5 dicas de empreendedorismo na arquitetura
Com escritório na cidade de São Caetano do Sul, em São Paulo, as irmãs gêmeas Fernanda e Mariana Mattos iniciaram a carreira juntas, em 2009, após formação em Arquitetura e Urbanismo na Mackenzie. No mesmo ano, após experiência de estágio no mesmo escritório, o da arquiteta Silvia Pires, abriram o seu próprio espaço, então em Santo André, também no ABC paulista, o Mattos Arquitetura.
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As gêmeas - como são conhecidas - iniciaram a jornada batendo de porta em porta, pedindo indicações a colegas e em eventos. “Fazíamos amizade com porteiros, e eles nos indicavam”, conta Mariana. “Aprendemos que você tem que divulgar o que está disponível”.
Hoje, elas coordenam uma empresa com mais cinco arquitetas e trabalham, majoritariamente, em projetos residenciais de alto padrão. Elas são clientes da Portobello Shop São Caetano do Sul.
Ao olhar para trás, para esses 14 anos de experiência, analisam a importância do relacionamento com o cliente; do investimento no marketing da empresa; em permanecerem inquietas, e sempre ouvirem. A seguir, confira as dicas que elas compartilharam com o Archtrends sobre empreender na arquitetura:
1. Relacionamento com o cliente
O primeiro contato com o cliente ocorre por meio de uma reunião. Ali, as duas ouvem os desejos e fazem o briefing do projeto. Nesse momento também administram expectativas. “Se ele o cliente diz que tem um apartamento de 300 metros quadrados e quer fazer reforma em três meses, eu digo 'você não vai fazer'”, conta Fernanda. “Obra não é fácil, dá problema”.
“A pessoa quer te contratar como um relacionamento. Se ela sentir confiança, que você vai fazer o que está falando, ela contrata”, prossegue. “Eu tenho uma cliente que diz assim: ‘um cliente satisfeito te indica para cinco. O insatisfeito fala mal de você para 20’".
Outro ponto importante nesse encontro inicial é descobrir necessidades que, muitas vezes, os clientes não revelam (ou ainda nem sabem que têm). Para isso, é preciso observar o comportamento, estilo e outras questões que podem guiar o projeto. “É mais sobre o que ele não fala”, disse Fernanda. “Nosso objetivo maior no briefing é surpreender”.
2. Aprendizado contínuo
Como em qualquer profissão, a busca constante por conhecimento é essencial na arquitetura. “Queremos sempre fazer coisas novas", disse Mariana. “Eu aprendi a instalar um porcelanato. E agora, e a Lastra? Você tem que aprender. Você não quer um produto novo? Pois esse é diferente quanto a especificação, a aplicação. E estamos falando de revestimento, mas isso serve para tudo”.
Ela também indica se afastar de receitas de bolo. “Isso é uma das coisas importantes, querer ter conhecimento e buscar coisas diferentes, tem que ter esse perfil. Inquietude. Quem não cresce, regride”, disse.
“Eu sempre respeitei muito quem está na nossa frente, quem já passou por tudo que não passamos”, disse Fernanda. “Eu, que fico na obra, aprendo muito, eu tento ouvir para aprender. Esse negócio de 'eu sei tudo' é um problema”.
As arquitetas também destacam a importância em ouvir críticas e reconhecer os próprios equívocos. “Aprendemos com erros”, pontua Mariana.
3. Marketing
Poucos anos atrás, a dupla começou a investir na comunicação e marketing da empresa. Apesar da cartela de clientes e projetos de andamento, buscavam um reconhecimento e formas de divulgar melhor suas criações. Acionaram empresas de marketing e pediram orientações.
“O 'gêmeas’ (Gêmeas da arquitetura, como se apresentam no Instagram) não existia até mais ou menos três anos atrás. Sempre fomos gêmeas, mas não era algo que explorávamos”, disse Fernanda. “Os projetos nos diferenciam, mas demora mais, afinal nós nos relacionamos com pessoas”.
Mariana ressalta ainda a importância em dedicar tempo para sair com clientes, cuidar de redes sociais, marcar presença em eventos e viagens de trabalho.
4. Organização de trabalho
Mariana conta que a pandemia modificou processos no escritório, como cronogramas, entregas, ordens de compra e instalação - elementos que impactam a obra. Por isso, cabe grande organização das etapas de trabalho.
Primeiramente, elas fazem uma reunião com o cliente. Depois, discutem o projeto e como ele deve seguir. O processo interno é coordenado por Mariana, com medição, levantamentos, desenhos e desenvolvimento da planta 3D. Fernanda gerencia orçamentos, assim como a execução da obra. Por fim, elas se reúnem novamente para a decoração.
Outra regra no escritório é a venda de projetos sempre acompanhados com a obra. A decisão por seguir esse modelo vem, em grande medida, da relação de confiança que elas desenvolveram com prestadores de serviços, que poderão garantir o resultado.
5. Disposição para mudança e crescimento
“O empurrão é bom”, disse Fernanda. “Aprendemos com o erro e crescemos. Aprendemos que se ficarmos paradas, confortáveis, não vamos crescer”.
Ela conta que anualmente se reúne com a irmã para fazer um balanço do que foi feito no ano e planejam o próximo, com as próprias expectativas e prioridades. “Você tem que ter um norte, a moral do por que você faz”, disse Mariana.