Modernismo brasileiro: conheça características e arquitetos principais
A valorização da cultura brasileira, o rompimento com as tradições e a liberdade criativa são algumas das características do modernismo brasileiro, que foi marcado pela Semana de Arte Moderna de 22.
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Além de influenciar as artes plásticas, a literatura e a música, o movimento transformou a visão da arquitetura na época.
Novas técnicas, formas e materiais passaram a ser usados para projetar edificações que romperam com a arquitetura convencional.
Continue a leitura para conhecer as características da arquitetura modernista e os seus principais expoentes!
O que foi o modernismo brasileiro?
O modernismo brasileiro foi um amplo movimento artístico-cultural que surgiu na primeira metade do século XX.
A partir de um novo modo de criar, desafiando tradições e buscando liberdade, os artistas começaram a valorizar a cultura brasileira.
E conseguiram produzir fortes impactos, não apenas nas artes plásticas e na literatura, como também na arquitetura e em todos os campos permeados pelas artes.
Teve como marco simbólico a Semana de Arte Moderna de 22, um evento realizado no Teatro Municipal de São Paulo e idealizado por artistas e intelectuais brasileiros.
Conhecido como Grupo dos Cinco, o grupo era formado por Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de Andrade.
Juntos, os artistas organizaram o evento que rompeu com as tradições e correntes literárias presentes até então.
Eles tinham como propósito defender uma nova visão estética e propor um novo estilo para pinturas, esculturas, música e literatura.
Pode-se dizer que o modernismo brasileiro nasceu como reflexo do contato que os artistas da época tiveram com as vanguardas europeias.
Desde então, a visão sobre a cultura brasileira nunca mais foi a mesma.
A Semana de 22 reuniu trabalhos de pintores, escultores, escritores, músicos e arquitetos que propunham uma arte original, com a cara do Brasil, revelando as heranças coloniais.
Esse rompimento com as tradições não agradou boa parte da imprensa, dos críticos e dos intelectuais da época.
No entanto, vemos os reflexos do modernismo brasileiro até hoje. A busca pela liberdade estética e as temáticas que abordam a identidade nacional são, desde então, exploradas por artistas.
Qual é a relação do modernismo brasileiro com a arquitetura?
Seja qual for o momento histórico, as artes e a arquitetura caminham lado a lado. Portanto, não foi diferente no caso do modernismo brasileiro.
Da mesma maneira que os artistas, os arquitetos modernistas criavam obras críticas, sobretudo em relação às desigualdades sociais.
Tanto é que os projetos tinham características que buscavam justamente fomentar a igualdade, como:
- as fachadas abertas para democratizar os espaços;
- os ambientes integrados que interagem entre si;
- o uso de pilotis no lugar de paredes estruturais para facilitar a circulação.
Os arquitetos brasileiros foram muito influenciados por Le Corbusier, arquiteto e intelectual franco-suíço que via a arquitetura como ferramenta social e de planejamento urbano.
Também beberam na fonte da Bauhaus, o que explica outras características da arquitetura modernista: valorização das formas geométricas, da funcionalidade, das janelas amplas etc.
Pensando na simplicidade e na utilidade, as construções trocaram o reboco e a pintura pelo concreto aparente. E, para tornar a estética mais leve, também usaram materiais como vidro e aço.
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Quais foram os principais nomes da arquitetura modernista brasileira?
Veja, a seguir, alguns dos principais expoentes do modernismo brasileiro na arquitetura e as suas grandes obras.
Lúcio Costa
Lúcio Costa foi um arquiteto e urbanista brasileiro que ficou conhecido como idealizador de Brasília, responsável por colocar o plano piloto da capital federal no papel. Ele começou a se interessar pela arquitetura modernista no final da década de 1920.
Alguns anos depois, no posto de diretor da Escola Nacional de Belas Artes, conheceu Oscar Niemeyer, seu futuro parceiro de trabalho. Juntos, eles desenvolveram projetos importantes além de Brasília, como o Palácio Gustavo Capanema.
Costa também teve a oportunidade de trabalhar ao lado de Le Corbusier no Projeto da Casa do Brasil, na Cité Internationale Universitaire de Paris.
Oscar Niemeyer
Não é por acaso que Oscar Niemeyer é considerado um dos principais arquitetos modernistas do mundo. Desde o início de sua carreira, teve uma relação muito próxima com o modernismo.
Mas foi em 1943, com o projeto do Conjunto da Pampulha, que ele começou a escrever seu nome na história da arquitetura.
Ao mesmo tempo em que revela uma inspiração corbusiana, a criação expressa características que se tornaram típicas do trabalho de Niemeyer.
Com seus mais de 600 projetos, ele chamou atenção do mundo com edifícios com curvas, formas e equilíbrios inesperados.
Paulo Mendes da Rocha
Paulo Mendes da Rocha é mais um dos grandes representantes da arquitetura modernista brasileira.
Os edifícios projetados pelo arquiteto têm planos e linhas simples, formas sólidas, nada de ornamentos. E foram construídos, principalmente, com concreto armado e aço.
Entre as suas obras mais famosas estão a Casa Butantã, onde ele viveu com a família por quase 30 anos, o pórtico da Praça do Patriarca e o Edifício Guaimbê.
O último grande projeto de Mendes da Rocha foi o Sesc 24 de Maio, um prédio com paredes de vidro, sustentadas por estruturas de ferro, que formam um mosaico.
Roberto Burle Marx
Roberto Burle Marx, além de arquiteto, foi um grande paisagista e artista plástico brasileiro com obras espalhadas pelo mundo inteiro.
Seu interesse pelas plantas, sua versatilidade e o contato desde cedo com as artes fizeram com que ele desenvolvesse uma visão singular das paisagens.
Um de seus projetos mais famosos é o calçadão de Copacabana, composto por mosaicos de pedras que criam um diálogo com as ondas do mar.
Lina Bo Bardi
Lina Bo Bardi foi a arquiteta responsável por projetar algumas das obras consideradas ícones da arquitetura moderna.
O Museu de Arte de São Paulo (MASP), o Sesc Pompeia, a Casa de Vidro, o Solar do Unhão, a Ladeira da Misericórdia e o Teatro Oficina estão entre os projetos que mais se destacaram no mundo.
A estética moderna se revela pelo uso do concreto e de paredes de vidro, assim como pela presença de vãos livres e espaços abertos.
Affonso Eduardo Reidy
O arquiteto Affonso Eduardo Reidy foi uma personalidade muito influente no modernismo carioca.
Teve a oportunidade de trabalhar com grandes arquitetos, como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Gregori Warchavchik, o que contribuiu para o seu olhar modernista das construções e das cidades.
Sua trajetória ficou marcada principalmente pelo Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, pelo Conjunto Residencial Pedregulho, pelo Minhocão da Gávea e pelo Aterro do Flamengo.
Vilanova Artigas
Vilanova Artigas também integra esse grupo de arquitetos modernistas que fizeram história no Brasil.
Enquanto professor da Universidade de São Paulo (USP), ajudou a fundar a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), cujo prédio foi projetado por ele.
Suas obras se caracterizavam por enfatizar técnicas construtivas, valorizar estruturas e usar o concreto armado de forma visível.
Gregori Warchavchik
Nascido na Ucrânia, Gregori Warchavchik chegou ao Brasil apenas um ano após a Semana de 22 e frequentou os encontros do movimento.
Warchavchik foi um pioneiro da arquitetura modernista, desenvolvendo projetos que rompiam com as regras de equilíbrio e proporção clássicas.
O arquiteto projetou a Casa Modernista da Rua Santa Cruz, a primeira do estilo no Brasil. Também ficou conhecido pelo Edifício Mina Klabin e pelo Edifício Cícero Prado.
Oswaldo Bratke
Oswaldo Bratke transformou a estética das construções residenciais a partir de sua visão modernista e da busca constante por soluções não convencionais.
Só em São Paulo, desenvolveu mais de 500 casas com seu amigo e sócio Carlos Botti. Mas sua linguagem moderna ganhou força com os projetos urbanísticos que realizou em Campos do Jordão e São Vicente.
Além disso, Bratke foi o responsável por projetar o Edifício ABC, um dos primeiros prédios de São Paulo com fachada de vidro.
Rino Levi
Antes mesmo de se formar, Rino Levi já pensava na necessidade de o Brasil desenvolver uma arquitetura mais moderna.
Em 1925, ele escreveu um artigo para O Estado de São Paulo que é considerado uma das primeiras manifestações da arquitetura moderna brasileira.
Embora tenha falecido cedo, deixou um legado importante por meio de suas obras.
Levi projetou o Cine Art-Palácio, um dos primeiros cinemas do Brasil; o Instituto Sedes Sapientiae; o Teatro Cultura Artística; e o Hospital Albert Einstein.
Conheça o revestimento com identidade brasileira para projetos de inspiração modernista
A linha Modernistas da Portobello traz um novo tipo de revestimento, que reproduz concreto com formas de madeira.
Por meio de uma linguagem com identidade brasileira, o produto dialoga intimamente com a proposta da arquitetura modernista.
Além da opção em concreto natural, você encontra superfícies pigmentadas (Terracotta, Off white e Carbone), todas nos formatos 8x120 cm e 12x100 cm.
Elas podem ser usadas tanto em projetos internos quanto em fachadas que pedem por revestimentos com uma estética moderna.
Esse é um exemplo de como o modernismo brasileiro continua potente, influenciando esteticamente a arquitetura e o design contemporâneos.
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