Jader Almeida fala sobre Officina Portobello no Archtrends Podcast
Jader Almeida é um dos maiores exemplos daquilo que a Officina Portobello é capaz de fazer: convidar alguns dos designers mais extraordinários da atualidade para criar peças revolucionárias no trabalho com porcelanato.
O designer se envolveu com o projeto quando ele ainda era embrionário. Quase uma década depois de a Portobello começar com a Officina, o projeto se estabeleceu e foi diversas vezes premiado.
A parceria com Jader não só apenas se repetiu com mais duas coleções, mas se manteve firme no portfólio, com suas três linhas consolidadas e reconhecidas há anos pelo mercado.
Em entrevista ao Archtrends Podcast, Jader fala sobre seu trabalho na Officina Portobello, coleções, inspirações, arte e muito mais. Confira!
Se você preferir, pode ver o podcast completo em vídeo:
O que é a Officina Portobello
A Officina Portobello foi idealizada há mais ou menos sete anos, com muitos testes e experimentações antes de entrar no mercado.
À medida que o portfólio foi crescendo e grandes nomes da arquitetura participavam do projeto — como Jader Almeida e Ruy Ohtake —, a Portobello foi avançando nos tipos de design que abarcava, não ficando apenas nos revestimentos.
“A gente foi para um universo de mil possibilidades e nos lançamos com a ajuda de alguns profissionais. Criamos um portfólio um pouco mais nacional, mais pertinente, relevante, entendendo como o porcelanato poderia ser usado”, afirma Eduardo Scoz, gerente de branding do Portobello Grupo e um dos apresentadores do Archtrends Podcast.
Esse avanço, segundo Scoz, foi possível porque, até hoje, nenhuma superfície superou o porcelanato em relação à qualidade, resistência e durabilidade. Então, há muitas qualidades que ainda estão sendo exploradas para diferentes usos no design.
“A gente percebeu isso muito cedo. Conseguimos trabalhar o porcelanato de forma muito criativa, e a Officina passou a ser o lugar mais expoente do nosso design. É lá onde damos vazão não só à nossa criatividade, mas também à de outras pessoas — arquitetos, designers, artistas”, complementa.
A Officina virou um projeto em que o porcelanato sai do desenho de superfície para um objeto 3D, inovador, que quebra paradigmas. “Hoje, uma peça única de porcelanato tem 1,60 m x 3,20 m, o que nos convida a muitas possibilidades”, explica Scoz.
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Parceira com Jader Almeida
Jader criou três linhas em parceria com a Officina Portobello: Ícaro, Sonata e Codice. Segundo o designer, transformar o porcelanato em objeto 3D foi um desafio, mas “o desafio é o que nos move”.
Quando Jader começou na Officina, ela ainda era “incipiente”. Por isso, o trabalho era mais do que seguir um desenho, e sim entender as possibilidades que o projeto permitia.
“Entender essa composição do manual, que é muito presente nessa fabricação, juntamente com a tecnologia, onde termina um e começa o outro… O resultado foi o melhor possível naquele momento”, explica Jader sobre a linha de bancadas Ícaro.
Ele conta que um dos principais elementos que busca na sua obra é a atemporalidade. “E esse produto se prova: são sete, oito anos, e continua sendo surpresa para muitas pessoas não apenas pela forma, mas também pelas soluções, por todos os aspectos que compõem essa peça”, complementa.
A linha Ícaro ganhou o Prêmio Casa Vogue Design 2019 na categoria Louças e Metais. A coleção foi, de certa forma, transgressora.
Ela transformou em 3D um material (porcelanato) comumente associado ao revestimento de superfícies e à reprodução de outras matérias-primas, como o mármore, as rochas e a madeira. Jader teve liberdade total na criação do projeto.
Com Sonatta, entra outro fator importante tanto para Jader Almeida quanto para a Officina: a personalização.
“Um produto em que você pode escolher dentre todas as superfícies, os temas, as colorações, combinado com todas as possibilidades que traz o design… Se multiplicarmos, isso tange ao infinito. Então, todos os aspectos da personalização, desde o início do projeto até os produtos, a personalização foi a ênfase, o foco e todo o motivo desse trabalho”.
Codice
Sonatta e Codice, linhas de Jader Almeida com a Portobello, são vistas como mais “ortodoxas” em comparação a Ícaro.
Contudo, trazem a personalização e infinitas possibilidades com as combinações de porcelanato. Por isso, não apenas continuam no portfólio da Portobello, como também se adaptam a diferentes projetos da empresa.
“Se eu fizer o óbvio, as pessoas ficarão cansadas rapidamente. Mas determinados produtos são como reticências de um texto, continuam o raciocínio. Esses produtos funcionam assim. Eles trazem uma ideia e fazem com que as pessoas abram sua percepção, consigam enxergar com muito mais atenção e detalhes”, explica Jader.
Peça preferida
Para Jader, sua criação preferida e a que mudou sua carreira são projetos diferentes. Afinal, nem sempre aquilo que mudou sua forma de trabalhar é o projeto que você mais gosta.
“Eu não tenho algo preferido. Sempre digo que o conjunto é melhor do que a peça única. Mas o ponto marcante e que criou um caminho foi a cadeira Bossa, de 2007."
"A cadeira é um dos elementos mais revisitados e complexos, é quase uma extensão do nosso corpo. Se a gente está sentindo enquanto está sentado, então ela está ruim. (...) Ela se multiplica ao redor de uma mesa. Quando o ambiente traz uma sensação de desequilíbrio, pode ter certeza de que a cadeira influencia nesse aspecto. É mais fácil desenhar um edifício do que uma cadeira”, explica Jader.
Artes
Jader Almeida costuma falar sobre artes no geral, como música (ele estudou Teoria Musical por quatro anos) e escultura, que influenciam seu trabalho.
Para ele, a curiosidade é a matéria-prima da criatividade, mas é importante que o equilíbrio permeie o trabalho.
“Quando se olha em 360 graus a fotografia, a música, a arquitetura, a arte, design, a própria culinária, todos esses aspectos, caímos na proporção. Tudo é uma questão de proporção. É o que vai determinar um produto belo, uma comida boa, um ambiente adequado, uma música agradável. Então, ao ter um olhar 360 graus, estar conectado, estudar e entender todos esses aspectos, a tendência de dar certo é maior”, explica.
É por isso que o designer ressalta a “mente aberta” para o desenvolvimento dos seus projetos:
“Olhar só para o design ficaria uma repetição. E definitivamente, enquanto profissional, eu tento olhar absolutamente tudo aquilo que consigo. A leitura é muito importante para o meu processo. Ler os mais diversos títulos, ouvir todas as coisas possíveis", conta.
"Eu sou viciado em podcasts. O YouTube, acho que é a maior ferramenta já inventada, traz essa possibilidade de trocarmos ideias, entendermos sobre determinados assuntos”, complementa.
Reconhecimento
A Officina aproximou a Portobello de diversos designers do mundo inteiro. Um deles, o britânico Tom Dixon, declarou que não é “um designer, e sim um rockstar”. Esse tipo de reconhecimento, tanto do público quanto do próprio profissional, não é visto entre arquitetos e designers.
Então, como Jader Almeida se vê ou gostaria de ser visto pelo público?
“Nesse caminho, sempre olhei com muita seriedade. (...) Nós falamos de um campo muito sério quando falamos da produção do design. Mas quando compartimentamos o campo da experimentação, das possibilidades, da abstração, aí podemos ser o que quisermos. Eu acredito que devemos ter esse campo da desconstrução para criar outras possibilidades", reflete.
"Dentro desses aspectos, gosto de dizer que o Jader Almeida, enquanto marca e CNPJ, é árbitro do estilo, da elegância. A proporção é obstinação para fazer o melhor. E os espaços, objetos e produtos são a prova viva, o testemunho materializado de tudo isso."
"Já o Jader Almeida enquanto pessoa física, eu nunca parei para pensar. Nós somos muitas coisas. Rubem Alves dizia ‘eu sou um albergue de personalidades’, e acho que é uma boa definição. Dentro de nós convivem muitas personalidades, muitas pessoas, muitas vontades durante o dia. Agimos conforme a ocasião”, aponta o designer.
Com Ícaro, Sonatta e Codice, Jader Almeida mostrou diferentes possibilidades de trabalhar o porcelanato — até então pensado apenas como revestimento, e não como um objeto 3D em si.
Sua parceria também abriu oportunidades para que a Officina Portobello se desenhasse como projeto e pudesse se consolidar. Hoje, é impossível pensar na Officina sem Jader, o que faz dessa parceria uma das mais bem-sucedidas da Portobello.
E como você viu, esta foi apenas uma das entrevistas que o Archtrends faz periodicamente com grandes nomes do designer e da arquitetura. Se você quiser conferir mais, conheça o Archtrends Podcast!