03.08.2023
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Parte do grupo de arquitetas e arquitetos negros presentes no evento Foto: Grupo Arquitetas Negras

Fomento à Arquitetura Afro Brasileira

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03.08.2023
As arquitetas Carol Bernardo e Tamires de Alcântara, da Beiral Arquitetura, participaram do lançamento do Instituto de Fomento à Arquitetura Afro Brasileira, que apoia pesquisas científicas e produção de conhecimento de arquitetura e urbanismo a partir de uma perspectiva afrocentrada
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Voltar a São Paulo é sempre uma catarse. Um misto de sentimentos, uma sensação de liberdade e contentamento. Dizemos isso porque nossas últimas idas à capital paulista têm sido regadas de bons encontros e trocas. O livro presente na estante da sala não nos deixa esquecer de que há quatro anos desembarcamos para o primeiro encontro de Arquitetas Negras. O início de uma rede que nos guiou até aqui.

Para ouvir o artigo completo, clique no play abaixo:

Mês passado, a convite da arquiteta Gab de Matos, retornamos para presenciar o lançamento do Instituto de Fomento à Arquitetura Afro Brasileira. Dois dias de evento com pessoas que acompanhamos constantemente. Um final de semana com gosto de reencontro.

Estávamos entre os nossos!

O Instituto nasce após cinco anos da criação do Projeto Arquitetas Negras, que identificou e conectou a existência, atuação e o conhecimento de profissionais em todo o Brasil e colocou em debate questões de raça, classe e gênero que atravessam o campo arquitetônico. 

A curadoria das atividades é aparelhada pela arquiteta Gab de Matos, juntamente com Audrey Carolini e Thamires Mendes, sócias do escritório de arquitetura e design ArqTab, Kaísa Isabel da Silva Santos, vice-presidente do IAB-SP, Sheroll Martins Silva, da Diretoria de Relações Institucionais e Parcerias do IAB-SP, e Vilma Patrícia, arquiteta e mestre pela Universidade Federal da Bahia.

Gab de Matos participa do Archtrends Summit!

“Entendemos que a expertise acumulada em meia década de articulação, isto é, as experiências, as pesquisas e dados mapeados nos capacitam para enfrentamentos e proposições de magnitudes diferentes, onde o modelo institucional se faz necessário para novos avanços em prol do fortalecimento da arquitetura afro brasileira enquanto campo. Além disso, apresentaremos a possibilidade de uma produção de arquitetura que atenda a sociedade brasileira e que tenha o país refletido em suas bases.” @arquitetasnegras

O Instituto visa a consolidação do campo da Arquitetura Afro Brasileira, pouquíssimo evidenciado, apoiando pesquisas científicas e produção de conhecimento de arquitetura e urbanismo a partir de uma perspectiva afrocentrada.

Que momento fantástico para se estar presente. Estivemos!

Ao dizer que estivemos presentes, queremos dizer que vivemos inteiramente aquele momento, cientes da importância do que acontecia ali. Em se tratando de eventos de arquitetura, poucos são os que nos representam, raríssimas são as oportunidades de estar entre tantos profissionais negros, conversando sobre arquitetura e cidade, honrando e refletindo o passado e construindo o futuro. Pessoas com idades, gêneros, trajetórias e territórios diferentes, tendo a raça como fator que aproxima nossas vivências e nos traz muitas experiências comuns.

Nos dois dias do evento, que ocorreu durante o FestA! - Festival do Aprender, no Sesc Pompeia, quatro mesas de conversa foram o centro das atenções. Temas fundamentais na idealização do grupo e das pautas, que traz consigo representantes das mais diversas áreas da arquitetura.

A primeira mesa, Sem folha não tem nada, com as arquitetas Gab de Matos e Tainá de Paula, refletiu sobre as cosmologias presentes da população negra que estão relacionadas com a produção de arquitetura e de cidade, para pensar possibilidades de atravessamentos em demandas do presente e do futuro.

Mesa Sem folha não tem nada, com Gab de Matos e Tainá de Paula
Foto: Arquivo - Beiral Estúdio de Arquitetura

A mesa dois, Novas perspectivas, práticas e abordagens na produção de projetos de arquitetura, além da participação de Gab de Matos, contou com a fala da arquiteta Vilma Patrícia e Lúcio Ventania, mestre bambuzeiro e construtor. Discutiu-se o entendimento do conhecimento ancestral como chave para várias questões urgentes do nosso cotidiano. Trazendo à luz teorias e práticas que apresentam uma outra forma de produção de arquitetura, que são mais respeitosas com a natureza e com o meio social no qual estão inseridas.

Mesa Novas perspectivas, práticas e abordagens na produção de projetos de arquitetura, com Gab de Matos, Lúcio Ventania e Vilma Patrícia
Foto: Arquivo - Beiral Estúdio de Arquitetura

No segundo dia de evento aconteceram outras duas mesas. A primeira, Desafios do mercado de arquitetura, com Anderson Coelho (Somos Lares), Carol Bernardo (Beiral Estúdio) e Audrey Carolini (ArqTab). Anderson, do mercado imobiliário, Carol e Audrey, arquitetas, expuseram os desafios para que os profissionais negros acessem o mercado de arquitetura de forma justa. Pensando pelo ponto de vista de quem constrói para ele e de quem vende, para entender como o racismo e o capitalismo incidem neste campo a fim de criar juntos possibilidades de posicionamento.

Mesa Desafios do mercado de arquitetura, com Audrey Carolini, Anderson Coelho e Carol Bernardo
Foto: Arquivo - Beiral Estúdio de Arquitetura

Na mesa seguinte, o encerramento e lançamento do Instituto de Fomento à Arquitetura Afro Brasileira, composta por Fábio Velame, arquiteto e professor doutor pela Universidade Federal da Bahia, Henrique Cunha, engenheiro, sociólogo, historiador e pesquisador ativista do movimento negro brasileiro, Gab de Matos e Kaísa Isabel. 

Mesa Lançamento do Instituto de Fomento à Arquitetura Afro-Brasileira, com Gab de Matos, Henrique Cunha, Kaísa Isabel e Fábio Velame
Foto: Arquivo - Beiral Estúdio de Arquitetura

Os integrantes reforçaram a necessidade de nos unirmos enquanto grupo, não deixando de enxergar intersecções que perpassam nossos corpos de formas diferentes na cidade, assim como no campo da arquitetura e do urbanismo, mas como entendimento essencial que somente as atravessaremos se estivermos aquilombados enquanto comunidade.

Se engana quem pensa que a arquitetura afro-brasileira tem uma cara só. Somos diversos, estamos pensando e fazendo arquitetura em muitos campos, com técnicas, estética e processos criativos diversos, e não é de hoje. A arquitetura brasileira foi construída por mãos negras, mas não somente isso, ela foi viabilizada por técnicas e conhecimentos trazidos de África.

Aprofundar os conhecimentos sobre a Arquitetura Afro Brasileira é permitir que a população negra conheça toda a sabedoria de seus ancestrais, é encontrar caminhos para os problemas atuais e é, também, a maneira de construir coletivamente um futuro mais respeitoso com o planeta.

Compartilhar vivências, encontrar semelhanças, ser parte da escuta e acolhimento. Voltamos renovadas e certas do caminho que estamos trilhando. A estrutura está sendo movimentada e é só o começo! 

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  1. Gostaria de receber mais conteúdos sobre os assuntos vistos no encontro,pois tenho pouco material e conhecimento destes assuntos,sou arquiteto negro aqui no sul do país.Aguardo .Obrigado.

    1. Olá, Paulo,

      Recebemos sua sugestão e repassamos às colunistas. Agradecemos o interesse!

      Grande abraço,
      Equipe Archtrends



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