Arquitetura romântica: emoção, tradição e bucolismo
A arquitetura romântica foi um movimento que ocorreu entre os séculos XVIII e XIX. As edificações dessa época evocavam estilos anteriores, ao passo que acrescentavam detalhes culturais do momento.
Clique no play abaixo para ouvir o artigo completo:
Até hoje o movimento influencia arquitetos de todo o mundo, que se inspiram nas características da época do romantismo para os seus projetos.
Na sequência, falaremos mais sobre a história da arquitetura romântica, os seus princípios, os exemplares famosos e muito mais. Siga a leitura para conferir!
O romantismo como movimento
Não podemos falar da arquitetura romântica sem citar o período histórico em que ela ocorreu.
Estamos nos referindo ao romantismo, um movimento artístico, político, cultural e filosófico que surgiu na Europa no final do século XVIII e durou até quase o final do século XIX.
O romantismo tinha uma visão de mundo contrária ao iluminismo e ao racionalismo. O movimento ganhou força por ter um viés muito mais nacionalista, que viria a se consolidar entre os estados da Europa.
De acordo com o historiador Jacques Barzun, o romantismo teve três grandes momentos:
- 1ª geração: tinha características mais centradas no subjetivismo, no lirismo, no exótico, no sonho e no exagero;
- 2ª geração: os movimentos culturais passaram a ser focados no pessimismo, em um gosto pela morte, pela religiosidade e pelo naturalismo;
- 3ª geração: fez a transição para o movimento realista, denunciando os males e os vícios da sociedade.
O romantismo foi um movimento que influenciou todas as artes.
Na pintura, um dos principais destaques foi o francês Eugène Delacroix, famoso pela tela A liberdade guiando o povo, que reúne diversos ideais românticos em seus traços.
Já na literatura, um dos grandes destaques foi Goethe, autor de livros clássicos do romantismo, como Os sofrimentos do jovem Werther e Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister, entre outros.
A música também foi influenciada pelo romantismo. Compositores como Beethoven, Chopin e Tchaikovsky tinham ideais românticos e romperam com o rigor formal do classicismo em suas composições.
O contexto histórico e os princípios da arquitetura romântica
Em meio ao cenário cultural do romantismo, também se desenvolveu a arquitetura romântica.
Os projetos arquitetônicos que fazem parte desse movimento tinham o objetivo de evocar reações emocionais, por respeito, tradição ou nostalgia de um passado bucólico.
As maiores inspirações dos arquitetos românticos eram os estilos da Idade Média, como a arquitetura gótica. Inclusive, o neogótico é uma das variantes populares que surgiu nessa época.
A literatura também inspirava muito os arquitetos românticos. Obras como O corcunda de Notre-Dame, de Victor Hugo, fizeram com que o interesse em adotar alguns traços da Idade Média aumentasse.
Prosper Mérimée, autor de contos românticos, foi o primeiro chefe de comissão de Monumentos Históricos na França. Ele foi o responsável por divulgar e restaurar obras que foram profanadas e arruinadas após a Revolução Francesa.
Exemplo disso é a restauração da Catedral de Notre-Dame de Paris, projeto liderado pelo arquiteto Eugène Viollet-le-Duc.
No que se refere aos materiais utilizados, a arquitetura romântica fazia mesclas de elementos antigos e modernos. Era comum o uso de concreto e ferro nessas edificações.
Além disso, é interessante ressaltar que no romantismo as construções não tinham um propósito muito decorativo. O objetivo maior era a funcionalidade; ou seja, as edificações tinham que ser úteis.
Os exemplares famosos da arquitetura romântica pelo mundo
Sem dúvida, a arquitetura romântica foi um movimento de grande valor cultural para as artes. Provas disso são os diversos projetos espalhados por todo o mundo.
Isso mostra como o romantismo não ficou limitado à Europa. Veja, a seguir, alguns exemplares da arquitetura romântica.
Strawberry Hill House
A Strawberry Hill House é uma vila neogótica construída em Twickenham, Londres. Liderado por Horace Walpole, esse projeto foi desenvolvido entre os anos de 1749 e 1776.
A vila tem características góticas, como as torres externas e a decoração elaborada para criar uma escuridão, se adequando a objetos de antiquário, que são amplamente utilizados.
Palácio de Christiansborg
Na Dinamarca, o Palácio de Christiansborg é um exemplar da arquitetura romântica. O projeto é uma restauração de um antigo castelo do rei Cristiano VI, que foi destruído em um incêndio.
Com um estilo neobarroco e fortemente ligado à aristocracia europeia, atualmente o Palácio de Christiansborg é a sede do Parlamento Dinamarquês, do escritório do Primeiro-ministro e da Suprema Corte da Dinamarca.
Pavilhão Real de Brighton
O estilo neomourisco, outra ramificação da arquitetura romântica, surgiu no século XIX. Projetado por John Nash, o Pavilhão Real de Brighton é um dos exemplares mais famosos desse período na Inglaterra. Ele tem cúpulas em forma de cebola e minaretes.
Palácio da Pena
Um dos últimos países europeus a receber projetos de arquitetura romântica foi Portugal. Os primeiros exemplares começaram a ser vistos por volta de 1830. De acordo com historiadores, a Guerra Peninsular e a fuga da Família Real para o Brasil são alguns dos motivos que explicam essa demora.
Entre as principais edificações portuguesas que seguem o estilo romântico está o Palácio da Pena, projetado pelo Barão de Eschwege. Localizada em Lisboa, a construção foi eleita, em 2007, como uma das Sete Maravilhas de Portugal.
Considerado um Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Palácio da Pena se divide em quatro áreas principais e é bastante exótico. Ele mistura estilos como o neogótico, o neomanuelino, o neoislâmico e o neorrenascentista.
Catedral Diocesana de Santa Teresa
No Brasil, a arquitetura romântica começou a ganhar força quando os imigrantes europeus chegaram às nossas terras.
Na Serra Gaúcha, por exemplo, os italianos foram responsáveis por projetos do tipo, como a Catedral Diocesana de Santa Teresa, um dos principais pontos turísticos da cidade de Caxias do Sul.
A Catedral de Santa Teresa tem um visual majestoso, com formas amplas e estilo neogótico coerente. Na parte interna, ela guarda relíquias artísticas dos primórdios do município.
As influências da arquitetura romântica em projetos contemporâneos
Em projetos contemporâneos, a arquitetura romântica marca presença, principalmente, quando se busca a simplicidade e a funcionalidade.
Afinal, como vimos, o objetivo desse movimento era que as edificações fossem funcionais.
O uso do porcelanato em fachadas, por exemplo, dá glamour aos projetos e faz com que eles tenham características funcionais.
Já em ambientes internos, as soluções estéticas e funcionais, características da arquitetura romântica, podem ser vistas nos múltiplos usos das lastras, superfícies contínuas de porcelanatos em dimensões gigantes. As possibilidades são ilimitadas!
Assim como outras correntes, a arquitetura romântica marcou a história e até hoje influencia os profissionais. Ao se aprofundar nos conceitos que ela traz, você poderá aplicá-los com criatividade em seus projetos.
Se você gosta de conhecer diferentes estilos e vertentes, convidamos você agora para ler o nosso artigo que fala sobre a arquitetura africana. Ele traz muitas informações interessantes e inspiradoras!