Diversidade cultural: como isso se manifesta na arquitetura?
A diversidade cultural na arquitetura nada mais é do que reflexo das expressões e dos valores de diferentes povos.
Aspectos ligados à cultura, arte, religião e política aparecem em estilos arquitetônicos marcantes ao longo da história.
Além disso, cada canto do mundo conta com as próprias possibilidades materiais e características estéticas.
É justamente essa diversidade que faz a arquitetura ser tão rica. Ao mesmo tempo, demonstra a sua capacidade de adaptação e transformação.
Quanto mais globalizado o mundo se torna, mais perceptíveis são os encontros de diferentes culturas nos projetos contemporâneos.
Quer saber como a diversidade cultural toma forma na arquitetura? Então, continue a leitura!
Arquitetura como reflexo da diversidade cultural
Ao observar monumentos, edifícios e casas pelo mundo, é possível perceber diferentes estilos arquitetônicos. Ou seja, técnicas, formas, materiais, organização dos espaços e elementos variados.
Tudo isso é resultado da diversidade cultural. Afinal, cada povo conta com tradições, costumes e visões particulares.
Mas vale destacar que o encontro entre diferentes culturas nem sempre se dá de forma pacífica, pois pode envolver conflitos diretos. Aquelas que saem vitoriosas acabam exercendo maior influência.
Por isso, quando o assunto é arquitetura, a diversidade cultural é um dos pilares sobre os quais as construções foram erguidas.
Exemplos de diversidade cultural na arquitetura
Para notar a diversidade cultural presente na arquitetura, nada melhor do que conhecer diferentes estilos. Confira a seguir.
Arquitetura grega
A arquitetura grega foi um dos estilos mais marcantes da história e continua a influenciar projetos mundo afora.
Para construir monumentos grandiosos, os gregos utilizavam a matemática, de modo a alcançar o equilíbrio perfeito.
Ao observar a arquitetura grega, é possível identificar elementos simétricos, proporções rigorosas e elegância nos materiais que compõem as construções.
Acima de tudo, os gregos valorizavam o belo.
Não por acaso, a arquitetura grega é marcada por ornamentos que se tornaram clássicos, como as colunas e os pórticos.
Ao longo do tempo, essa estética passou a ser vista como sinônimo de elegância.
Tanto é que até hoje o mármore, material que se destaca na arquitetura grega, continua a ser usado em construções sofisticadas no mundo inteiro.
E foi se misturando com outros elementos que refletem a diversidade cultural dos países.
No entanto, isso só foi possível porque os gregos influenciaram diretamente a cultura e a arquitetura romana.
Mais tarde, durante o Renascimento, período em que a Europa retomou valores da Antiguidade Clássica, a cultura greco-romana passou a ser glorificada.
Arquitetura islâmica
A arquitetura islâmica é marcada pelas edificações religiosas com formas geométricas, colunas, arcos, abóbadas e cúpulas.
Outros detalhes marcantes são os pátios internos, os mosaicos e os arabescos. E tudo tem significado e simbolismo, sobretudo as cores usadas, que costumam ser vibrantes.
É que, para além das funções práticas, essas construções transmitem valores culturais e espirituais das comunidades adeptas ao islamismo.
As mesquitas, destinadas às práticas religiosas, são a expressão máxima desse estilo arquitetônico que valoriza a grandiosidade dos edifícios.
Tudo isso expressa a diversidade cultural, já que a arquitetura islâmica nasceu a partir da influência de povos como romanos, bizantinos e persas.
E ela tem os seus reflexos até mesmo no Brasil, por conta da presença de povos islâmicos na Península Ibérica — cujos países colonizaram, mais tarde, boa parte da América.
Arquitetura nórdica
A arquitetura nórdica, também conhecida como escandinava, foi incorporada por outras culturas principalmente por conta do minimalismo.
No entanto, ela mesma se inspira no orientalismo — ou seja, no modo como o ocidente enxerga o oriente, sobretudo o Japão.
Para entender a essência desse estilo arquitetônico, é preciso olhar para a realidade dos países nórdicos: longos períodos de baixa luminosidade, frio intenso, escassez de materiais e branco puro da neve.
Nesse contexto, o foco é na funcionalidade e na simplicidade dos ambientes. Entre os materiais mais utilizados estão a madeira e as pedras, que dialogam com a área externa.
Como a luz natural é escassa, as construções adotam grandes janelas e claraboias, para aproveitar ao máximo a iluminação durante o dia.
Mas como esses países convivem frequentemente com dias de pouca luminosidade, as luminárias fazem toda a diferença. Por isso também que os tons claros e neutros são priorizados.
O estilo escandinavo se espalhou pelo mundo e caiu no gosto dos brasileiros. Ele ganha cada vez mais espaço no design, com mobiliário e outras peças minimalistas.
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Arquitetura japonesa
A arquitetura japonesa, assim como a nórdica, valoriza a simplicidade. No entanto, se expressa de forma própria.
Em primeiro lugar, vale apontar que a cultura japonesa tem uma relação próxima com o meio ambiente. Por isso, as construções buscam sempre se integrar à natureza.
Já os espaços internos são projetados para serem claros, arejados e com poucos adornos. Isso porque a cultura é contrária ao apego material e às distrações.
Sem dúvidas, a matéria-prima de destaque é a madeira natural, sem pintura.
Nas construções tradicionais, as portas de correr permitem reorganizar os ambientes conforme o uso que se deseja para cada momento.
Mas hoje o tradicional se mistura ao contemporâneo no Japão, inclusive na arquitetura.
As residências, por exemplo, tiveram que se transformar por conta do problema de densidade demográfica que o país enfrenta.
Porém, conceitos como minimalismo e simplicidade continuam a ser valorizados, pois estão bem consolidados na cultura japonesa.
Arquitetura africana
A arquitetura africana expressa a diversidade cultural dos países do continente. Portanto, não se trata de um estilo único, mas de um conjunto de estilos de diferentes povos.
Entre as construções mais conhecidas mundialmente estão as pirâmides do Egito, feitas para guardar os corpos dos faraós.
O que se vê de comum na arquitetura dos povos africanos é o uso consciente e inteligente de diversos materiais naturais, como madeira, pedra, palha e argila, entre outros.
A partir de combinações criativas de matérias-primas, as construções se adaptam às condições locais. Tudo isso de forma harmônica e sustentável.
Outra característica é o uso do padrão fractal, ou seja, formas em que cada parte reproduz a figura como um todo.
Em diversos locais, as comunidades viviam em construções que adotavam o mesmo formato, com a casa do líder no centro.
Aliás, é possível notar o uso de padrões não só na arquitetura, como também na decoração e na moda.
Arquitetura brasileira
A arquitetura brasileira, diferentemente de outras, não conta com uma uniformidade estética. Isso porque ela se desenvolveu a partir da mistura de diferentes estilos e referências.
Desde o período da colonização, o Brasil recebeu influências de vários povos, que foram moldando a cultura e, portanto, a arquitetura.
Ou seja, as construções refletem a diversidade cultural do país.
Nas comunidades ribeirinhas, por exemplo, as casas se adaptaram aos ambientes alagados, no formato de palafitas, construídas a uma certa distância do chão.
Em muitas regiões, as construções foram baseadas nos estilos arquitetônicos de países europeus, como Portugal, Itália e Alemanha, entre outros.
Diversas técnicas e elementos considerados tradicionalmente brasileiros foram trazidos pelos povos africanos, como o pau a pique, os telhados em formato de "V" e as varandas.
As contribuições dos povos indígenas também foram vastas e significativas, como veremos em detalhes a seguir.
Arquitetura indígena
A arquitetura indígena vale ser tratada como um estilo particular por conta da sua riqueza.
Mesmo antes da chegada dos colonizadores portugueses, os povos indígenas que habitavam o Brasil já realizavam construções avançadas.
Embora cada um tenha desenvolvido técnicas e estilos próprios, todos têm em comum o uso de recursos naturais.
Com base em estruturas de madeira, as casas são construídas de forma a se conectarem umas às outras, em um sistema de encaixe.
Para fechar as paredes e os telhados, são usados cipós, folhas e fibras, que podem ser entrelaçados de diferentes formas.
Em alguns povos, as pessoas vivem todas juntas, dividindo a mesma casa. Já em outros, as residências podem ser menores, para cada grupo familiar ter o seu próprio espaço.
Arquitetura contemporânea
Atualmente, por conta do intenso processo de globalização, as trocas entre os vários cantos do mundo são ainda mais comuns.
Ou seja, os países passam a incorporar características uns dos outros, mesmo que estejam geograficamente distantes.
Ao olhar para a arquitetura contemporânea, essa diversidade cultural fica clara.
Tanto no Brasil quanto em outros países, as construções têm uma abordagem multicultural, ou seja, que absorve elementos de várias culturas.
Assim, reinterpretam a própria arquitetura de forma inovadora, criando espaços diferenciados, capazes de atender a necessidades e gostos variados.
Naturalmente, os países que se sobressaem economicamente acabam tendo uma influência maior sobre aqueles em desenvolvimento.
Nesse processo, as arquiteturas locais perdem força, o que faz com que a estética das construções ao redor do mundo se torne cada vez mais parecida.
Com tantas referências para se inspirar, como definir o estilo de decoração de um projeto? Confira as dicas da arquiteta Mylena Bonfim!
Esse Texto foi escrito por um arquiteto? Recomendo voltar as estudos e pesquisar de verdade a influência da arquitetura africana no Brasil. Fora outros equivocos existentes no texto.
Olá, Bruna,
Fizemos uma atualização neste conteúdo. Agradecemos a colaboração.
Abraços,
Equipe Archtrends