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Lara Kaiser
A arquiteta Lara Kaiser é a convidada do Archtrends Podcast e compartilha seus conhecimentos sobre arquitetura hospitalar

Lara Kaiser, da Perkins&Will, fala sobre arquitetura hospitalar no Archtrends Podcast

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29.03.2024
Conheça mais sobre a arquiteta Lara Kaiser, sócia do escritório global Perkins&Will, além da sua atuação no mercado da arquitetura hospitalar e sua opinião sobre representatividade feminina
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Neste episódio do Archtrends Podcast, Maria Silvia Ferraz, editora do Archtrends, e Fernando Mungioli, jornalista e editor da revista PROJETO, entrevistam a arquiteta e urbanista Lara Kaiser, 

A conversa entre os três está repleta de informações sobre arquitetura hospitalar e sobre a gestão de escritórios de arquitetura. 

Nossa convidada também falou sobre projetos executados e em execução do escritório Perkins&Will em São Paulo. Atualmente Lara é sócia, diretora de operações e responsável pelo departamento de Healthcare do escritório no Brasil.

Lara Kaiser fala sobre gestão e arquitetura hospitalar no Archtrends Podcast

Você pode conferir o episódio completo no vídeo abaixo:

O encontro de Lara com a Perkins&Will

Lara Kaiser começa sua entrevista compartilhando conosco informações sobre o escritório de arquitetura Perkins&Will. 

O escritório do Brasil, do qual Lara é sócia, é um dos 10 localizados fora dos Estados Unidos e o único na América Latina. "A Perkins&Will é uma empresa global, que tem 30 escritórios espalhados ao redor do mundo. Muitos deles dentro dos Estados Unidos. Fora dos Estados Unidos são 10", disse a arquiteta. 

A multiplicidade de olhares é um dos diferenciais da empresa, possibilitado por sua presença global. 

Sobre este aspecto, Lara nos conta que "[...] é interessante a multidisciplinaridade e o olhar dos arquitetos através das suas experiências em países diferentes. E isso, em conjunto com as demais experiências, traz um diferencial para nossos projetos".

Segundo a sócia do escritório, "não há o que a gente não faça. Com certeza, entre os quase três mil arquitetos que a gente tem, alguém terá capacidade de atender as necessidades do cliente". 

E, na fala da convidada, é possível perceber que estas características do negócio são fortalecidas pelo incentivo à pesquisa e à inovação que existe na Perkins&Will. 

Fazer um escritório global funcionar demanda que os arquitetos tenham muito senso de responsabilidade. Nos escritórios espalhados pelo mundo, os funcionários são incentivados a trabalhar a horizontalidade e a lidar com a descentralização. Aspectos que fazem parte do DNA da marca global.

Entrada no mercado brasileiro

A sócia revela que o crescimento da Perkins&Will se dá por meio da aquisição de escritórios já consolidados e atuantes. Uma atuação diferente de outros escritórios, que abrem novas filiais. 

As aquisições, destaca Lara Kaiser, funcionam como uma maneira da empresa global entender o funcionamento da cultura local. 

Ela nos diz que são adquiridos os "[...] escritórios que já têm história, que já têm know-how naquele país. Isto traz pra gente designers que já são reconhecidos, e foi assim que aconteceu em São Paulo".

No Brasil há 12 anos, a empresa adquiriu o escritório Rocco, Vidal + arquitetos e manteve no seu quadro o arquiteto Fernando Vidal. Lara revela que São Paulo foi uma escolha estratégica da empresa, por sua posição privilegiada na América Latina. 

Há ainda uma preocupação do escritório em ser reconhecido pela qualidade do design aliada à responsabilidade. Para isto, os escritórios adquiridos passam por uma adaptação aos processos globais da empresa.

Leia também:

A entrada de Lara Kaiser na Perkins&Will

Kaiser revela que a área da saúde sempre a encantou dentro da arquitetura. E os projetos de arquitetura hospitalar estão no DNA da Perkins&Will.

A trajetória da arquiteta, com foco na área da saúde, começou no Brasil. Durante a sua formação, Lara se mudou para a Europa em busca de especializações na área de arquitetura hospitalar.

Foram 10 anos trabalhando com arquitetura hospitalar na Europa e observando como os projetos hospitalares eram feitos no continente. Um dos pontos que a arquiteta destaca ter aprendido é que bom design não necessariamente está atrelado a altos custos. 

Em 2012, Lara Kaiser voltou para o Brasil e por aqui liderou, durante três anos, a filial de um escritório londrino. Quando a parceria acabou, a Perkins&Will começava a se instalar no Brasil. 

Lara passou a integrar o time do escritório norte-americano como Diretora de Operações, e seu primeiro projeto foi do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein.

Autonomia e colaboração na criação

A diretora de operações da Perkins&Will fala sobre dois aspectos fundamentais da cultura da empresa, a autonomia e a colaboração.

Dentro da empresa, estes aspectos podem ser observados em todas as etapas de concepção dos projetos. O compartilhamento e as trocas fazem parte do cotidiano, envolvendo todos os quase três mil arquitetos do escritório.

A concepção dos projetos é colaborativa. Conforme a necessidade, profissionais de diferentes localidades são convidados a opinarem e colaborarem com os projetos.

Esta é uma maneira de trazer diferentes visões sobre um problema e garantir as melhores soluções para o cliente. 

Da colaboração nascem ideias mais criativas e ousadas, mas ela deve ocorrer com uma participação e mediação ativa da gestão. É preciso um olhar que garanta a correta aplicação desses valores.

A relação entre gestão e criatividade

Lara Kaiser comenta a importância de um olhar voltado para a gestão nos escritórios de arquitetura. A arquiteta entende que esta é uma carência na formação das escolas no Brasil, pois os profissionais não aprendem sobre a parte administrativa e financeira. 

O olhar da gestão garante a sustentabilidade do escritório, permitindo que os projetos saiam do papel no tempo certo. 

Lara Kaiser acredita que o bom design deve caminhar junto com uma administração séria e com processos definidos. A criatividade e a gestão precisam caminhar lado a lado.

Ela ainda compartilha que a relação entre criatividade e gestão deve também ser apresentada para os clientes. 

Quando um escritório vende um projeto, ele está vendendo horas de trabalho e o cliente precisa estar ciente dos limites que esta relação demanda.

Para o desenvolvimento de uma cultura de relacionamento aberto, os prazos e limites devem ser respeitados, por ambas as partes. 

O projeto da faculdade Albert Einstein

É evidente que os clientes corporativos e os clientes residenciais possuem demandas distintas. 

Mas, de maneira geral, é possível dizer que os projetos demandam mais ou menos a mesma coisa. Os níveis de complexidade é que são distintos. É preciso pensar em fluxos, distribuição, conforto e não se esquecer dos detalhes. 

Um aspecto importante, presente dos projetos hospitalares aos projetos residenciais, é o fato de que o edifício precisa considerar as diretrizes urbanísticas da cidade que ocupa. 

O designer Moshe Safdie, selecionado para assinar o projeto da faculdade Albert Einstein, escolheu a Perkins&Will para guiar o projeto pela expertise da empresa na área educacional e de saúde.

O projeto durou seis anos, da concepção à entrega, e envolveu mais de 100 profissionais. Lara revela algumas particularidades técnicas do projeto. Uma delas tem relação com a cúpula de vidro, feita com placas de formatos diversos. 

Outra curiosidade tem relação com o paisagismo: todas as plantas foram adaptadas em ambiente com condições semelhantes antes de serem levadas para a obra.

Arquitetura hospitalar

Sobre as distinções da arquitetura hospitalar, a arquiteta conta que pensar materiais é a parte mais complexa. 

O projeto de um hospital reúne demandas e conhecimentos múltiplos. Sobre os materiais, é importante entender a função, o local de aplicação e garantir que ele seja de fácil assepsia.

"Tem um ponto super relevante que é a questão da acústica, é um ponto muito importante. A acústica deve ser criteriosa, seja para o drywall ou para a espessura das paredes. Eu não posso andar em um corredor de internação com salto alto e este barulho incomodar um paciente que está tentando dormir e se recuperar de uma cirurgia", afirmou Lara. 

Experiência do paciente

Em um hospital, é necessário pensar na experiência do paciente. Ela deve ser considerada para tornar o ambiente hospitalar minimamente acolhedor.

É um pensamento semelhante ao da arquitetura de hotelaria, com toda a segurança necessária para a execução dos procedimentos médicos. 

Nos últimos anos, Lara sentiu crescer sua preocupação com o interior dos projetos. Através da escuta, revela, ela mede a qualidade do que foi entregue, principalmente falando de seus clientes recorrentes. 

Há o caso de um hospital da Prevent Senior, por exemplo, em que o período de permanência nas UTIs caiu após ser instalada uma janela com vista para a cidade. 

Falando em experiência do usuário, a ergonomia é um aspecto que está sendo cada vez mais considerado na arquitetura hospitalar. 

Ela é fundamental para o bem estar do paciente e do acompanhante, por isso Lara desenvolveu mobiliários de interiores que garantem todo o aconchego e segurança necessários para os usuários.

Ainda sobre a arquitetura hospitalar, ela compartilha a importância de se pensar adequadamente a posição dos leitos para facilitar a comunicação do paciente com a equipe. 

Outro ponto que ela destaca é o uso das cores e padrões, que devem considerar o público e a especialidade, mas sempre remetendo ao conforto e à calma.  

Sobre ser mulher na arquitetura

Ao ser questionada sobre a falta de representatividade feminina na arquitetura brasileira, Lara revela que enfrentou muitos desafios na sua trajetória. Ela revela a importância de ações efetivas para equiparar os gêneros nas equipes dos escritórios de arquitetura.

Lara compartilha que na Perkins&Will, atualmente, há equidade de gênero na equipe. Ela diz que continua lutando, apoiando e contratando mulheres, garantindo que elas possam desenvolver sua competência. 

Por fim, a convidada destaca a importância da participação feminina dentro da arquitetura. Também lamenta que ainda seja tão cobrado das mulheres que elas se provem e entreguem sempre muito mais. 

Continue acompanhando o Archtrends Podcast. Veja os destaques do episódio com Alexandre Disaro, em uma conversa sobre viagens pelo mundo.

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