Rococó: o exagero em projetos de arquitetura e decoração
O rococó chegou ao Brasil com a utilização da cerâmica como revestimento para a fachada das obras arquitetônicas litorâneas.
Trata-se de um estilo que foi desenvolvido a partir do modo de vida da aristocracia europeia, sendo requintado e hedonista. Une os detalhes decorativos do barroco e o equilíbrio ornamental do neoclássico.
Acompanhe este conteúdo para descobrir as principais características do rococó e entender como utilizá-lo na decoração contemporânea!
Contexto histórico do estilo rococó
Os estilos artísticos, arquitetônicos e decorativos são divididos em períodos históricos por questões didáticas, com o intuito de facilitar a análise de suas características.
Na prática, eles não ocorreram de forma tão segmentada e, inclusive, muitos coexistiram em momentos de transição.
É interessante notar também que quando surge um novo estilo, esse tende a apresentar características quase opostas ao anterior.
Os diversos períodos artísticos surgiram a partir dos anseios sociais de suas épocas, refletindo a geografia, política e cultura de diferentes povos.
Dessa forma, para compreender melhor uma determinada época, é interessante se situar em relação aos períodos imediatamente anterior e posterior.
O rococó é um estilo decorativo que precedeu o barroco e antecedeu o neoclássico. Veja, a seguir, as principais características desses dois.
- barroco: surgiu no século XVI e durou até meados do século XVIII. Dramaticidade; fascínio pelas dores humanas; morbidez; religiosidade; sentimento de culpa; ambientes escuros, mal iluminados e com muita sombra; ornamentação excessiva; e vasto uso da madeira como revestimento para pisos;
- neoclássico: surgiu no século XVIII e permaneceu até meados do século XIX. Influenciado pelo iluminismo (Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade); ambientes claros; racionalismo; academicismo; inspirado na arte clássica greco-romana; sobriedade, harmonia e beleza estética.
A leveza e elegância do rococó
O rococó é um estilo artístico que surgiu na França em 1720 e durou até 1770. Ele influenciou a arquitetura, a decoração, a pintura, a música, o teatro e as esculturas.
A palavra "rococó" vem do francês rocaille, que significa "concha", um elemento formal muito presente de forma estilizada no estilo.
O estilo mantém algumas das características do barroco e começa a apresentar algumas das peculiaridades que viriam a caracterizar o neoclássico.
Esse foi um período social turbulento na Europa, com a Revolução Industrial, em 1760, e a Revolução Francesa, em 1789. Essa é considerada uma transição do período das trevas para a época das luzes.
O rococó é um estilo que reflete o pensamento da aristocracia francesa da época, que acreditava ter encontrado o equilíbrio entre razão e fé. Esteve muito presente na decoração de interiores.
Assim, o rococó é um estilo palaciano, com forte presença de detalhes em ouro, formas curvas e elementos decorativos (flores, laços e conchas).
Exuberante, o rococó substituiu as cores vivas do barroco por tons pastel, tornando a decoração mais leve e delicada.
A presença de grandes janelas, em ambientes com pé-direito alto, permite a entrada de iluminação e traz mais ventilação para os espaços.
Os traços são leves, as texturas são lisas, os quadros são utilizados em tamanhos menores e a elegância substitui o sentimento visceral de inspiração popular.
Arquitetura e design rococó
O rococó não intervém na estrutura arquitetônica das edificações, que se mantém barroca ou renascentista.
As fachadas rococós tendem a um barroco simplificado ou a um renascimento clássico italiano com alguns elementos decorativos.
Como já mencionamos, o estilo decorativo foi vastamente empregado na decoração de interiores, muitas vezes com salões em formatos ovais.
As paredes são decoradas com pinturas em cores suaves, grandes espelhos em molduras douradas, elementos florais femininos e representações cotidianas.
O estuque — argamassa obtida pela mistura de cal, pó de mármore, gesso e água — foi muito utilizado para decorar tetos e paredes.
O mobiliário rococó é caracterizado por cômodas, escrivaninhas e poltronas com detalhes dourados. Em cima, eram colocados bibelôs de prata e porcelana.
Também estavam presentes grandes relógios de parede, tapetes e objetos decorativos em biscuit, um tipo especial de porcelana não vidrada, utilizada para produzir pequenas esculturas.
Ainda em termos de mobiliário, o estilo Luís XV se desenvolveu na França entre 1730 e 1760, com linhas fluidas, orgânicas, graciosas e ornamentais. É um símbolo do rococó, estilo próprio de uma elite ávida por alegria, convívio social e contato com a natureza.
O rococó brasileiro
Em 1808, D. João VI abriu os portos brasileiros ao comércio exterior. Com isso, começaram a chegar azulejos para revestir a fachada das edificações.
Esses azulejos chegaram a cidades litorâneas como São Luís, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife para proteger as casas da umidade. O Brasil importava as peças de países como Holanda, Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha e Espanha.
Esse uso foi inspirado no azulejo rococó de Portugal, que já apresentava características de industrialização, como espessura do biscoito reduzida, vidrado liso, decoração estampada ou decalcada e dimensões padronizadas.
O rococó estava presente no padrão estético de painéis azulejados em cores como amarelo, verde e violeta. As molduras, em dourado, eram assimétricas, com motivos florais e cenas bucólicas.
O Brasil foi o único lugar do mundo em que o rococó manteve a característica religiosa do barroco.
São expoentes brasileiros desse estilo:
- Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho): escultor, entalhador, carpinteiro e arquiteto nascido em Ouro Preto (MG);
- Francisco Xavier de Brito: entalhador e escultor português que viveu em Ouro Preto;
- Manuel da Costa Ataíde (Mestre Ataíde): pintor nascido em Mariana (MG).
O rococó como inspiração para projetos contemporâneos
O estilo rococó é um clássico decorativo facilmente reproduzível nos dias atuais. No entanto, é preciso tomar cuidado com os exageros.
Elementos
Veja, a seguir, as características do rococó que não podem faltar.
Dourado e luxo
Use acabamentos dourados em molduras de quadros, cabeceiras de camas, puxadores, pés de poltronas, lustres, maçanetas, misturadores e torneiras de pia.
Elementos decorativos dourados também são uma excelente opção, como almofadas; sousplats para mesas de jantar; pratos; talheres; taças; e copos.
Materiais e acabamentos nobres
Mármore carrara e granito preto absoluto são bons exemplos. Em projetos contemporâneos, dê preferência a materiais que reproduzem essas pedras, como o porcelanato.
Lembre-se de que o rococó é um estilo da aristocracia, que fazia questão de demonstrar a sua riqueza a partir da decoração.
Projetos luminotécnicos podem valorizar e destacar peças, criando um ambiente ainda mais diferenciado e confortável.
Janelas amplas
Espaços bem ventilados e iluminados são uma marca do rococó. O uso de vitrais, trazendo cores suaves para os espaços e trabalhando texturas e opacidades de diferentes tipos de vidros, cria uma dança da luz solar dentro do espaço ao longo do dia.
Traços leves e formas orgânicas
Opte por formas mais arredondadas para o mobiliário (mesas, sofás, cadeiras, mesas de centro etc) e para os detalhes decorativos (relógios de parede, espelhos, quadros etc).
O rococó também propõe uma proximidade maior com a natureza, sendo interessante a presença de plantas nos ambientes.
Fontes em jardins
Em termos de paisagismo, utilizar fontes é uma das características do rococó.
Essas esculturas tornam o ambiente mais luxuoso e trabalham a presença da água, aproximando as pessoas da natureza.
Nos jardins também são comuns os murais de azulejo em tons de azul, amarelo, verde e lilás. As fontes apoiadas em paredes são comumente revestidas por esses materiais.
Novamente, o porcelanato se apresenta como uma alternativa para um projeto contemporâneo que reúne tradição, beleza, tecnologia e praticidade.
Estilos
Para decorar um ambiente tendo essa inspiração, é interessante escolher como base um estilo contemporâneo minimalista e optar por móveis e objetos decorativos do rococó.
Seguem alguns exemplos.
Estilo escandinavo
Ideal para quem quer desacelerar e levar uma vida mais simples, esse é o estilo decorativo dos países nórdicos. As cores são claras, com grandes janelas e muita entrada de luz.
Para trazer um pouco do rococó, invista em pontos de destaque, como cadeiras no estilo Luís XV e quadros com molduras douradas.
Estilo internacional
Surgido na década de 1920, é caracterizado pelo vasto uso de esquadrias metálicas e vidro.
Dessa forma, a luz natural inunda as casas, integrando os ambientes internos e externos e trazendo a natureza para dentro dos lares.
Em termos de paisagismo, a inspiração rococó se faz pela presença de fontes neoclássicas e belos painéis revestidos em azulejo.
Essas cerâmicas podem retratar cenas mitológicas com tons de azul e dourado.
Ao empregar traços do estilo rococó em seu lar, o ambiente se torna esteticamente equilibrado sem perder o charme de detalhes inspiradores.
Gostou de revisitar a história do rococó? Então, veja mais conteúdos sobre história da arte: conheça os principais trabalhos de Christo e Jeanne-Claude!
Foto destaque: O Palácio Nacional de Queluz, em Portugal, é um famoso exemplo do estilo rococó (Foto: Pedro)
qual o nome da pessoa que escreveu o artigo? gostaria de referenciar em um trabalho
Olá, Tatyane,
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Abraços,
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Achei também sensacional o texto, também irei usar e referênciar o site, obrigado pelo trabalho, 👏🏻👏🏻👏🏻
Muito se usa hoje da tendência rococó.
sim gostei bastante
Ouro preto é a prova viva do rococó. Não deixem de visitar as igrejas,também a casa que viveu o pai de Aleijadinho