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Desmaterialização de Mies van der Rohe gera debate sobre o Modernismo

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29.12.2017
O Pavilhão, obra ícone do movimento moderno, ganha intervenção artística no intuito de oferecer uma experiência antagônica aos visitantes e, acima de tudo, levantar críticas sobre as superfícies brancas.
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O Pavilhão Mies van der Rohe ainda é considerado uma das obras mais influentes da arquitetura moderna. Foi projetado pelo arquiteto alemão de mesmo nome, em 1929, para a Barcelona International Exhibition e está localizado no bairro Montjuic, em Barcelona.

É impressionante que um edifício dos anos 20 até hoje seja exemplo de arquitetura moderna e esteja sempre à frente do seu tempo. Por isso, é visto como a principal obra de Mies. Ele exalta seu ponto auge na Europa e na história da arquitetura, e sempre influenciará gerações de arquitetos.

Mies aplicou livremente suas ideias sobre arquitetura moderna nessa obra, criando um espaço fluído onde o chão da parte exterior do edifício se integra com o interior. Os traçados e estruturas simples são as características principais do profissional e exemplificam seu principal lema: "Less is more".

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Interior do pavilhão onde se vê um dos exemplos do mármore puro e sem revestimentos (Foto: reprodução site Fundació Mies Van Der Rohe Barcelona)

A composição dos materiais também é uma grande protagonista do projeto. O arquiteto faz um jogo com diferentes tons e tipos de mármores, que se destacam atuando junto com painéis de vidro e estruturas metálicas. Materiais completamente honestos, sem nenhum tipo de revestimento por cima.

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Enquadramento da passagem traseira do edifício com vista para a escultura (Foto: Bárbara Cassou)

Dois espelhos d'água completam o espaço, tendo a função de refletir os materiais e as linhas arquitetônicas, além de enquadramentos do edifício com vista para a escultura Der Morgen, de Georg Kolbe.

Entre os móveis do interior está a cadeira Barcelona, que também se tornou ícone do Modernismo.

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Cadeira Barcelona (Foto: reprodução do site Fundació Mies Van Der Rohe Barcelona)

Mas o foco deste post não é falar sobre a obra em si e, sim, da intervenção artística que aconteceu ali no mês novembro.

Desenvolvida por Anna e Eugeni Bach e chamada de Mies Missing Materiality, a ideia principal da intervenção era esconder os materiais do edifício e transformá-lo em uma maquete de escala 1:1.

Do dia 8 ao 15 de novembro, placas brancas foram sendo colocadas, escondendo os materiais pouco a pouco. Do dia 16 ao 27, o edifício estava desmaterializado, criando essa experiência distinta aos visitantes. E no dia 27 e 28, voltou a ser “rematerializado”.

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Pavilhão sendo desmaterializado, no chão ainda se via o mármore (Foto: Bárbara Cassou)

Uma representação que abre portas para diversos debates sobre arquitetura moderna. É atuar sobre as críticas contra o Modernismo, sobre as superfícies brancas. É enfatizar que os materiais são importantes mesmo em uma arquitetura simples. Afinal, os diferentes tipos de matérias-primas contribuem para a nossa percepção do espaço.

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Edifício completamente desmaterializado (Foto: Bárbara Cassou)

Em contrapartida, transformar o Pavilhão em uma maquete é um movimento capaz de exaltar a beleza do edifício, expondo suas linhas e sua arquitetura simplificada.

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Interior do Pavilhão desmaterializado com vista para o exterior também desmaterializado (Foto: Bárbara Cassou)
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Corredor exterior do Pavilhão com acesso à loja de souvenirs, também desmaterializada (Foto: Bárbara Cassou)

O objetivo da instalação era justamente trazer essa homogeneidade, especialmente, em um edifício que é ícone da arquitetura moderna. Dessa forma, os visitantes vivenciaram um verdadeiro paradoxo arquitetônico.

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Grande espelho d'água da parte da frente do Pavilhão, com contraste com as placas brancas da desmaterialização (Foto: Bárbara Cassou)

O Pavilhão Mies van der Rohe leva e ainda levará o legado do arquiteto por muitas gerações. Reflete o espírito inovador de Mies em constante diálogo com o presente.

Instalações artísticas como essa também mantêm vivo o questionamento não só da arquitetura moderna, mas de outras vertentes e estilos. Elas são usadas como referência por arquitetos das novas gerações, que aprendem a desenvolver um pensamento crítico a fim de melhorar cada vez mais a arquitetura do nosso futuro.

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  1. […] design brasileiro dos anos 1950 e 1960 vem sendo celebrado como a última grande descoberta do modernismo no mundo. Mas muito antes dos traços de Joaquim Tenreiro, Sergio Rodrigues ou Geraldo de Barros ganharem […]



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