O papel das cores para a construção de um ambiente sofisticado
As cores nos ambientes sempre comunicaram mais que apenas impulsos visuais. Foi somente depois da colonização da América que os exploradores puderam levar pigmentos para a Europa que tornaram possíveis tons mais fortes de azul, como vistos na pintura de Rubens , por exemplo.
O azul escuro e vibrante não indicava apenas uma cor escolhida ao acaso pelo mestre da pintura, indicava conquistas, descobertas e poder. Enquanto o amarelo claro que cobria o manto de Judas em pinturas sobre a última ceia fazia alusão à traição, na decoração egípcia simbolizava riqueza — as cores podem mudar percepções e a forma como as pessoas encaram um ambiente.
Por sempre revelarem algo a mais sobre o ambiente, é importante estar seguro sobre as cores desejadas. Por isso, conversamos com Danielle Otsuka, arquiteta do escritório Lilutz Interiores (@lilutzarquitetura). Ela conta como faz uso desses recursos visuais das cores para a construção de um ambiente sofisticado.
O papel das cores nos ambientes
Otsuka não hesita quanto a essa questão, “o papel das cores é fundamental, pois, na decoração, a cor é parte essencial para determinar a sensação e o comportamento das pessoas que vão usar o local”.
Escolas e hospitais tendem a utilizar cores mais claras em seu interior, para ajudar a manter o ambiente tranquilo. Enquanto isso, observe que ambientes de festas e academias procuram cores mais fortes, que despertam mais energia de quem frequenta o ambiente.
As cores influenciam, inclusive, nas compras e no desejo das pessoas, elas foram parar até em leis. Em algumas cidades, os supermercados são proibidos de pintarem as paredes da seção de açougue da cor vermelha, pois influencia na percepção da qualidade da carne.
A escolha das cores é também uma forma de jogar com diferentes sensações. A arquiteta sabe que cores quentes como vermelho, laranja e marrom tendem a gerar uma atmosfera acolhedora que estimula mais os sentidos e, por isso, guarda esses recursos para ambientes que necessitam deles. “Já as cores frias como azul, turquesa ou cinza proporcionam mais tranquilidade e promovem o relaxamento”, explica Danielle.
A hora de decidir a cor no projeto
Para fazer a definição da cor (ou das cores) em um ambiente sofisticado, Otsuka toma o cuidado de buscar informações sobre as pessoas que vão frequentar o local. Além disso, é preciso conhecer a finalidade do ambiente, uma cor equivocada pode prejudicar a forma como o ambiente é sentido por todos e gerar expectativas erradas. Depois de entender os objetivos do local, Otsuka parte para a ação: “assim conseguimos saber se podemos ousar, ou se devemos ser mais cautelosos nas escolhas”, adiciona.
Nesse ponto, vale lembrar que “ser ousado” não significa forçosamente optar por usar cores fortes. Usar cores neutras em um ambiente que demandará energia de seus frequentadores é também uma atitude ousada. Por isso a importância de conhecer, conversar, entender o clima que é esperado de cada espaço. A sofisticação pode estar tanto na opção por cores claras, como por cores escuras, a considerar o que será demandado do projeto.
Já a hora de decidir as cores nos ambientes implica em uma certa variação. “Depende muito, geralmente são pensadas na fase dos acabamentos, ou seja, quando já temos o layout definido pelo cliente e partimos para ajustes de cores e definição dos materiais”, conta Danielle, ao mesmo tempo em que acrescenta que já teve clientes que partiram da premissa de uma cor específica de preferência. Em casos como este último, a cor passa a ser o ponto de partida para a definição layout final.
Cores que ornam entre si
Se o cliente tem preferência por uma cor, ou se o ambiente pede uma cor mais quente ou mais fria, nada disso significa que o arquiteto ficará restrito a uma só cor, ou mesmo a uma só escala monocromática. Três tons de azul, dois tons de alaranjado, quatro tons de vermelho. Nada disso é regra!
“Temos estudos a partir do círculo cromático, que possibilitam cinco atmosferas diferentes com as cores, criando diversas relações entre elas, por exemplo, as cores complementares”, relembra Otsuka.
Cores complementares são as que oferecem o maior contraste possível entre si. De acordo com a definição de Michel Eugène Chevreul, no século 19, a cor complementar de uma matriz é aquela que mais absorve seu espectro. Ainda de acordo com Chevreul, cientificamente, pode-se chamar duas cores de complementares quando, no momento em que misturadas, produzirão como resultado a cor preta se estiverem na forma de pigmento e branco se estiverem em forma de luzes.
Para Danielle, “cores que estão em lados opostos no círculo cromático (como roxo e amarelo), quando combinadas, proporcionam vivacidade e energia ao ambiente”. Num disco de cores complementares, uma é situada ao lado oposto da sua complementar. Lá se pode ver que o verde é a cor complementar do magenta, assim como o vermelho do ciano.
Há um teste curioso nesse sentido que qualquer pessoa pode fazer para encontrar a cor complementar a outra. Basta fixar os olhos em uma cor primária por vinte segundos e, logo depois, jogar o olhar para uma superfície branca. Nesse instante, os olhos enxergarão a imagem da cor complementar.
Ainda nessa seara, a discussão sobre as cores leva às cores secundárias, uma vez que somente cores com brilho e saturação completos são consideradas no anel de cores complementares. Nesse caso, cada cor primária teria uma cor secundária formada pela mistura de duas cores primárias, e estas também podem criar boas combinações.
Embora a ciência das cores leve a conclusões muito exatas, o ornamento entre elas também pode ser baseado em percepções. Como no caso da natureza, onde se notam vários tons de verde e marrom em perfeita harmonia, ou o sol e o mar que brincam com o amarelo vivo e o azul intenso.
A escolha das cores e a escolha das texturas
Assim como as cores a textura é capaz de estimular sensações desejáveis como de aconchego, conforto. “A textura pode até mesmo levar ao resgate de memórias”, acrescenta Otsuka.
Por isso, o cuidado na escolha das cores nos ambientes deve ser acompanhado do cuidado na escolha das texturas, dos materiais, dos revestimentos. “Eu adoro especificar porcelanatos nos meus projetos”, conta a arquiteta, “principalmente os da Portobello porque são de ótima qualidade”, indica. Para ela, por serem práticos na limpeza, bonitos e com uma variedade de texturas e cores, fica fácil adequar ao projeto e agradar o cliente.
“A paleta da linha Liverpool, por exemplo, tem uma variação incrível de cores fortes e vibrantes”, recomenda. Otsuka ainda dá uma astúcia para um ambiente sofisticado: “geralmente, as combinações que mais dão certo são quando uso o porcelanato de cor neutra no chão e deixo a brincadeira ficar nas paredes: bem coloridas, sejam elas cores únicas ou uma mistura divertida”.
Depois dessa dica é natural que você queira usar a sua criatividade para escolher as melhores cores nos ambientes e as texturas para o seu projeto. Aproveite e entre em contato com a Portobello para conhecer todas as opções!