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Agricultura urbana: conheças os benefícios e origens dessa prática

As hortas urbanas estimulam a economia local e são uma fonte de renda para famílias (Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília)

Modernizar-se é importante, mas boa parte da nossa cultura é baseada em hábitos milenares. Um exemplo é a agricultura urbana. 

Embora ela tenha se desenvolvido e conte com ferramentas modernas, ela surgiu há milênios, quando o homem abriu mão do nomadismo.

O que marca a agricultura urbana, porém, é a quantidade de benefícios que ela traz para o cidadão, o meio ambiente e a comunidade ao redor. 

A alimentação básica pode estar no jardim ao seu lado. Feito de maneira sustentável, o cultivo local ajuda na economia dos pequenos produtores, na proteção ao meio ambiente e na saúde da população de baixa renda. 

Conheça um pouco mais sobre a agricultura urbana.

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Agricultura urbana melhora a qualidade do ambiente e da vida da sociedade ao redor (Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília) 

O que é agricultura urbana?

A agricultura urbana é aquela feita dentro das cidades, mas em menores proporções do que a rural, feita em grandes campos.

Aqui, o agricultor utiliza pequenos locais para produzir seus alimentos e criar animais, que podem ser tanto para consumo próprio quanto da comunidade local com a venda a pequenos comerciantes. 

O espaço também pode produzir plantas medicinais e ornamentais.  

Esse tipo de agricultura se divide entre:  

A agricultura urbana é cultivada principalmente em quintais, terraços e pátios. Quando feita por toda a comunidade — a chamada horta comunitária —, ocorre em pátios públicos ou terrenos não urbanizados. 

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Como surgiu a agricultura urbana?

A agricultura é uma prática milenar. Surgiu a partir do momento em que o homem deixou de ser nômade e começou a praticar o sedentarismo, ou seja, a ter uma moradia fixa. 

Assim que fixou moradia, ele percebeu a necessidade de cultivar seus próprios alimentos.

Já a agricultura urbana segue esses mesmos moldes. Quando o homem começou com o sedentarismo, a prática era para consumo individual ou das primeiras comunidades surgindo na Antiguidade. 

Mas a forma como conhecemos hoje surgiu principalmente com o crescimento desregulado das cidades, sem que houvesse um suporte para a população desfavorecida. 

Moradores, associações, igrejas e organizações não governamentais implementam a prática para melhorar a qualidade de vida local.

Programa Hortas Cariocas

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Placas ajudam a identificar as espécies em desenvolvimento (Foto: Pedro Sobreiro/Ascom Prefeitura) 

Um exemplo de sucesso de agricultura urbana é o programa Hortas Cariocas. 

Promovida pela prefeitura do Rio de Janeiro, a iniciativa une comunidades locais para criar a maior horta urbana no mundo. O objetivo é incentivar o consumo de alimentos orgânicos e promover uma renda. 

Metade da produção do Hortas Cariocas é doada para asilos, orfanatos, famílias carentes, creches e orfanatos identificados pela associação de moradores local. Já a outra metade é comercializada. 

Atualmente, o programa conta com 280 pessoas trabalhando nas 56 unidades — 29 hortas em comunidades e 27 na rede de ensino municipal. 

Quais os benefícios da agricultura urbana? 

Veja o que o cultivo de plantas e criação de animais pode proporcionar à população: 

Saúde à população 

A saúde está intrinsecamente ligada às condições alimentares. Quando a população só tem acesso a ultraprocessados, fica mais suscetível a doenças. 

Promovida pela agricultura urbana, a boa alimentação previne doenças, traz energia para as atividade cotidianas e evita o contato com agrotóxicos. 

Além disso, por ser mais acessível, ela permite que mais pessoas tenham acesso a refeições saudáveis — mesmo que sejam apenas as pessoas ao redor. 

Proteção ao meio ambiente

Agricultura urbana em Vancouver, Canadá  (Foto: Javier Eduardo González Hernández

Proteger solos e água também é proteger a população. 

Um terreno abandonado ou quintal costuma ser usado como "aterro" por boa parte da população. 

Além de inutilizar um pedaço de terra fértil, os resíduos ali presentes atraem insetos, roedores, abutres e outros animais de maior porte, causando diversas doenças e colocando a população em perigo. 

O chorume (líquido resultante da decomposição da matéria orgânica do lixo) polui água, ar e solo. A queima dos resíduos também gera gases de efeito estufa, além de ser um risco caso o fogo perca o controle.  

Agora imagine esse mesmo terreno sendo utilizado como uma horta ou pomar. As plantas ali presentes melhoram a qualidade do ar, ajudando a manter um ambiente mais fresco. 

Menos espaço para jogar resíduos também significa menos chorume e, consequentemente, um agente externo a menos deixando a população mais vulnerável. 

Influência positiva 

Mesmo que a família não cultive para vender em comércios locais, ela pode influenciar vizinhos e amigos a também adotar a agricultura urbana. 

Obviamente, é preciso ter espaço para ampliar o cultivo e saber evitar pragas. Além disso, uma composteira é essencial, já que uma a prática usual na agricultura urbana.

O que é feito com os produtos da agricultura urbana?

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Ação comunitária em Santa Maria (RS) promoveu o plantio de mais de 200 árvores (Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília)

A agricultura urbana é feita para consumo próprio ou para comerciantes locais, como mercados e feiras, já que sua produção não tem grande escala.  

Qual a diferença entre a agricultura urbana e a rural? 

A grande diferença está na localização. A agricultura rural é feita fora do perímetro urbano definido por leis municipais, enquanto a urbana é feita dentro desse mesmo limite. 

Além disso, a agricultura urbana é feita numa escala muito menor — em pequenos espaços vazios dentro das cidades.  

Como fazer agricultura urbana?

Com dicas dos sites eCycle, Globo Rural e Broto, veja como dar os primeiros passos para levar agricultura às cidades: 

Defina um bom espaço 

Lembre-se de que não é preciso ter um pátio ou quintal extenso para começar a plantar. Um canteiro suspenso e uma horta vertical também são exemplos de agricultura urbana. 

O importante é que a terra tenha qualidade e, claro, receba luz solar. O espaço deve receber luz natural por, pelo menos, sete horas diárias. Isso garante que a planta possa produzir fotossíntese. 

Outra boa notícia é que o espaço nem precisa ser seu. Um espaço público próximo à residência, uma praça abandonada ou até um canteiro do prédio vai servir para sua plantação — nesse último caso, converse com o síndico e vizinhos para desenvolver um trabalho comunitário. 

Escolha o tipo de plantação

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Horta do Paranaguamirim, em Joinville (SC), foi criada pela Paróquia São Miguel Arcanjo (Foto: Huerta Agroecológica Comunitaria Cantarranas)

Como dito, é possível criar uma horta, pomar, plantas ornamentais e medicinais. Quando se define o tipo de cultivo, fica mais fácil estabelecer os diferentes tipos de raízes que serão plantadas lá. 

Também observe se animais serão criados no mesmo espaço e se as plantas não podem causar intoxicação aos bichos. 

Avalie o mercado local 

Se você pretende usar a agricultura urbana para vender ao comércio local, analise quais produtos têm um preço mais elevado ou ficam em falta por conta da distância. Esses podem ser o trunfo da sua plantação. 

Trabalhe o solo 

Se a terra apresenta alguma planta desenvolvida ou muda, já dá para observar que ela tem potencial de fertilidade. Contudo, nem sempre isso acontece — e você pode deixá-la mais forte com o uso do adubo correto. 

Dê preferência para a compostagem. Rico em matéria orgânica, o húmus de minhoca é o melhor adubo para se aplicar, pois beneficia todo tipo de planta, tem ph neutro e é rico em sais minerais. 

Evite adubos solúveis, chamados de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). Com o tempo, eles deixam o solo infértil. 

Em floriculturas ou lojas de agropecuária, procure substrato próprio para semeaduras. 

Plante Acacia mangium 

Outra forma de fertilizar a terra é por meio da Acacia mangium, tipo de árvore que consegue crescer em solos pobres e produzir muita matéria orgânica.  

Depois que a planta crescer, pode a madeira e deposite-a no terreno para o fornecimento de matéria orgânica. Por ser uma espécie exótica, não deve crescer para além dos limites do espaço de plantação. 

Montando o canteiro

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A agricultura urbana permite que a população mais vulnerável tenha acesso a alimentos saudáveis (Foto: Huerta Agroecológica Comunitaria Cantarranas

Caso resolva cultivar em um canteiro, é preciso seguir algumas regras. 

A largura deve ter o dobro do tamanho do seu braço esticado. Assim, você consegue alcançar o centro do canteiro de ambos os lados, facilitando todo o manejo da terra. 

Não se esqueça também de que não se pode andar sobre o solo onde as plantas serão cultivadas, porque isso vai compactar a terra. Portanto, coloque o canteiro em um espaço que permita que você circule sem ter que passar por cima dele. 

Alterne o cultivo 

Uma forma de manter o solo sempre saudável é alternando o cultivo. Onde foram colhidas frutas, coloque plantas de raiz ou hortaliças. Assim, você diminui as chances de desgaste. 

Como visto, a agricultura urbana é uma forma de sustento e uma resposta à desigualdade social. Que tal continuar o assunto e entender o que é racismo ambiental e como ele afeta a população?

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