O que é neuroarquitetura?
A neuroarquitetura é um campo de estudos que combina a neurociência com a arquitetura. Uma abordagem inovadora que visa conectar, cada vez mais, arquitetura e bem-estar.
Esta área vem ganhando espaço por possibilitar a criação de projetos que promovam o bem-estar integral. A disciplina que melhora os ambientes tem sido muito empregada em projetos de arquitetura contemporânea.
A seguir, você saberá mais sobre o conceito de neuroarquitetura, como ela surgiu, suas vantagens e exemplos de como aplicar este conhecimento na prática.
Neuroarquitetura é área interdisciplinar
A arquitetura é uma área dinâmica e frequentemente é utilizada como campo de estudo de outras áreas, como a medicina e as ciências sociais.
A neuroarquitetura é uma disciplina que integra os conhecimentos da neurociência com a prática arquitetônica. Esta integração tem o objetivo de criar espaços que provocam o bem-estar integral dos usuários.
Por este motivo, esta corrente de estudos vem ocupando cada vez mais espaço em projetos ao redor do mundo.
A abordagem da neuroarquitetura leva em conta as influências do ambiente físico no cérebro humano. Ela também considera o fato de que essa influência pode ocorrer de forma consciente ou inconsciente.
Uma área de estudo baseada na ciência
Esta área de estudo se baseia em pesquisas científicas sobre o cérebro humano. Com técnicas como a ressonância magnética e eletroencefalograma, é possível observar como certos estímulos arquitetônicos ativam regiões do cérebro.
Estes estudos auxiliam os profissionais no entendimento de como a arquitetura pode influenciar as emoções e o comportamento dos indivíduos.
A neuroarquitetura também considera a influência do ambiente físico além da consciência, na busca por entender como a arquitetura impacta as experiências e sensações de forma subconsciente.
Como surgiu a neuroarquitetura?
São considerados os fundadores da neuroarquitetura o neurocientista Fred Gage e o arquiteto John P. Eberhard. Em 2003, os dois criaram a Academia de Neurociência para a Arquitetura (ANFA), um instituto criado para promover e divulgar os estudos da área.
Os dois profissionais perceberam que essa junção da arquitetura com a neurociência era capaz de oferecer novas possibilidades para projetos arquitetônicos. Uma chance de construir espaços que considerem, desde o princípio, o bem-estar e a saúde dos indivíduos.
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Conheça alguns fundamentos e vantagens da neuroarquitetura
Esta disciplina em ascensão tem despertado cada vez mais interesse entre arquitetos e designers de interiores. A abordagem inovadora da neuroarquitetura busca entender como ambientes podem influenciar o funcionamento físico e cognitivo das pessoas.
Exploraremos a seguir os fundamentos e as vantagens da neuroarquitetura. Estes aspectos formam as bases para a aplicação prática em projetos arquitetônicos.
Fundamentos da neuroarquitetura
Um dos fundamentos da neuroarquitetura define que as cores e a organização dos ambientes podem influenciar o funcionamento do cérebro humano. Estudos têm demonstrado que cores diferentes desencadeiam respostas emocionais diferentes nas pessoas.
No caso das cores, entendemos que as quentes, como os vermelhos e laranjas, transmitem agitação e energia.
As cores frias, como os azuis e verdes, transmitem calma e serenidade. Considerando essas associações, é possível criar ambientes estratégicos que transmitirão sentimentos específicos.
Também é conhecimento validado pela neuroarquitetura o fato de que a disposição dos espaços influencia a maneira como as pessoas se sentem.
Espaços abertos e fluidos são capazes de estimular a criatividade e colaboração. Já os espaços mais segmentados e aconchegantes promovem segurança e intimidade.
Vantagens da neuroarquitetura
Um dos principais objetivos da neuroarquitetura é promover a saúde física e mental das pessoas através do ambiente construído. Elencamos algumas vantagens de aplicar a neuroarquitetura em seus projetos.
- Diminuição dos problemas emocionais: quando a neuroarquitetura é aplicada, ela é capaz de estimular a produção de pensamentos e sensações positivas, o que auxilia no controle de doenças emocionais;
- Aumento da produtividade: os preceitos da neuroarquitetura já são utilizados em diversos ambientes de trabalho, refletindo na produtividade e na tomada de decisões assertivas;
- Melhora na concentração: ao utilizar os princípios da neuroarquitetura, a capacidade de foco e concentração pode aumentar de forma significativa.
Onde aplicar a neuroarquitetura?
Separamos algumas dicas de como aplicar os conhecimentos da neuroarquitetura em seus projetos. Destacamos a seguir como as principais diretrizes podem ser incorporadas em seus projetos para criar ambientes de bem-estar.
Aspectos como iluminação, cor, natureza, acústica e organização serão discutidos. Também falaremos sobre a personalização de ambientes para as necessidades de cada projeto.
A neuroarquitetura amplia a possibilidade de criar espaços que impactem os usuários além do visual. É uma oportunidade de promover bem-estar e qualidade de vida para todos.
A iluminação natural e sua relação com o bem-estar
A iluminação natural desempenha um papel muito importante na neuroarquitetura. A exposição à luz natural tem efeitos positivos no humor, no ritmo circadiano e na saúde geral.
Projetando espaços com aberturas amplas e claraboias, os arquitetos maximizam o contato dos usuários com a luz natural.
O posicionamento dos ambientes de forma estratégica pode ajudar a aproveitar ao máximo a iluminação natural disponível.
Uma ferramenta que pode auxiliar neste posicionamento estratégico dos ambientes é o Sketchup. O software permite que você faça estudos de insolação baseado na exata localização do projeto.
Integração com a natureza para estimular o relaxamento
Os espaços verdes tem sido muito requisitados em projetos. É de conhecimento da neuroarquitetura que os elementos naturais trazem inúmeros benefícios para os usuários dos espaços.
Ambientes como jardins, áreas arborizadas e paredes verdes reduzem o estresse, melhoram a qualidade do ar e promovem o relaxamento.
Os profissionais que optam por incorporar espaços verdes em seus projetos arquitetônicos incentivam a conexão com a natureza e garantem o bem-estar dos usuários.
Criação de ambientes de descontração e descompressão
A neuroarquitetura reconhece a importância de se criar espaços voltados para a descontração e para o relaxamento. As áreas de descompressão podem ser fundamentais para ambientes de trabalho.
Esses espaços podem ser projetados com cores suaves, mobiliários confortáveis e elementos que estimulem o relaxamento. Iluminação indireta e sons suaves e de natureza podem ser ideais.
Esses ambientes de descontração podem promover maior satisfação dos funcionários de uma empresa e melhorar o clima organizacional.
A importância da acústica para garantir conforto e concentração
O nível de ruído em um ambiente pode afetar significativamente a concentração. O bem-estar dos indivíduos e o desempenho cognitivo são influenciados por este aspecto.
É importante, na hora de projetar espaços, utilizar materiais e técnicas que garantam o conforto acústico dos ambientes.
Essa preocupação garante a tranquilidade para executar tarefas que demandam mais concentração e também garantem a privacidade no ambiente de trabalho.
Organização do espaço para estimular os sentidos
A organização espacial é fundamental na neuroarquitetura. Os ambientes precisam ser projetados levando em consideração a funcionalidade, circulação e harmonia dos espaços.
Para a neuroarquitetura, os projetos devem facilitar a circulação, promover maior interação e permitir uma clara distinção dos ambientes e dos elementos. Estas práticas otimizam o uso do espaço e estimulam a concentração e os sentidos dos ocupantes.
Aspectos como disposição dos móveis, materiais e os fluxos de circulação devem ser cuidadosamente estudados e planejados. Esta cautela garantirá ambientes mais acolhedores e funcionais para os usuários do projeto.
As cores e sua influência nas emoções e percepções
A escolha das cores de um projeto arquitetônico é muio importante para a neuroarquitetura. Diferentes tonalidades podem influenciar emoções e percepções.
Cores vibrantes e estimulantes, como os amarelos e laranjas, aumentam a energia e a criatividade. Cores suaves e relaxantes, como os verdes e azuis, induzem calma e tranquilidade.
Selecionando adequadamente a cor de cada ambiente, os profissionais criam atmosferas adequadas aos propósitos e necessidades dos usuários.
A qualidade do ar e o conforto térmico
A ventilação é um aspecto que contribui imensamente para a qualidade dos ambientes. Um ambiente bem ventilado garante a qualidade do ar, mantendo a saúde respiratória dos ocupantes.
Para a neuroarquitetura, a ventilação natural é desejável para garantir a entrada de ar fresco nos ambientes. Mas isso não elimina a necessidade de ventilação artificial em determinados projetos.
Importante ressaltar que a ventilação artificial deve sempre ser projetada para garantir eficiência energética e conforto.
Um equilíbrio entre ventilação natural e artificial é o ideal e garantirá um ambiente saudável para os usuários.
A neuroarquitetura é uma abordagem inovadora que integra o conhecimento científico sobre o cérebro humano com a prática arquitetônica. A abordagem busca compreender como os espaços físicos afetam as emoções humanas.
Adotando os princípios da neuroarquitetura nos projetos, é possível criar ambientes mais saudáveis e humanizados. Criar ambientes que estimulem a concentração, a criatividade e o bem-estar geral.
Este campo de estudos é muito promissor. A neuroarquitetura está moldando o futuro da arquitetura e, consequentemente, do morar e do viver.
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