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Líbano: embarque em uma viagem pela arquitetura do país

A Marina de Beirute mostra os avanços econômicos, sociais e arquitetônicos que o Líbano teve ao longo de sua história (Foto: Paul Saad)

Como o Brasil, o Líbano tem raízes na mistura de povos que ocuparam as suas terras e demarcaram territórios com os seus costumes. E uma dessas demarcações mantidas até hoje pelo país do Oriente Médio é a preservação de edifícios históricos, com obras que atravessam milênios unindo tradições e renovações, guardando boas histórias.

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Banhado pelo Mar Mediterrâneo, o Líbano fica na parte ocidental da Ásia e tem a famosa capital Beirute como forte atrativo turístico, comercial e histórico. Isso mantém a característica de polo multicultural e referência do que de mais avançado se faz em diversas áreas, partindo da gastronomia, passando pelo entretenimento e chegando, é claro, na arquitetura.

Descubra os mercados, passeie por obras preservadas e contemple a beleza das mesquitas neste artigo, que traz o melhor da arquitetura do Líbano para apreciar e se inspirar!

O Líbano a partir de sua geografia com mar e montes

Traços orgânicos da geografia enaltecem a cultura e a história desse país (Foto: Visual Hunt)

Situado em uma área ao extremo leste do Mar Mediterrâneo, o Líbano está bem localizado tanto para se viver quanto para se fazer turismo, atividade na qual é muito privilegiado.

Cenários naturais, o icônico Monte Líbano e as cordilheiras que trazem neve ao país conhecido por seus ares quentes são marcas da geografia.

As diferentes civilizações e suas construções e reconstruções

O Líbano tem uma história tão tradicional quanto as religiões que lá são majoritárias. Há mais de 7 mil anos, a região era ocupada pelos fenícios, povo que tinha uma cultura predominantemente marítima.

Mas a multiculturalidade do Líbano não se fez com os fenícios apenas.

Turcos otomanos, assírios, persas, gregos e bizantinos foram as principais civilizações que deixaram as suas sementes na economia, nos costumes, nas artes e na arquitetura do país.

Baalbek, Líbano
Balbeque, também conhecida como Heliópolis, é a cidade histórica do Líbano, que revela a ancestralidade dos povos que por lá passaram e se multiplicaram (Foto: Visual Hunt)

Todas elas fazem do Líbano um destino mais do que recomendado. Afinal, são milênios de história permeados por guerras, catástrofes naturais e muitas construções.

Nesse contexto, a capital Beirute exerce um peso importante na história do Líbano.

Nos anos de fartura econômica, pré-Guerra Civil, ela elevou o país ao título de Suíça do Oriente. Hoje reestruturada, a cidade continua a se destacar como polo financeiro.

A cultura de traços multiculturais

Se o Líbano é riquíssimo em arquitetura, não seria diferente em sua cultura geral, uma vez que os mesmos povos que solidificaram as suas marcas em edifícios também deixaram as suas digitais em outras áreas.

Gastronomia

A culinária com certeza é um dos pontos altos da cultura desse país. O Líbano desponta como um dos melhores destinos para quem ama cores, aromas e sabores.

Rico em verduras, vegetais e especiarias que só se encontram por lá, o Líbano preenche muitas casas históricas e souks — mercados e feiras de rua — com comércios de alimentos.

Artes visuais

O Líbano é carregado de artes de diversos campos, das pinturas às esculturas. A maioria dos espaços em que se pode observar o melhor dessa riqueza estética fica em Beirute.

Agricultura

Apesar de não ser um ponto forte, o Líbano concentra grandes plantações de alimentos como laranjas, limões, pêssegos e maçãs. Proporcionalmente, o país é o território com mais área apta para cultivo no oriente.

Beirute, Líbano
Entre mesquitas e igrejas, antigas e novas construções, hábitos tradicionais e modernos, o Líbano continua a mesclar culturas (Foto: Paul Saad)

Economia

O Líbano pode ser considerado o país dos mercadores, pela sua vasta quantidade de comércios dos mais variados tipos. Ou seja, a cultura de empreender é básica por lá, e se aprende isso desde cedo.

Religião

Há uma verdadeira miscelânea de religiões no Líbano. O país é composto, em sua maioria, por muçulmanos, mas também há católicos maronitas, ortodoxos gregos, protestantes e greco-católicos. Há ainda uma pequena parcela de judeus, hindus e budistas.

Música

A música é parte da cultura popular do Líbano assim como é o futebol no Brasil. Ou seja, não há um libanês que nunca tenha se aventurado a tocar e a dançar as tradicionais canções do país.

A história do Líbano na arquitetura

Cheio de obras grandiosas, o Líbano é abundante em histórias e tradições em cada uma delas.

Catedral Ortodoxa Grega de São Jorge

Líbano, Catedral Ortodoxa Grega de São Jorge
A construção em rochas quadradas e padronizadas confere uma aparência muito sólida (Foto: Gregor Rom)

As marcas do povo grego dividem espaço com as construções islâmicas. Logo ao lado da Mesquita Azul fica a Catedral Ortodoxa Grega de São Jorge, a igreja mais antiga de Beirute, erguida o século XII.

O espaço foi construído no lugar de uma igreja ainda mais antiga, a Catedral da Ressurreição. Essa, por causa de um grande terremoto em 551, foi totalmente destruída.

Museu Nacional de Beirute

Líbano, Museu Nacional de Beirute
Além de carregar traços fortes das construções do Egito Antigo, remetendo às pirâmides, o espaço ainda tem influência francesa (Foto: Little Grounds)

Carregado de um acervo egípcio, o Museu Nacional de Beirute esbanja requinte e sustentabilidade.

O seu exterior tem uma cor que simboliza a areia do deserto de boa parte do Oriente Médio: o ocre.

Para garantir visibilidade de sobra a cada detalhe de seu acervo, que reúne mais de 100 mil peças, vidros imensos o preenchem e permitem a entrada de muita luz natural.

Souks de Beirute e Byblos

Líbano, Souk em Byblos
Em Byblos, a cidade mais antiga do mundo, os souks conservam a tradicionalidade que a idade exige (Foto: Mysi)

Na arquitetura popular, os souks predominam pelo Líbano. Afinal, cada cidade de lá, da maior à menor, tem o seu espaço dedicado ao comércio de rua.

Nesse sentido, o país demonstra muita contemporaneidade em Beirute, com souks projetados como verdadeiros shoppings centers. Cores terrosas, escadas rolantes, vidros e lojas de luxo compõem o cenário.

Já em Byblos, ainda que boa parte tenha sido revitalizada e adequada a modernos padrões de arquitetura, os espaços conservam paredes desgastadas, madeiras envelhecidas e telhados simples. Tudo o que identifica uma verdadeira cidade histórica.

Templo de Júpiter

Líbano, Templo de Júpiter
As colunas que resistiram à ação do tempo ainda trazem a imponência da casa do deus do dia, do céu e do trovão (Foto: Pixabay)

O imenso Templo de Júpiter está em Heliópolis, cujo nome significa "cidade do sol".

Uma herança arquitetônica deixada pelos fenícios-romanos na era em que eles cultuavam os deuses gregos.

Hoje, apenas seis colunas do templo podem ser avistadas ao longe, pela sua grandiosidade.

Templo de Baco

Líbano, Templo de Baco
Todo o projeto original, construído entre 150 d.C. e 250 d.C., ainda guarda entalhes em colunas, portas e demais espaços (Foto: Wikipedia)

Mais uma herança dos gregos em terras libanesas, o Templo de Baco, o deus do vinho, resiste às ações de terremotos, guerras e tempo.

Beirut Terraces

Líbano, Beirut Terraces
Cada planta tem, no mínimo, 400 m², é 100% automatizada e conta com paredes verdes (Foto: Wikipedia)

Colocando o Líbano como um dos países mais avançados em termos de arquitetura, o Beirut Terraces é um projeto ousado, que une a tradição às inovações.

O prédio em Beirute recuperou um edifício antes destruído pelos bombardeiros da Guerra Civil. Na retomada do espaço, a torre concentra mais de 130 apartamentos e ganha alto padrão.

O projeto privilegia uma arquitetura contemporânea, mas sem perder a identidade multicultural que o Líbano tem. Isso se deu com a construção de uma vila vertical, remetendo às vilas residenciais do país.

Mesquita Azul

Líbano, Mohammad Al-Amin, Mesquita Azul
Toda a ancestralidade contida no santuário parece ter milênios, tamanha a fidelidade às tradições. Porém, a obra começou a ser erguida em 2002 e foi concluída poucos anos depois (Foto: Travelandynews)

Mohammad Al-Amin, a maior mesquita do Líbano, tem capacidade para abrigar mais de 5 mil pessoas e é o monumento arquitetônico que marca com força esse país.

Por fora, a cúpula enorme na cor que dá o carinhoso nome popular desse templo. Por dentro, os imensos lustres dourados e os manuscritos no mesmo tom.

Museu Byblos

Líbano, Byblos Fossil Museum
Estilo de castelo e conservação do espaço dão mais originalidade a esse museu dedicado ao que de mais primitivo existe na história do Líbano (Foto: Museu 2009)

Conhecido como Memória do Tempo, esse é um espaço cultural em Byblos, destinado ao acervo de fósseis e demais registros de antigas civilizações.

Esqueletos de tubarões, raias, peixes e outros animais marinhos contam a história que está nas profundezas do Mar Mediterrâneo.

Museu Nabu

Líbano, Museu Nabu
Espaços abertos, vidros, concreto e muitas esculturas posicionadas nos ambientes externo e interno dão completude ao lugar (Foto: Nabu Museum)

Criado pelo empresário Jawad Adra, o Museu Nabu é o espaço ideal para se apreciar a arte contemporânea na sua forma pura.

Há também um acervo fixo de antiguidades oriundas do Oriente Médio, que soma mais de 2 mil itens.

Localizado em El Heri, com uma vista privilegiada do mar, o museu, ainda que relativamente pequeno, sintetiza com fidelidade os símbolos da arte contemporânea.

O Líbano tem o seu pé no Brasil e o Brasil tem o seu pé no Líbano

Para além da mistura de povos, ambos países se acolhem.

Por um lado, há mais de 9 milhões de libaneses em terras tupiniquins, mais do que no próprio país de origem. Por outro, o arquiteto Oscar Niemeyer deixou alguns de seus registros concretos em terras libanesas.

Niemeyer projetou e quase realizou a Feira de Trípoli. "Quase" porque, além de problemas desde o começo da construção, a Guerra Civil do Líbano, iniciada em 1975, impediu o progresso do grande projeto.

Líbano, Oscar Niemeyer, Trípoli
Uma das obras que o projeto reserva faz até parecer que o Líbano tem o seu Parque do Ibirapuera, pois há uma "oca" por lá (Foto: Suspended Spaces)

Com início em 1963, a obra consiste em um pavilhão aos moldes do Memorial da América Latina, na capital de São Paulo.

Ao todo, são 50 mil m², que reúnem 14 grandes estruturas de concreto ao estilo brutalista na Feira de Trípoli.

Espaço para palestras e apresentações, auditórios, passarelas e espaços vazios imensos dão o corpo e a alma do lugar que Niemeyer idealizou.

O Líbano de muitos recomeços

Por conta da explosão na zona portuária de Beirute, ocorrida em agosto deste ano, o Líbano sofreu fortes abalos na sua arquitetura histórica e contemporânea. Isso comprometeu boa parte da memória material do país.

Mas, assim como a história do Líbano é marcada por episódios de destruições e reconstruções, esse triste capítulo recente deve inspirar um recomeço, ainda que leve vários anos para essa página ser completamente virada.

O Líbano, os libaneses e os demais povos que ali vivem sabem se reerguer e fortalecer como poucos. Essa é uma lição que esse país e a sua arquitetura deixam para se contemplar e refletir sobre uma trajetória multicultural.

Descubra também as tradições e os avanços da arquitetura de Doha, a capital do Catar, outro país do Oriente Médio!

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