calçadas.
4. Priorize uma boa ideia em detrimento de várias ruins
Mies van der Rohe acreditava que uma boa ideia era capaz de solucionar muitos problemas. Para ele, não valia a pena perder tempo com inúmeras propostas de projeto, visto que isso poderia resultar em várias respostas e, consequentemente, em uma obra confusa e sem identidade.
Ao conceber o Pavilhão Alemão, em 1929, o arquiteto uniu as características de leveza, fluidez, flexibilidade e transparência para chegar à solução formal. Nesse processo, considerou o uso da instalação (na época, para abrigar a Feira Universal de Barcelona) e as atividades que seriam realizadas no local.
A obra ficou famosa por sua geometria e combinação de materiais, como aço, vidro e mármore. Hoje, reconstruída após a demolição, atrai visitantes que se apropriam do espaço para participar de eventos e debates, observar exposições e conferir novidades a partir de intervenções artísticas.
5. Valorize as necessidades das pessoas
Espaços construídos são ocupados todos os dias por pessoas com comportamentos, desejos e pensamentos próprios. Logo, é crucial que os arquitetos pensem nas necessidades de diferentes grupos na hora de projetar edifícios, sejam residências, espaços comerciais, ambientes corporativos e até indústrias.
No prédio Seagram, desenvolvido por Mies em Nova Iorque, as áreas cobertas são conectadas a uma pequena praça que funciona como ponto de encontro. A diversidade de ambientes é uma estratégia interessante para garantir conforto e uma melhor experiência aos usuários das instalações.
Com um propósito bem definido, a mistura de espaços para trabalhar, relaxar ou transitar funciona muito bem. Manter o foco nas necessidades das pessoas contribui para a obtenção de projetos com qualidade e mais atrativos, que efetivamente dão apoio ao público e dificilmente se tornam entediantes.
6. Equilibre beleza e funcionalidade
Não dá para negar que muitas obras idealizadas por grandes mestres da Arquitetura se tornam ícones por seu design inovador. Mas a verdade é que o apelo visual pouco importa se os espaços não atendem às necessidades dos usuários. Isso explica por que Mies se preocupava tanto em equilibrar beleza e funcionalidade.
O cuidado em adequar essas características fica claro no projeto da Casa Farnsworth, famosa pela aparência harmônica que se integra ao verde do entorno. Perceba que o arquiteto fez uso de grandes aberturas contínuas em vidro, do piso ao teto, a fim de permitir visualizar o exterior do interior e vice-versa.
Sobre essa percepção, ele afirma que “se você puder ver a natureza, através das paredes de vidro da Casa Farnsworth, perceberá que ela ganha um significado ainda mais profundo do que quando a vê a partir do lado de fora. Dessa forma, ainda mais é dito sobre essa natureza: ela se torna parte de um todo ainda maior”.
Com sua criatividade e seu pensamento lógico, Mies van der Rohe marcou a história, tanto que hoje inspira profissionais e estudantes pelo mundo afora. Vale a pena refletir sobre suas lições que, de uma maneira ou de outra, interferem na produção da Arquitetura atual.
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Muito interessante
vc passeia por estas experiencias rohe,frank,corbusier…..niemeyer e , ainda , ao som de beatles,dylan,joão gilberto….jobin a vida adquire um lindo e importante significado com todas estas maravilhosas diversidades.