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Lufe Gomes conta como saiu da engenharia civil para a fotografia

Lufe Gomes fala sobre paixão por casas no podcast Archtrends

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Lufe gomes conta sua trajetória até chegar na profissão de fotógrafo e como o amor por contar histórias esteve presente em toda sua vida
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Lufe Gomes é um fotógrafo apaixonado por pessoas, pelo belo e por moradias. Sua carreira já passou pelos retratos, atravessou a moda e hoje pousa na arquitetura e decoração – com um olhar único e repleto de simplicidade.

Em entrevista ao podcast Archtrends, Lufe conta um pouco sobre a escolha da sua profissão atual, sua passagem por outras áreas e sobre sua trajetória sempre marcada pela pluralidade: de interesses, profissões e lugares. Confira a seguir.

Lufe Gomes by Lufe Gomes

Natural de Juiz de Fora, Minas Gerais, Lufe nasceu Luis Fernando Gomes. Devido ao trabalho do seu pai, que exigia constantes transferências, cada um dos seus irmãos nasceu em um estado diferente do país.

“Meu irmão mais velho nasceu no Amapá, o outro em Goiânia e as outras duas ali pelo Triângulo Mineiro”, detalha.

Esse encontro com diversas regiões possibilitou que desde novo ele colhesse diversas referências. Mas também despertou a necessidade de buscar um lugar só dele, onde realmente se sentisse em casa.

“Com 17 anos, eu me mudei para Florianópolis (SC) e lá fiz cursinho pré-vestibular, cursei engenharia civil na Universidade Federal de Santa Catarina, fiz pós-graduação e acabei morando durante 14 anos. Hoje me considero mais de Florianópolis do que qualquer outro lugar. Pela construção de referências, histórias e amigos. Quase um manezinho (como são chamados os nativos da Ilha)”, ri.

A escolha do curso de engenharia civil veio da paixão por casas e moradias, mas já no terceiro semestre Lufe Gomes percebeu que não era esse caminho profissional que ele gostaria de seguir.

Tanto que, em paralelo aos estudos, ele já estava à frente da direção de programas de TV da RBS TV, a filial da TV Globo de Santa Catarina. Mas essa também não era a profissão que despertava paixão.

“Em 2004 eu decidi ir para Londres. Nesse momento eu achava que ainda precisava me encontrar. Para que eu me entendesse como profissional eu achava que precisava quebrar todos os ‘tem ques’, mas definitivamente a fotografia nunca nem tinha passado pela minha mente”, conta.

“Sendo bem humilde, eu nem sabia o que fazia um fotógrafo profissional. Mas essa viagem foi uma forma de encontrar o que eu queria e o que eu amava”.

Em Londres, Lufe já se descobriu fotógrafo. Chegou a fazer grandes exposições lá, com patrocínio de empresas inglesas e brasileiras renomadas.

Pouco depois, decidiu que era o momento de voltar para o Brasil, mas dessa vez em um novo endereço: São Paulo. “Eu vim para São Paulo por entender que era a maior cidade que poderia me acolher como fotógrafo”.

Além da casa, o foco da sua carreira também mudou. Lufe, que até então trabalhava fotografando pessoas, recebeu um convite inusitado para fotografar a casa que estamparia a capa da edição de 60 anos da revista Casa e Jardim.

“Eles me chamaram para fotografar uma casa da mesma forma que eu fotografava um retrato”. Assim segue sendo até hoje.

Life By Lufe

O projeto de fotografar casas e moradias ganhou o nome de Life By Lufe, que ele mesmo define como um registro de como as pessoas vivem, não onde elas vivem.

“Vocês percebem que o projeto não se chama ‘Home e Decor By Lufe’, justamente por eu querer captar essa vida que existe na casa através do meu olhar. Dentro da arquitetura e decoração, onde está você dentro da casa?”, explica enquanto reflete.

Essa sensibilidade de captar realmente a alma de cada projeto vem do interesse genuíno do fotógrafo por pessoas. Inclusive, sua trajetória diz muito sobre isso.

“Eu fiz engenharia civil porque casas e moradias sempre foram o foco da minha vida. No entanto, a vida me levou para ser diretor de televisão, em seguida fotógrafo, fotógrafo de moda e depois de casas. Mas eu sou apaixonado por pessoas! Todas as vezes que ia fotografar, fosse arte, moda, arquitetura ou decoração, a minha busca é sempre o ser humano em primeiro lugar. Afinal, o que faz uma casa única é o fato de sermos seres humanos únicos”, completa.

A busca por fotografar a vida como ela é, fez com que Lufe Gomes caminhasse contra tudo o que já havia sido feito.

“Teve um momento que eu fiquei revoltado com fotografia de arquitetura, sabia? Se a cama estivesse arrumada eu já queria desarrumar, queria fazer tudo diferente”, se diverte.

Sua autenticidade, em especial no ramo da arquitetura e urbanismo, fez com que sua carreira não parasse – até hoje – de decolar.

Algumas dessas fotos deram vida ao livro “Onde você vive”, uma coleção de imagens que explora as diversas formas de viver, além do morar.

Neste projeto, tudo foi pensado nos mínimos detalhes – a começar pela capa. “A capa do meu livro é um olho mágico, o que é bem interessante, pois a maioria daquelas casas que fotografei nunca tinha ido antes. Mais do que isso, nunca pedi foto de referência e nem estudei antes. É como se realmente, quando abrisse aquela porta, abrisse um universo mágico”.

Segundo Lufe Gomes, isso dá muito mais vazão para adentrar o universo daquelas pessoas sem julgar – apenas com a intenção de sentir e assimilar que há uma vida habitando aquele lugar.

“Eu gosto de saber onde as pessoas que moram na casa habitam em cada detalhe que está sendo contado na decoração e nas escolhas pra viver bem naquele ambiente”.

Hoje, Lufe define seu trabalho como uma diversão maravilhosa, afinal todos os dias ele vai fotografar – e encontrar alguém.

Moradias que contam histórias

O primeiro apartamento do fotógrafo em São Paulo ficava em um edifício desenhado pelo arquiteto alemão Franz Heep, também responsável pelo projeto do Terraço Itália.

A estrutura antiga do imóvel trazia memórias de referências que Lufe Gomes tinha visto em Londres, e por si só já era uma obra de arte.

“A arquitetura do prédio era maravilhosa. A começar pelo meu pé direito de 3,20 metros. A primeira coisa que eu fiz foi descascar o acabamento. Automaticamente surgiram os tijolinhos antigos e as vigas que estavam por trás. Aquilo foi uma das coisas mais interessantes de reaproveitar”.

Ainda no tópico de reaproveitamento, o fotógrafo decidiu manter um mezanino construído pelo antigo dono. Ele o adaptou para receber o quarto, ou uma cama flutuante, como são chamados dormitórios em mezaninos.

“Naquela hora eu apenas permiti que as referências entrassem na minha mente. Dentro desta história, aquele apartamento se tornou o reflexo da minha história: ele era maximalista, com muitas referências de viagens, estilos boho, étnico e industrial, tudo misturado, mas pouco depois comecei a sentir uma necessidade de respiro”.

Ao trocar de lar, as necessidades já se tornaram outras. Agora a prioridade era para um local mais calmo, leve, com menos coisas e majoritariamente em tons de branco.

“Dessa vez eu descasquei as colunas também, mas pintei de branco. Desenvolvi uma textura de parede para substituir os tijolinhos. E o mais curioso: não coloquei estante, prateleiras e nem muitas gavetas para não começar a acumular”.

Dentro desse movimento de “esvaziar” a casa, Lufe comentou que começou a entender verdadeiramente quais móveis faziam parte dessa história.

Antes, alguns bancos antigos faziam as vezes de aparadores do sofá, mas em breve eles serão substituídos por um móvel assinado com uma estética anos 1950 e 1960.

“Eu olho os banquinhos e eu gosto, acho bonito, mas é um bonito que passou. Eu preciso de um bonito do agora”.

Lufe diz que acha bonito entender que a casa é realmente o nosso espelho, por isso reflete tanto o nosso amadurecimento.

“Às vezes precisamos de mais, outras vezes de menos. O grande lance é se deixar abrir para essa informação e observar o que a casa está falando sobre você”.

Dentro dessa reflexão focada no olhar para dentro, surgiu o assunto que abordou a origem dos objetos de decoração.

De acordo com o fotógrafo, o artesanato tem um papel importante nesse tópico, pois vai na contramão de “encher a casa com objetos feitos aos pontos e que você não sabe de onde eles vieram”.

“Eu gosto quando a gente pensa que um objeto tem uma história, um pensamento por trás. Quando a gente fala de artesanato, da arte manual feita no brasil e mundo, a gente tá pensando em alma, em histórias, no nosso quintal! Eu gosto muito disso, eu tenho muito prazer e orgulho de pessoas que eu encontro na arquitetura que valorizam o nosso quintal e não somente o que vem de fora”, pontua.

“O artesanato brasileiro é importante pra gente entender o nosso país. O artesanato emociona, conta uma história única e é particular”.

Carreira de comunicador

Entre as inúmeras vertentes que Lufe Gomes domina está a comunicação. O engenheiro, fotógrafo e colunista do Archtrends também possui um canal no Youtube com quase 1 milhão de inscritos, onde conta a história dos imóveis que fotografou.

Quando questionado como surgiu essa veia para comunicação, Lufe é modesto.

“Acho que a gente se entender como comunicador passa por uma história que um professor de fotografia comentou uma vez em Londres. Ele disse que todo mundo nasce fotógrafo, é só você assumir a sua visão de enxergar o mundo. Faço o mesmo paralelo com a comunicação.”

Para Gomes, todos nós nascemos comunicadores, basta abandonar o “tem que”, certos e errados e apenas colocar para fora o que se tem. No caso de Lufe, esse processo aconteceu primeiro com as fotos, depois com textos e, por fim, com vídeos no canal do Youtube.

“Quando abri o meu canal do Youtube, queria explicar para as pessoas um pouco mais sobre as fotos que eu tirava das casas. Foi um processo de construção e libertação das minhas limitações”.

Hoje o conteúdo acontece com tanta naturalidade que sequer precisa de um segundo take. “Eu toco a campainha já gravando, sem take 2”, brinca.

Você pode acompanhar um pouco mais sobre o fotógrafo no Instagram e no canal do Youtube Life By Lufe

O designer Guilherme Wentz também esteve no podcast Archtrends. Confira o papo sobre design de móveis e originalidade aqui.

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