Entrar em contato com o trabalho de artistas plásticos brasileiros referências nas artes visuais pode servir de fonte de inspiração para os arquitetos, sabia?
Todo tipo de manifestação artística inspira ideias, sentimentos e conceitos nas mais diversas formas. Seja na música, dança, pintura ou outras atividades.
Essa diversidade de técnicas também traz referências importantes para o campo da arquitetura, uma arte dedicada a propor e projetar espaços.
Cada vez mais arquitetos buscam novas possibilidades de trabalho para acompanhar tendências e extrair lições de outras áreas.
Pensando nisso, trouxemos informações e curiosidades sobre a carreira de 11 artistas plásticos brasileiros.
Acompanhe e descubra como suas criações podem mudar a percepção e trazer novas ideias!
1. Tomie Ohtake
Nascida em Kyoto, Japão, Tomie Ohtake chegou ao Brasil em 1936. Foi impedida de voltar ao seu país de origem devido ao início da Guerra do Pacífico.
Aqui, casou-se, naturalizou-se brasileira e iniciou a carreira artística com quase 40 anos — aos 50 atingiu o auge.
Fazia arte abstrata em pintura, gravura e escultura. Realizou mais de 120 exposições individuais, participou de 20 Bienais Internacionais e conquistou prêmios em diversos salões brasileiros.
Com seu reconhecimento no mundo todo, foi considerada a “dama das artes plásticas brasileiras”.
O foco no abstrato é visível nas obras que trazem cores, formas e texturas livres da influência da realidade. Ou seja, não há necessidade de representar uma imagem específica.
É uma prova de que é possível admirar a beleza pura das diferentes tonalidades, contrastes e outros elementos que compõem as artes visuais.
A artista faleceu em fevereiro de 2015, aos 101 anos. Em setembro de 2018, uma exposição de suas obras foi montada no Memorial de Curitiba. É possível acompanhar mais sobre o trabalho no instituto que leva seu nome.
2. Hélio Oiticica
Nascido no Rio de Janeiro (RJ) em 1937, o pintor, escultor e artista performático veio a falecer em sua cidade natal em 1980.
Seus estudos de desenho e pintura foram iniciados no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM). Logo depois, produziu seu primeiro texto sobre artes plásticas.
Hélio Oiticica participou do Grupo Frente e Grupo Neoconcreto. Foi após essas experiências que trocou os trabalhos bidimensionais pelas capas, relevos espaciais, tendas, estandartes e penetráveis.
Na década de 1970, se tornou bolsista da Fundação Guggenheim, se mudou para Nova York e retornou ao Brasil oito anos depois.
Suas produções se destacam pelo caráter inovador e experimental. Muitas trazem elaborações teóricas na forma de textos, poemas e comentários — recursos importantes na apresentação de projetos conceituais.
Pode-se dizer, portanto, que a obra do artista se divide em duas fases: uma visual e outra mais sensorial.
Após seu falecimento, seus irmãos fundaram o Projeto Hélio Oiticica, uma associação sem fins lucrativos que visa preservar e difundir as obras de um dos maiores artistas plásticos brasileiros.
3. Adriana Varejão
Natural do Rio de Janeiro (RJ), é uma das artistas contemporâneas mais importantes no Brasil e no mundo.
Estudou nos cursos livres da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 1985, teve contato com as pinturas de Anselm Kiefer e Philip Guston.
Foi em uma viagem à cidade de Ouro Preto (MG) que Adriana Varejão teve contato com a arte barroca que se tornaria grande referência para seus trabalhos. Também viajou pelo Nordeste brasileiro para pesquisar arte sacra e artesanato popular, principalmente azulejaria.
Sua trajetória artística é bastante marcada por essa mistura que expõe as carnes e os mares em uma combinação de cores: o azul dos azulejos e o vermelho que representa a visceralidade do homem da sociedade contemporânea.
Adriana conta histórias com elementos estéticos improváveis e com uma densidade simbólica que, por vezes, surpreende e escandaliza alguns espectadores.
4. Vik Muniz
Nascido em São Paulo (SP), Vicente José de Oliveira Muniz é um pintor, gravador, fotógrafo e desenhista que cursou Publicidade na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).
Mudou-se para Nova York em 1983, quando passou a realizar vários trabalhos relacionados à memória, percepção e representação de imagens do universo das artes.
Nos Estados Unidos, o seu talento foi revelado pelo crítico de arte Charles Haggan.
Depois de uma publicação favorável no New York Times, Vik Muniz passou a ser chamado para expor suas obras em museus famosos, como o Metropolitan Museum of Art e o Guggenheim.
A originalidade é o que mais chama a atenção nos trabalhos do artista.
Chocolate, doce de leite, vinho, gel, cabelos, diamantes e até xarope são matérias-primas que fazem parte das criações.
Ele também se inspira em alguns clássicos da pintura, como Claude Monet e Leonardo da Vinci, fazendo reinterpretações que surpreendem o público.
O processo quase sempre consiste em compor imagens com materiais dispostos sobre uma superfície que, depois de pronta, é fotografada.
Vik Muniz se diferencia entre os artistas plásticos brasileiros, pois se preocupa em fazer com que seu trabalho chegue a quem não costuma frequentar galerias de arte.
5. Beatriz Milhazes
Também do Rio de Janeiro (RJ) e da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, a artista dedica a carreira à pintura, gravura e ilustração, em que enfrenta suas obras como fatos decorativos.
Muitas apresentam ornamentação barroca com o ritmo dos arabescos. Mas os trabalhos mais recentes trazem estrelas e espirais em cores luminosas.
As telas apresentam formas circulares com frequência, em deslocamentos concêntricos ou expansivos.
A artista costuma preparar as imagens sobre plástico transparente e descolá-las como películas para aplicar na tela (técnica de decalque). São realizadas colagens sucessivas para gerar sobreposições repletas de cores e detalhes.
O reconhecimento veio ainda em 1990, quando as criações de Beatriz já eram destaque na América do Norte e Europa.
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6. Silvana Mendes
Silvana Mendes, nascida em São Luís (MA) em 1991, é uma multiartista visual que explora em seus trabalhos questões raciais, políticas de afirmação e territórios.
Por meio da pintura, colagem, fotografia e videoarte, ressignifica narrativas.
Para desconstruir estereótipos e simbologias negativas associadas aos corpos negros, produz “afetocolagens”, lambes e murais com um olhar descolonizador.
Ao mesmo tempo, o trabalho de Silvana Mendez faz uma crítica à elitização e aos espaços de poder nas obras de arte.
Já participou de exposições em diversos estados brasileiros.
Além disso, foi indicada ao Prêmio PIPA 2023, uma importante premiação nacional de arte contemporânea.
7. Berna Reale
Considerada um dos nomes mais importantes dentre os artistas plásticos brasileiros contemporâneos, Berna Reale é uma das maiores expoentes da performance no país.
Nasceu em 1965 em Belém (PA) e começou sua carreira no início dos anos 1990.
A artista e perita criminal explora o próprio corpo para produzir suas performances, fotografias e vídeos. O foco é investigar o papel das imagens nos imaginários brutais.
Ao contrapor o desejo de aproximação e repulsa em seu trabalho, evidencia a ironia do fascínio e aversão da sociedade pela violência.
Reale já realizou exposições individuais não apenas no Brasil como também na Alemanha e Estados Unidos. Também participou de diversas mostras coletivas dentro e fora do país.
O Instituto Itaú Cultural (São Paulo, Brasil), Kunsthaus Wiesbaden (Wiesbaden, Alemanha) Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) e JW Collection (Atlanta, Estados Unidos) possuem obras da artista em suas coleções.
8. Denilson Baniwa
Indígena do povo Baniwa e artista visual, Denilson nasceu no interior do Amazonas. Desde 2015, atua como ativista pelos direitos dos povos indígenas, sobretudo na Bahia e nas regiões sul e sudeste do Brasil.
Começou a ganhar destaque entre os artistas plásticos brasileiros em 2018, com a sua mostra “Terra Brasilis: o agro não é pop!”, na Galeria de Arte da Universidade Federal Fluminense.
Publicitário, articulador de cultura digital e hackeamento, o artista usa os meios digitais como suporte de suas obras.
Dessa forma, contribui para a construção de uma imagética indígena em filmes, revistas e séries.
Denilson participou de exposições nacionais na Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte de São Paulo, Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural São Paulo, Museu Afro Brasil, Centro de Artes Helio Oiticica e Museu de Arte do Rio.
Também expôs suas obras na Bienal de Sydney e em outros países como Canadá, França, Portugal e Suíça.
9. Efrain Almeida
Efrain Almeida é um escultor que nasceu em 1964 em Boa Viagem (CE). Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1976, onde fez sua formação artística.
Além de ter estudado na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, o artista participou nos anos 1990 de um curso no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Então, começou a estudar diferentes materiais até chegar na madeira. Ela foi escolhida como matéria-prima para as suas esculturas, junto dos tecidos e aquarelas.
O imaginário popular nordestino é um tema central nos trabalhos do artista.
O artista também faz referência a ex-votos a partir das imagens de partes do corpo humano. Por remeter à infância religiosa no interior do Ceará, possui um aspecto autobiográfico.
Os títulos das obras complementam o sentido das obras e a própria poética de Efrain, um dos maiores artistas plásticos brasileiros.
10. Francisco Klinger Carvalho
Francisco Klinger Carvalho é um artista multimídia paraense cujo trabalho envolve o uso de diferentes tecnologias. Elas vão desde práticas artesanais rurais e ribeirinhas até os meios tecnológicos contemporâneos.
A partir delas, cria esculturas, instalações e obras públicas que estabelecem um diálogo entre o local e o global.
Nos anos em que voltou seu olhar à região amazônica, usou materiais naturais para produzir esculturas e instalações que reinterpretam o dia a dia da região.
Francisco está entre os artistas plásticos brasileiros que exploram a consciência política nas artes.
Já tratou de temas como o massacre dos Yanomami em 1993, relação entre violência urbana e arquitetura, sobretudo nas periferias de cidades latino-americanas.
Realizou exposições individuais e coletivas no Brasil e em outros países.
Foi premiado em 2012 pelo Banco Sparkasse Kandel, na Alemanha, e em 2013 recebeu o Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea.
11. Gustavo Caboco
Artista de origem indígena, Gustavo Caboco se destaca na cena nacional de arte contemporânea.
A necessidade de compreender e expressar sua identidade está ligada à biografia de Gustavo. Ainda criança, sua mãe foi arrancada de sua terra wapichana e só retornou aos 33 anos, quando o filho já tinha 12 anos.
Isso explica a inspiração, o propósito e as obras do artista.
Seu trabalho engloba desenho-documento, pintura, texto, bordado, animação e performance, que instigam a reflexão sobre os deslocamentos dos corpos, as subjetividades indígenas e a preservação da memória.
Destaque entre os novos artistas plásticos brasileiros, Gustavo já participou de diversas exposições no Brasil e no exterior, com destaque para a 34º Bienal de São Paulo e Bienal de Veneza de 2022.
Conhecer artistas plásticos brasileiros é uma ótima maneira de variar suas referências de projetos. Então, não perca a oportunidade de obter novos olhares para incorporar em trabalhos de arquitetura, decoração e design de interiores.
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