A arquitetura e o urbanismo como ferramentas de inclusão social
Em um mundo cada vez mais plural, pensar em inclusão social nos projetos de arquitetura e urbanismo se tornou obrigatório.
Afinal, os indivíduos são diferentes e mudam com o passar do tempo, o que requer planejamento para uma arquitetura inclusiva.
Mas o problema vai além. No Brasil, não é incomum encontrar pessoas vivendo em grandes cidades, mas sem acesso a uma boa estrutura, com água potável e saneamento básico, por exemplo.
Portanto, ainda que a gente conviva em sociedade, dentro dos mesmos limites geográficos, existem barreiras. E elas atrapalham a inclusão social de diversos grupos, sobretudo em periferias e favelas.
No entanto, ao pensar em soluções de inclusão social voltadas para a arquitetura e o urbanismo, é possível reduzir esses problemas. Entenda como nas linhas a seguir!
Afinal, o que é inclusão social?
O termo é usado para definir a inclusão de pessoas ou grupos minorizados. Ou seja, que historicamente ficaram de fora da socialização por diferentes motivos.
De maneira geral, estamos falando de indivíduos com necessidades especiais, como mulheres, negros, indígenas, idosos, LGBTQI+, pessoas de baixa renda e moradores de rua.
Eles podem sofrer com a falta de acesso à moradia, à educação, à saúde e ao trabalho. Além disso, não é raro que não tenham alimentação adequada garantida todos os dias.
Para gerar reflexão e evitar que esse tipo de situação aconteça, a inclusão social é um dos temas que aparecem na Declaração Universal de Direitos Humanos. Também está na Constituição Federal de 1988.
De forma resumida, se trata de buscar maneiras de incluir todos na sociedade, garantindo que tenham acesso aos mesmos direitos e deveres.
Essa equação, entretanto, não funciona muito bem. Um estudo feito pela Rede Nossa São Paulo revelou as diferenças que persistem na maior cidade do Brasil.
O Grajaú é uma das localidades com baixos índices de inclusão social. Por lá, há 5 vagas de trabalho para cada 100 habitantes. Enquanto isso, no Jardim Paulista, são 125 vagas para cada 100 pessoas.
Outra diferença é a expectativa de vida. Enquanto no Grajaú é de 60 anos, no Jardim Paulista chega aos 85 anos.
Como funciona a inclusão social na arquitetura e no urbanismo?
Pode até parecer um tema distante, mas a inclusão social está diretamente ligada aos profissionais de arquitetura e urbanismo. Afinal, eles são responsáveis por pensar nas cidades e nas moradias.
Ou seja, é preciso desenvolver soluções e alternativas para reduzir a desigualdade em projetos de todos os tamanhos, considerando que essa é uma tendência social.
Leia também
- Diversidade cultural: como isso se manifesta na arquitetura?
- Sustentabilidade na construção civil contribui para um mundo melhor
Formas de materializar a inclusão social no urbanismo
O urbanismo é um forte instrumento de inclusão social. Afinal, algumas medidas são essenciais para garantir direitos básicos, como o de ir e vir.
No entanto, grande parte das cidades brasileiras ainda deixa de lado necessidades como a inclusão de semáforos sonoros, para ajudar na locomoção de pessoas com deficiência visual, ou de rampas em calçadas, para que indivíduos com mobilidade reduzida tenham mais autonomia.
Isso, claro, sem falar na ausência de áreas de lazer, que são fundamentais para pessoas em situação de vulnerabilidade social, como as de baixa renda.
Confira, na sequência, algumas maneiras de usar o urbanismo a favor da inclusão social.
Infraestrutura
A infraestrutura é uma das principais formas de inclusão nas cidades. Com ela, garantimos que as pessoas tenham acesso a serviços essenciais, como água, esgoto, luz e internet.
Transportes alternativos
Pensar na mobilidade urbana também é uma forma de promover a inclusão social.
Atualmente, as grandes cidades priorizam veículos como carros, sobretudo no Brasil. Contudo, em projetos de urbanismo, é possível incluir outras alternativas, como é o caso das ciclovias.
Essa é uma maneira de construir espaços democráticos e acessíveis. Sem falar que o planejamento desses locais para a circulação de bicicletas torna o uso desse transporte mais seguro.
Políticas de habitação
Habitações sociais também são fundamentais para proporcionar inclusão, principalmente de pessoas de grupos vulneráveis do ponto de vista econômico.
Cultura e lazer
Diversos espaços também podem ser pensados para levar cultura e lazer à população.
Essa é uma forma de inclusão social, já que nem todas as pessoas conseguem ter acesso a esse tipo de serviço gratuitamente.
Nesse sentido, incluem-se percursos caminháveis, áreas verdes, espaços comerciais e até mesmo galerias, museus e teatros populares.
Evitar arquitetura hostil
A arquitetura hostil é uma forma de segregar as pessoas, pois evita a convivência entre elas.
Entre os principais exemplos estão pedras embaixo de viadutos, que impedem que moradores de rua passem a noite.
Há ainda outras formas de arquitetura hostil, como barras de aço que dividem bancos ou fachadas sem marquise.
Como usar a arquitetura inclusiva?
Quando o assunto é arquitetura inclusiva, temos alguns pontos que devem ser levados em consideração.
Nesse caso, é importante ter não só conhecimentos técnicos, como relacionados a cálculos, materiais e segurança.
Também é essencial ter uma visão humana daqueles que vão usar os espaços projetados, buscando se aprofundar nas particularidades, em vez de pensar em necessidades gerais.
Portanto, a arquitetura inclusiva considera os locais para diferentes pessoas, em diversos momentos da vida.
Nesse sentido, vai além da acessibilidade. Isso porque ela não pensa só em ambientes que possam ser usados por indivíduos com deficiência ou idosos, mas sim por todos.
Foi daí que surgiu o conceito de desenho universal. Ele reúne alguns princípios importantes, que ajudam a compreender como aplicar a arquitetura inclusiva:
- igualdade, já que o ambiente precisa estar pronto para ser usado por todas as pessoas;
- abrangência, ou seja, com dimensões que comportem todos os tipos de corpos;
- adaptabilidade, com flexibilidade para realizar mudanças ao longo do tempo;
- conhecido, com todas as informações proporcionando o entendimento;
- seguro, de forma que evite acidentes, sejam eles intencionais ou não;
- óbvio, ou seja, o uso do espaço precisa ser simples e intuitivo;
- sem esforço, para que o local seja usado sem dificuldade.
Para entender como fomentar a inclusão social por meio da arquitetura, acompanhe alguns exemplos abaixo, que incluem conceitos de ergonomia e diversidade.
Eles podem ser aplicados a residências, prédios públicos ou privados, hotéis, escolas, universidades, restaurantes e por aí vai.
Espaço de circulação
Os ambientes precisam ser pensados para que pessoas de todos os tamanhos possam usufruir sem problemas ou constrangimentos.
Rampas de acesso
As rampas são um exemplo de arquitetura inclusiva, já que permitem o fácil acesso de pessoas com mobilidade reduzida. Elevadores também podem ser usados.
Iluminação
Sobretudo no caso da arquitetura para idosos, algumas medidas precisam ser tomadas, como em relação à iluminação. Os espaços devem ser claros, seja com luz natural ou artificial, evitando acidentes.
Corrimãos
Em uma casa com criança, muita coisa muda. Inclusive, a preocupação com a segurança, que costuma aumentar.
Contudo, não é só a arquitetura para crianças que é importante. Seja para os pequenos ou para adultos com diferentes necessidades, é preciso incluir corrimãos em escadas ou rampas.
Sinalização
Principalmente em espaços públicos, é essencial que haja sinalização, facilitando a locomoção de todas as pessoas.
A inclusão social é uma das tendências de 2023. Quer conferir tudo o que está em alta? Baixe o Trend Book da Portobello!
muito bom texo, é uma referencia para minha monografia aquitetura inclusiva na periferia.