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Dia Mundial da Arquitetura: entre as artes plásticas e as ciências sociais

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05.10.2020
Entenda mais sobre a importância do Dia Mundial da Arquitetura e veja a evolução histórica da arquitetura brasileira!
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Na primeira segunda-feira de outubro, comemoramos o Dia Mundial da Arquitetura. A data foi escolhida pela União Internacional dos Arquitetos (UIA) em 1986 para coincidir com as celebrações do Dia Mundial do Habitat.

Certamente, esse é um momento interessante para lembrarmos da importância dessa área de conhecimento e da história da arquitetura no nosso país.

Siga com a gente e celebre esse dia!

Dia Mundial da Arquitetura: um pouco de história sobre a data

Há uma certa confusão sobre o Dia Mundial da Arquitetura. Isso porque, em muitos países, ela é comemorada em datas diferentes.

Na primeira vez que ela foi instituída pela UIA, o órgão a estipulou em primeiro de julho. E muitos países ainda celebram nesse dia.

Porém, no Congresso da União Internacional de Arquitetos de 1996, realizado em Barcelona, foi decidido que a data seria celebrada toda primeira segunda-feira de outubro, de forma a coincidir com o Dia Mundial do Habitat.

Atualmente, diversas instituições celebram o Dia Mundial da Arquitetura duas vezes, vários países continuam a comemorar essa data em primeiro de julho e alguns comemoram em outros momentos do ano.

No Paraguai, por exemplo, o Dia da Arquitetura é comemorado em 16 de maio, em homenagem à fundação da Associação Paraguaia dos Arquitetos (APAR).

No Peru, a celebração ocorre em 8 de junho, quando foi fundado o Colégio de Arquitetos do Peru.

No Chile, essa comemoração acontece em 4 de agosto, lembrando a fundação da Câmara de Arquitetos do Chile.

Aqui no Brasil, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) segue a comemoração oficial, ou seja, na primeira segunda-feira de outubro.

Capela Ronchamp, um clássico da arquitetura moderna, de Le Corbusier (Foto: Robert Voos)
Capela Ronchamp, um clássico da arquitetura moderna, de Le Corbusier (Foto: Robert Voos)

A importância da arquitetura na vida e no bem-estar do ser humano

Apesar dessas divergências, a maioria dos países tem no seu calendário um dia específico no ano para celebrar a arquitetura. E isso não é por acaso, pois ela tem um papel extremamente importante na nossa sociedade e na vida de cada indivíduo.

“Arquitetura” vem do grego arché e significa “primeiro” ou “principal”. Ao ser combinada com o termo tékton, que quer dizer “construção”, temos a formação da palavra, que seria algo como “a primeira ou a mais importante construção”.

Esse nome reflete justamente o que é a arquitetura: a arte de projetar e edificar ambientes que serão habitados pelos seres humanos. É a capacidade de organizar o espaço e todos os seus elementos, resolvendo os problemas do homem.

A arquitetura influencia diariamente as nossas vidas e tem uma relação direta com o nosso bem-estar. Ela nasceu da nossa necessidade de abrigo e evoluiu com a nossa sociedade, com o nascimento de outras vertentes, como o planejamento urbano, o paisagismo etc.

Vista aérea de Brasília, a cidade planejada mais conhecida do país, tem o plano piloto em formato de avião (Foto: Roberto Castro)
Vista aérea de Brasília, a cidade planejada mais conhecida do país, tem o plano piloto em formato de avião (Foto: Roberto Castro)

Planejamento de espaços

Você já deve ter notado que existem locais nos quais você se sente bem e outros que lhe causam sensações desagradáveis, não é mesmo?

Isso acontece porque os espaços físicos influenciam as nossas emoções. Portanto, a arquitetura tem a capacidade de proporcionar mais felicidade e bem-estar às pessoas.

Na microescala, isso se traduz nos projetos residenciais, com espaços adequados para nos desenvolvermos.

Já em uma escala mais ampla, podemos pensar na presença da arquitetura no desenvolvimento de diferentes espaços — como escolas, hospitais etc — e nas próprias cidades, visando resolver problemas comuns à maioria dos centros urbanos, como o excesso de pessoas e veículos, a falta de áreas verdes, entre outros.

Juntos, a arquitetura e o urbanismo conseguem minimizar todos esses problemas, melhorando os índices de qualidade de vida.

Arquitetura enquanto reflexo das culturas

Além de tudo isso, a arquitetura é um reflexo da cultura de um povo. Ao analisarmos as construções de uma cidade, conseguimos conhecer um pouco do seu passado e dos seus costumes, já que elas são um reflexo de como as sociedades se veem no mundo e como as pessoas experimentam essa vivência.

Por isso, a arquitetura também tem um importante papel histórico cultural e é muito usada nos estudos de sociedades antigas, para que consigamos compreender como as pessoas viviam, se organizavam e se expressavam em outros tempos.

A Acrópole de Atenas com o Partenon no topo. A Atenas Antiga era uma das principais cidades-estado gregas. Uma forma de estudar essa sociedade é por meio da sua arquitetura (Foto: Christophe Meneboeuf)
A Acrópole de Atenas com o Partenon no topo. A Atenas Antiga era uma das principais cidades-estado gregas. Uma forma de estudar essa sociedade é por meio da sua arquitetura (Foto: Christophe Meneboeuf)

Diante disso, podemos aproximar a arquitetura de outras áreas do conhecimento, como as ciências sociais. Afinal, ela serve como uma lente pela qual podemos interpretar nossos arredores.

Ao mesmo tempo, ela se aproxima das artes plásticas, do design e de vários outros conhecimentos artísticos, já que é uma forma de expressão que prepara os cenários para os comportamentos sociais e as reações interiores.

Não é simples definir a arquitetura. Essa é uma área do conhecimento multifacetada, que expressa histórica e culturalmente nossas sociedades, ao mesmo tempo em que traz uma síntese de emoções e formas de nos relacionarmos com o espaço ao redor.

A arquitetura brasileira

A arquitetura brasileira, assim como várias outras facetas da nossa sociedade, recebeu múltiplas influências e é reflexo de todas as culturas que formaram nosso povo.

Antes mesmo dos portugueses desembarcarem por aqui, nós já tínhamos uma arquitetura própria, expressada pela forma de organização espacial dos povos indígenas.

Com os europeus, vieram os diferentes estilos e, também na construção, eles passaram a impor seus costumes e suas práticas.

Exemplo de arquitetura indígena: Parque do Xingu (Foto: Pedro Biondi)
Exemplo de arquitetura indígena: Parque do Xingu (Foto: Pedro Biondi)

Contudo, mesmo desejando construir novas edificações como realizavam na Europa, eles tinham dificuldades, pois não encontravam mão de obra capacitada e nem os mesmos materiais.

Ao longo do tempo, as formas de planejar e construir os espaços foram se moldando a partir do uso de diferentes técnicas e materiais das culturas e dos povos que formaram nosso país.

Pode-se dizer, contudo, que a arquitetura brasileira realmente “nasceu” em 1530, quando os portugueses passaram a fundar suas primeiras cidades por aqui.

Ela pode ser dividida em:

Arquitetura indígena

Basicamente, os povos indígenas contavam com malocas (residência comunitária) e ocas (casas individuais), sendo que elas ficavam organizadas em aldeias, chamadas de tabas.

Essas construções eram feitas com fibras, folhas, timbó e sapé. Depois, eram amarradas com cipós. Tínhamos, assim, a arquitetura indígena.

Arquitetura colonial

Chamamos de arquitetura colonial aquela realizada entre 1530 a 1830, da chegada dos portugueses até a oficialização da independência. No início, as estruturas eram mais simples, com taipa de pilão e pau-a-pique.

Depois, passaram a adotar as alvenarias de pedra e os tijolos de adobe, o que permitiu estruturas maiores, com mais pavimentos e pé-direito mais alto.

Esse foi o período das ornamentações rebuscadas, com fachadas com perfis de estuque, pseudo-pilastras e sacadas inteiriças.

Arquitetura barroca

Os primeiros edifícios de arquitetura sacra no Brasil foram erguidos em estilo barroco, na segunda metade do século XVI. No início, a influência da cultura portuguesa era marcante; depois, eles passaram a ganhar identidade própria.

A maior produção nacional ocorreu no século XVIII, em Minas Gerais, sendo o nosso maior acervo as construções das cidades de Ouro Preto, Diamantina, São João Del Rei, Mariana e Santa Bárbara.

Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, uma das principais cidades com arquitetura barroca no Brasil (Foto: Sarah and Iain)
Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, uma das principais cidades com arquitetura barroca no Brasil (Foto: Sarah and Iain)

Arquitetura neoclássica

Foi realizada de 1820 até o final do século XIX e surgiu como uma resposta aos exageros do barroco. A principal cidade a ter essa influência foi o Rio de Janeiro, que, a partir de 1763, passou a ser a capital do Império e recebeu um número enorme de europeus.

O arquiteto de maior importância desse período foi Grandjean de Montigny.

As edificações tinham plantas simplificadas e eram simétricas, com porão alto, platibandas, cornijas e frontões, além de cores suaves e processos construtivos avançados, com a presença de materiais nobres (como o mármore) e janelas e portas envidraçadas.

Arquitetura eclética

O surgimento foi gradativo, com predominância entre o século XIX e as primeiras décadas do século XX. É uma mistura de estilos do passado, porém aproveitando os avanços da engenharia, incluindo o ferro forjado.

O auge da arquitetura eclética no país ocorreu após a Proclamação da República, quando esse estilo foi adotado na remodelação da capital federal.

Arquitetura moderna

O ecletismo reinou absoluto até o início do século XX, com algumas manifestações da Art Nouveau. Porém, com as mudanças trazidas a partir da Semana de Arte Moderna de 22, nascia também uma nova expressão da arquitetura brasileira: o modernismo.

Na arquitetura, as maiores influências foram Mies van der Rohe e Le Corbusier. O estilo tipicamente brasileiro pode ser apreciado nos trabalhos de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.

É nesse estilo também que se dá a construção de Brasília e de outras cidades planejadas, com edifícios com formas geométricas, sem ornamentos, uso de pilotis no térreo, panos de vidro e presença das artes em murais, móveis e jardins.

Igreja de São Francisco de Assis, no conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, uma das mais importantes criações de Oscar Niemeyer (Foto: André Borges Lopes)
Igreja de São Francisco de Assis, no conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, uma das mais importantes criações de Oscar Niemeyer (Foto: André Borges Lopes)

Arquitetura contemporânea

É aquela produzida a partir da década de 1980 até os dias atuais. Não existe uma linguagem única e cada artista tem a sua própria forma de interpretação.

A única ligação é a vontade de alinhar, nas propostas, o conforto ambiental com os processos de racionalização, criando ambientes funcionais, econômicos e sustentáveis.

Para isso, costuma-se usar materiais naturais, reutilizáveis e menos tóxicos, com presença forte do design orgânico e da economia verde.

Os principais arquitetos brasileiros

Impossível comemorarmos o Dia Mundial da Arquitetura sem nos lembrarmos dos principais arquitetos brasileiros, concorda? Vamos ver um pouco mais sobre eles.

Paulo Mendes Rocha

Ele é um dos principais expoentes da arquitetura atemporal, reconhecido dessa forma pelo júri da Bienal de Veneza.

Paulo Mendes da Rocha é vencedor do Prêmio Pritzker de 2006 e assina importantes obras, como o Sesc 24 de maio, o edifício Guaimbê e a reforma da Pinacoteca do Estado de São Paulo — que lhe rendeu o prêmio Mies Van der Rohe para a América Latina.

Vista interna do edifício sede da Pinacoteca do Estado de São Paulo após intervenção de Paulo Mendes Rocha (Foto: Rodrigo Soldon)
Vista interna do edifício sede da Pinacoteca do Estado de São Paulo após intervenção de Paulo Mendes Rocha (Foto: Rodrigo Soldon)

Lina Bo Bardi

Lina Bo Bardi era ítalo-brasileira e conhecida pelo seu estilo moderno. Um dos principais prédios que levam sua assinatura é o do Museu de Arte de São Paulo (MASP).

Em uma época na qual a arquitetura era majoritariamente masculina, ela foi pioneira na área, abrindo caminhos para a participação feminina.

MASP, uma das principais criações de Lina Bo Bardi, demonstra a modernidade da arquiteta (Foto: Wilfredor)
MASP, uma das principais criações de Lina Bo Bardi, demonstra a modernidade da arquiteta (Foto: Wilfredor)

Além do MASP, ela assina a Casa de Vidro, que foi sua residência por mais de 40 anos e hoje funciona como sede do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, o Sesc Pompeia, o Teatro Oficina e o Solar do Unhão.

Lúcio Costa

Nascido na França, mas filhos de brasileiros, Lúcio Costa é um dos principais nomes da arquitetura brasileira. Ao lado de Oscar Niemeyer, ele foi responsável pelo planejamento de Brasília.

Outra construção que leva seu nome é o Palácio Gustavo Capanema ou Ministério da Educação do Rio de Janeiro.

Vista norte do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, um dos principais expoentes de Lúcio Costa (Foto: Imagens ABM)
Vista norte do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, um dos principais expoentes de Lúcio Costa (Foto: Imagens ABM)

Oscar Niemeyer

Sem dúvida, Oscar Niemeyer é o principal nome da arquitetura modernista brasileira, aclamado em todo o mundo.

Um dos seus projetos mais conhecidos é a construção de Brasília, mas suas obras se espalham por todo o Brasil e por outros países também.

Catedral de Brasília, um exemplo da arquitetura sinuosa de Niemeyer (Foto: Teófilo Baltor)
Catedral de Brasília, um exemplo da arquitetura sinuosa de Niemeyer (Foto: Teófilo Baltor)

As curvas sensuais são a marca das suas criações. Até hoje, Niemeyer é estudado em todo o mundo, sendo o mais famoso arquiteto brasileiro da história. Entre suas obras estão o edifício Copan, o Conjunto da Pampulha e o Parque do Ibirapuera.

Neste artigo, você viu que o Dia Mundial da Arquitetura é celebrado na primeira segunda-feira de outubro e, por mudanças históricas, ainda há certa confusão em relação à data certa.

Independentemente disso, o fundamental é lembrarmos a importância dessa área do conhecimento, que tem influência direta no nosso dia a dia e ajuda a traduzir as formas de ser e expressar das sociedades e culturas, acompanhando as modificações e inovações do tempo.

Gostaríamos de aproveitar para parabenizar a todos os arquitetos que diariamente transformam ambientes, cidades e sonhos, construindo novas formas de enxergar e se relacionar com a realidade.

Se você é arquiteto e ainda não tem seus projetos publicados no Archtrends, que tal se cadastrar na plataforma e compartilhar com o mundo as suas criações? Crie a sua conta agora mesmo!

Foto de destaque: O Museu de Arte Contemporânea, em Niterói, é um exemplo da arquitetura de Oscar Niemeyer, um dos nomes mais importantes da arquitetura brasileira (Foto: Diego Baravelli)

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