Arquitetura grega: inspire-se no maior clássico do ocidente
Certamente, a arquitetura grega é uma das mais importantes em todo o mundo. Afinal, ela atravessou séculos e até hoje inspira projetos imponentes.
Embora o Partenon e os icônicos templos gregos sejam as construções que vêm à nossa mente primeiro quando pensamos na escola grega de arquitetura, eles não são os únicos símbolos.
Preparamos este artigo completo com muitas informações sobre a arquitetura grega e dicas para você usar essa inspiração em projetos atuais. Embarque conosco nessa viagem histórica!
Um pouco da história da arquitetura grega
A arquitetura grega tem início em VIII a.C. e se estende até o primeiro século d.C. Ela abrange os povos de língua grega situados não apenas na região atual da Grécia, mas também nas ilhas do Mar Egeu, no Peloponeso, nas colônias gregas em Ionia (costa da Ásia Menor) e na Magna Grécia (colônias gregas na Itália e na Sicília).
É impossível falarmos em arquitetura da Grécia sem citarmos a mitologia, afinal, as principais obras arquitetônicas dessa época são os templos erguidos em homenagem aos deuses. Eles tinham muita importância para a sociedade grega, não apenas em termos religiosos, mas principalmente porque eram neles que a vida social ocorria, sendo palcos dos eventos civis e esportivos.
Como a maior parte da arquitetura grega era destinada a homenagear os deuses (Zeus, Apolo, Atena etc.), as estruturas eram grandes e majestosas, pois, com as construções, os homens buscavam se aproximar do poder divino.
Outro ponto que impulsionava as grandes construções era o poder de superação. Até então, grandes estruturas já haviam sido construídas. Por que, então, não as desenvolver ainda maiores?
Para garantir toda essa imponência, o principal material usado nas construções era o mármore — que era bonito e necessitava de um trabalho fino para ser usado na estrutura construtiva.
Além dele, eram usados materiais como madeira para as coberturas e alabastro (produzido com minerais e gesso) para as telhas.
Raramente, a argila também era empregada, para os tijolos de construções menos importantes.
Embora os templos gregos sejam os mais conhecidos atualmente, a arquitetura desse povo passou por algumas modificações ao longo dos anos. No período arcaico, a principal influência foi a dos padrões estéticos egípcios. Conforme outras civilizações passaram a habitar a Grécia, mais influências chegaram, como a dos minoicos.
Além dos templos, a arquitetura grega é marcada pela construção de grandes teatros, praças e estádios, locais nos quais os cidadãos gregos exerciam a ideia de democracia.
Características
Algumas características são fundamentais na escola arquitetônica grega, como:
- obras com finalidade de uso público (templos, teatros e estádios);
- marcante presença de pórticos e colunas na maioria das obras;
- perspectiva, simetria e proporções rigorosas;
- valorização do belo e da estética perfeita;
- exatidão e equilíbrio nas formas;
- obras monumentais.
Porém, nem todas as construções gregas eram exatamente iguais. Isso porque, na Grécia Antiga, havia três correntes arquitetônicas distintas, sobre as quais falaremos a seguir.
Os principais estilos da arquitetura grega
Os principais estilos da arquitetura grega são as ordens Dórica, Jônica e Coríntia. A diferenciação mais marcante está na ornamentação das colunas.
Dórico
A ordem dórica iniciou na Grécia Continental e se espalhou pela Itália. É o estilo mais simples entre os três e conta com poucos detalhes de ornamentação, o que transmite uma sensação de firmeza. As colunas não têm base e são caneladas.
O Partenon é o maior expoente dessa ordem e é considerado o monumento mais importante da Grécia Antiga. Ele foi construído entre 447 a.C. e 438 a.C. na cidade de Atenas para homenagear a deusa Atena.
Jônico
A ordem jônica tem como característica o acabamento detalhado e minucioso no topo e ao longo da coluna, com desenhos que transmitem mais leveza para as obras. Além disso, há uma forte presença de bases circulares.
Essa ordem dividiu espaço com a anterior, mas se desenvolveu mais fortemente nas cidades gregas em Ionia, na Ásia Menor e nas ilhas do Mar Egeu.
Coríntio
Por fim, temos a ordem coríntia, que apresenta um estilo bem semelhante ao jônico, com a diferença de contar com maior riqueza na ornamentação e nos detalhes, pois é decorada especialmente com folhas.
O estilo coríntio, no entanto, não foi tão explorado pelos gregos, justamente porque apresentava muitos detalhes. Os romanos se apropriaram dele posteriormente.
No início, o coríntio era bastante empregado na parte interna das construções, como no Templo de Apolo Epicuro.
Muito tempo depois, as características desse estilo puderam ser vistas no Templo do Zeus Olímpico e no Choragico de Lisicratos, ambos em Atenas.
A arquitetura grega também se divide em períodos: arcaico (fase inicial de desenvolvimento, entre os séculos VIII a.C. e V a.C.), clássico (apogeu da arte grega, entre os séculos V a.C. e IV a.C.) e helenístico (decadência e transformações no campo das artes devido às influências de diversas culturas, do século III a.C. até o início da Era Cristã).
Os maiores expoentes da arquitetura grega
Além dos templos, construções muito presentes na arquitetura grega eram as stoas — grandes fileiras de colunas apoiadas por uma parede lisa e coberta. Esses espaços eram usados principalmente como locais de reuniões.
Já os grandes teatros, que tinham um formato circular e o "palco" localizado na parte de baixo, eram os locais para a realização de espetáculos, eventos e esportes. Em volta do palco, na parte superior, estava a arquibancada circular e enorme, produzida em pedra.
Outra construção muito presente eram os estádios, que tinham um aspecto parecido com os teatros, em formato circular e com as arquibancadas de pedra que desciam até o centro do ambiente.
No entanto, ao invés de também ter um formato circular, a parte central parecia um cilindro, formato propício para corridas de cavalos e outras atividades esportivas. Um exemplo famoso é o estádio de Olympia, na cidade de Olímpia.
Abaixo, reunimos alguns bons exemplos da arquitetura grega clássica.
Templo de Zeus Olímpico
Situado em Atenas, esse templo foi dedicado ao Zeus Olímpico e também é conhecido como Olimpeu. Ele é colossal e fica bem no centro da capital grega.
A construção teve início no século VI a.C. por Persistratos. Entretanto, por razões desconhecidas, a obra foi interrompida e só foi finalizada no reinado do imperador romano Adriano, 638 anos após o seu início.
Partenon
Sem dúvida, esse é um dos edifícios mais importantes da história grega. Situado no topo da cidadela da Acrópole, ele foi dedicado a Atena, deusa da sabedoria e patrona dos atenienses.
Inicialmente, ele foi construído como celebração e graça aos deuses pela vitória dos gregos sobre os persas, mas também é um importante símbolo da democracia ateniense, da Grécia Antiga e da civilização ocidental.
Ao longo da história, o Partenon já teve diferentes usos, como uma igreja dedicada à Virgem Maria, no final do século VI, e uma mesquita após a conquista otomana, no início de 1460.
O Partenon começou a ser construído em 447 a.C. e é o edifício sobrevivente mais significativo da arquitetura da Grécia, sendo o pináculo da ordem dórica, com esculturas e obras que pertencem ao topo da arte grega.
Templo de Hera
Esse é um antigo templo grego arcaico dedicado à rainha das deusas gregas, Hera. Situado em Olímpia, ele foi erguido em 590 a.C., inicialmente em madeira, mais tarde em pedra.
Nas proximidades, está outro templo construído para Zeus.
O Templo de Hera foi construído a partir da ordem dórica, com 16 colunas, e acabou sendo destruído por um terremoto no início do século IV d.C.
Durante o processo de escavação, arqueólogos encontraram uma cabeça de mármore de Hera junto da estátua de Hermes.
É no altar desse templo que a chama olímpica é acesa, tornando a ruína um dos mais importantes símbolos dos Jogos Olímpicos.
Odeon de Herodes Atticus
Essa construção não é um templo, mas sim um teatro, situado na encosta sudoeste da Acrópole, em Atenas, na Grécia.
O teatro foi construído pelo magnata ateniense Herodes Atticus em memória de sua esposa, Aspasia Annia Regilla.
Ele é um teatro íngreme, com uma parede frontal de três andares e um telhado de madeira produzido em cedro libanês.
Foi palco de importantes shows e recuperou a antiga glória em 1950, quando as áreas do palco e dos assentos foram reconstruídas com mármore pentélico.
Hoje, o local é palco de uma variedade de apresentações gregas e internacionais.
Além desses, ainda podemos destacar:
- Stoa de Attalos, Agora: construída como um presente para Atenas em troca da educação que Attalos recebeu. Foi erguida pelo rei Attalos II de Pérgamo, que governou entre 159 a.C. e 138 a.C. Pertencente à Era Helenística, ela é mais elaborada e maior que outras construções antigas de Atenas. Mede 115×20 m;
- O Grande Teatro de Epidauro: é considerado o mais perfeito de todos os tempos, com um auditório, um palco e uma área orquestral. Não foi modificado durante a Era Romana e mantém os seus ares helênicos;
- Templo de Hefesto, Agora: uma obra de arquitetura dórica clássica que é muito bem preservada e permanece exatamente como foi construída em 415 a.C.
Arquitetura grega e contemporaneidade: dicas para usar essa inspiração nos seus projetos
A arquitetura grega serve de inspiração até hoje.
Os primeiros a se inspirarem nela foram os romanos, se apropriando da estética e técnica grega construtiva e agregando novos conceitos e ideias.
Com o fim do Império Romano, a arquitetura clássica caiu no esquecimento e só ressurgiu no período do Renascimento Cultural.
O movimento neoclássico, no século XVIII, trouxe novamente o estilo greco-romano à luz. Hoje, a arquitetura clássica grega pode ser vista em construções e design de interiores com projetos que primam por pontos como:
Rigor nas dimensões
As construções gregas eram perfeitas e, por isso, os cálculos eram precisos, considerando a harmonia e as proporções do espaço.
Um exemplo é o Partenon, cujas colunas variam de tamanho para se ajustarem às perspectivas do observador. Se fossem apenas retas, elas ficariam distorcidas pela visão.
Uso de pilares e colunas
Os pilares, as vigas e colunas — muito usados nas obras atuais — foram inspirados nas construções gregas, já que eram extremamente presentes e diferenciados, dependendo do estilo, como vimos.
Uso do mármore
A Grécia é o terceiro país que mais fornece mármore para o Brasil, ficando apenas atrás de Espanha e Itália.
A abundância do material fez com que os gregos antigos substituíssem outras opções pelo mármore, sendo especialistas na lapidação dessa pedra, presente em inúmeras construções e aparecendo atualmente em diversas aplicações com inspiração grega.
Proporções matematicamente precisas
A proporção áurea aparece na natureza, nos corpos humanos e na arquitetura. Quando é usada na concepção de peças ou na disposição arquitetônica, torna o conjunto mais equilibrado, agradando imediatamente o olhar.
Todas essas ideias podem ser traduzidas em colunas nas fachadas, linhas precisas (mesmo sem colunas, a estrutura pode ser reta ou quadrada, por exemplo), tons de branco e bege, imponência nas construções (em termos atuais, isso pode se traduzir no uso do vidro) e, claro, na presença do mármore em revestimentos de fachadas ou no interior das residências.
Atualmente, uma opção mais amiga do meio ambiente e igualmente interessante é o porcelanato que reproduz perfeitamente o design do mármore.
Ele pode ser usado em diferentes pontos do seu projeto, como pisos, paredes, fachadas, móveis e muitos outros.
No universo dos porcelanatos, uma tendência são as lastras, com medidas acima de 120×240 cm, o que garante ainda mais versatilidade nas aplicações.
As lastras também oferecem sustentabilidade graças ao seu processo inovador de fabricação, sendo consideradas, por muitos, como o futuro dos revestimentos.
Neste conteúdo, você viu que a arquitetura grega é de suma importância histórica para o desenvolvimento do ocidente e que até hoje os seus preceitos marcam as nossas construções e técnicas. Gostou deste artigo? Então, continue a aprender: saiba mais sobre a arquitetura romana!
Foto de destaque: Templo de Comuna, em Sicília, na Itália, da época em que os gregos colonizavam o sul italiano, formando a Magna Grécia. As ruínas das construções gregas ainda podem ser encontradas no Vale dos Templos (Foto: Berthold Werner)