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Uso de ruas como áreas de lazer em dias e horários específicos é uma das maneiras de aplicar o urbanismo tático (Foto: Naldo Arruda)

Urbanismo tático: o que é, importância e exemplos

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03.06.2024
Entenda como intervenções em ruas, avenidas e calçadas podem levar mais opções de lazer, segurança e qualidade de vida por meio do urbanismo tático
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O urbanismo tático é uma solução cada vez mais comum em cidades que precisam de respostas rápidas aos problemas enfrentados, como a urbanização acelerada e a falta de espaços públicos de qualidade.

Para ouvir o artigo completo, clique no play abaixo:

Por meio do urbanismo tático, a sociedade consegue intervir no espaço em que vive, sem depender exclusivamente do poder público. Portanto, é uma alternativa à lentidão, à burocracia e aos altos valores que envolvem obras públicas. Entenda melhor na sequência.

O que significa urbanismo tático?

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Aproveitamento de vagas de carro como extensão de calçada aumenta área de lazer (Foto: Mark Hogan)

Urbanismo tático é uma abordagem de planejamento urbano que utiliza intervenções que podem ser temporárias, de baixo custo e, geralmente, em pequena escala.

De maneira geral, o objetivo é melhorar o ambiente urbano e testar mudanças no espaço público antes de implementações permanentes.

Essa estratégia permite que cidadãos, urbanistas e autoridades experimentem e avaliem os efeitos das transformações urbanas de maneira prática e imediata.

Entre as principais características do urbanismo tático, destaque para:

  1. Intervenções temporárias: mudanças projetadas com materiais que podem ser facilmente removidos ou alterados. Exemplos incluem a criação de parklets (extensões temporárias de calçadas para criar espaços de convivência), ciclovias pop-up e praças temporárias.
  2. Baixo custo: utiliza materiais acessíveis e soluções econômicas para tornar as intervenções viáveis e escaláveis. Pintura de ruas, mobiliário urbano reaproveitado e sinalização temporária são comumente usados.
  3. Participação comunitária: incentiva a participação ativa da comunidade local no processo de planejamento e implementação. Portanto, promove o engajamento e a co-criação do espaço urbano.
  4. Testes e ajustes: mudanças são feitas com base no feedback dos usuários e na observação do uso real do espaço. Isso ajuda a identificar problemas e ajustar as intervenções antes de se comprometer com mudanças permanentes.
  5. Rápida implementação: isso traz benefícios imediatos, respondendo de forma ágil às necessidades da comunidade.

Entenda como surgiu o urbanismo tático

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Hortas e jardins comunitários são exemplos de aplicação do urbanismo tático (Foto: Philip Mallis)

O conceito de urbanismo tático não pode ser atribuído a uma única pessoa ou entidade. Afinal, foi popularizado e desenvolvido por vários grupos e pensadores ao longo do tempo.

No entanto, o termo "urbanismo tático" ganhou destaque significativo graças ao trabalho do coletivo norte-americano The Street Plans Collaborative, fundado por Mike Lydon e Anthony Garcia.

Ambos são autores do livro "Tactical Urbanism: Short-Term Action for Long-Term Change" (Urbanismo Tático: Ação de Curto Prazo para Mudança de Longo Prazo), publicado em 2015.

Esse livro e suas publicações anteriores consolidaram a prática do urbanismo tático e inspiraram cidades e comunidades ao redor do mundo a adotar essa abordagem.

O conceito de urbanismo tático é uma evolução de práticas urbanas mais antigas, como as intervenções urbanas feitas por comunidades, além das táticas de guerrilha urbana, que têm sido usadas por ativistas e planejadores urbanos por décadas.

A diferença está na formalização e na estruturação das práticas de urbanismo tático como um método reconhecido de planejamento urbano.

Portanto, enquanto The Street Plans Collaborative e seus fundadores desempenharam um papel crucial na definição e popularização do urbanismo tático, a abordagem em si é o resultado de contribuições coletivas de muitos urbanistas, ativistas e comunidades que buscaram maneiras inovadoras de melhorar o ambiente urbano de forma participativa e eficaz.

Leia também:

Quais são as cinco funções fundamentais do urbanismo?

urbanismo tático
Ciclovia e cruzamento com intervenções que ajudam a proteger pedestres e ciclistas (Foto: Nickfalbo)

O urbanismo tático nada mais é do que uma vertente do urbanismo clássico como conhecemos.

Portanto, é importante ter em mente, também, as cinco funções fundamentais do urbanismo. Conforme a teoria clássica de planejamento urbano, elas incluem:

  1. Habitação: garantir que todos os cidadãos tenham acesso a moradias adequadas. Isso inclui a criação e manutenção de habitações que sejam acessíveis, seguras, e que proporcionem qualidade de vida.
  2. Trabalho: facilitar o acesso a oportunidades de emprego e a promoção do desenvolvimento econômico. Isso envolve a inclusão de áreas para atividades comerciais, industriais e de serviços. Além de garantir a infraestrutura necessária para o funcionamento eficiente dessas áreas.
  3. Lazer: prover espaços públicos e instalações para atividades recreativas e culturais. Parques, praças, centros culturais, áreas esportivas e outros espaços de lazer são essenciais para o bem-estar físico e mental da população.
  4. Mobilidade: assegurar a existência de um sistema de transporte eficiente, seguro e sustentável. Isso inclui o planejamento de ruas, avenidas, ciclovias, calçadas, sistemas de transporte público e outras infraestruturas que facilitem a mobilidade urbana.
  5. Serviços públicos: fornecer infraestrutura e serviços básicos, como água, saneamento, eletricidade, saúde e educação. O urbanismo deve garantir que esses serviços sejam distribuídos de maneira equitativa e eficiente por toda a cidade.

Como o urbanismo tático funciona na prática?

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Em São Francisco, nos Estados Unidos, parklets ampliam área da calçada (Foto: Paul Krueger)

Ao longo do texto, vimos alguns exemplos de como o urbanismo tático pode ser aplicado, usando a criatividade para solucionar desafios e problemas urbanos específicos. Ou ainda como forma de revitalização urbana.

Portanto, é possível usar espaços subutilizados ou abandonados para outros fins, como é o caso de estacionamentos. Dá ainda para fazer pinturas em faixas de pedestres, meio-fio, áreas de lazer e praças, por exemplo.

A instalação de mobiliário urbano também é um bom exemplo. Bancos e mesas podem tornar úteis espaços que antes estavam abandonados. Além disso, é possível criar jardins comunitários, ou ainda criar eventos e feiras em espaços ociosos.

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Em Bogotá, Colômbia, ruas ganharam pinturas e murais para revitalizar áreas (Foto: Pedro Szekely)

Para tangibilizar o urbanismo tático, separamos alguns exemplos reais. Confira:

  1. Parklets em São Francisco (Estados Unidos): vagas de estacionamento dão lugar a pequenas áreas públicas. Elas podem incluir assentos, vegetação e espaço para convivência.
  2. Praças temporárias em Nova York (Estados Unidos): em 2009, o então prefeito da cidade, Michael Bloomberg, fechou parte da Avenida Broadway para instalar praças temporárias. A ideia era aumentar a segurança dos pedestres e reduzir o congestionamento de veículos. Nesse caso, o urbanismo tático deu certo, e em 2010 elas se tornaram permanentes entre as avenidas 42 e 47.
  3. Intervenções de pintura de rua em Bogotá (Colômbia): pintura de murais e padrões coloridos em ruas e calçadas para criar um ambiente mais vibrante e seguro.
  4. Programa Ruas Abertas em São Paulo: solução que chegou para tornar a cidade mais “divertida, humana e sustentável”. Essa foi uma conquista da sociedade, que levou ao fechamento de ruas para veículos durante certos dias e horários. Com uso exclusivo para pedestres, ciclistas e atividades de recreação, amplia as possibilidades dos espaços de lazer.

Agora que você já sabe mais sobre o urbanismo tático, que tal continuar aprofundando seus conhecimentos? Descubra como a arquitetura e o urbanismo podem ser ferramentas de inclusão social!

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