Lagoa da Pampulha: um encontro entre natureza, história e arquitetura
A Lagoa da Pampulha é um dos locais mais visitados de Belo Horizonte, Minas Gerais.
Além de contar com áreas verdes, excelentes para o lazer e o esporte, ela possui um conjunto arquitetônico riquíssimo, projetado por Oscar Niemeyer.
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Por isso, vale a pena se programar para aproveitar ao máximo o passeio pela lagoa, que conta com 18 km de extensão.
Continue a leitura para saber qual é a história da Lagoa da Pampulha e o que você encontra por lá!
O que você precisa saber sobre a Lagoa da Pampulha?
A história da Lagoa da Pampulha começou nos anos 1930, durante a gestão do prefeito de Belo Horizonte Otacílio Negrão de Lima.
Foi ele quem deu início às obras para a construção de uma barragem Na época, a ideia era criar uma represa, para servir de reservatório de água para a capital mineira.
Por acreditar na vocação turística do local, Otacílio pavimentou a orla da Lagoa da Pampulha, que se tornou uma área atraente para a prática de esportes.
Mas o que ficou conhecido mais tarde como Conjunto Arquitetônico da Pampulha foi um projeto de Juscelino Kubitschek, eleito prefeito de Belo Horizonte em 1940.
Basicamente, JK quis modernizar a cidade criando a Avenida Pampulha, hoje chamada de Avenida Antônio Carlos.
Em 1943, aconteceu a inauguração oficial do conjunto, que se tornaria uma das obras consagradas do arquiteto Oscar Niemeyer e inclui os seguintes edifícios:
- Casa do Baile;
- Cassino;
- Iate Golfe Clube;
- Igreja de São Francisco de Assis;
- Residência Kubitschek.
O projeto também incluía a construção de um hotel, que não chegou a se concretizar.
Em 1946, por conta da proibição dos jogos de azar no Brasil, o cassino foi fechado. Uma década depois, o espaço foi transformado no Museu de Arte da Pampulha.
O Iate Golfe Clube passou a se chamar Iate Tênis Clube em 1960, quando foi vendido para a iniciativa privada.
Ao longo das décadas seguintes, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha manteve a sua relevância.
Tanto é que foi tombado em 1984 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA).
Em 1997, pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), recebendo um reforço ainda maior para a sua preservação.
Mais recentemente, em 2016, recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.
Quais são os edifícios do Conjunto Arquitetônico da Pampulha que você precisa conhecer?
Seja você arquiteto ou amante da arquitetura, certamente se encantará com as obras-primas projetadas por Niemeyer para a Lagoa da Pampulha.
Essas estruturas se tornaram verdadeiros ícones da arquitetura moderna brasileira e, a partir de agora, você vai entender o porquê.
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Igreja de São Francisco de Assis
A Igreja de São Francisco de Assis, chamada também de “Igrejinha”, é considerada a protagonista do conjunto.
Não há como passar pela Lagoa da Pampulha sem ter o olhar atraído por suas curvas e formas inusitadas.
Este foi o projeto em que Niemeyer fez novos experimentos em concreto armado. Ele criou uma abóbada parabólica que funciona como estrutura e, ao mesmo tempo, como fechamento, sem precisar de alvenaria.
A partir daí, o uso de estruturas de concreto armado em formas ousadas viria a se tornar uma marca das obras do arquiteto.
Foram justamente as curvas da igreja que encantaram arquitetos e artistas da época. No entanto, não agradaram às autoridades eclesiásticas.
Durante 14 anos, ela foi proibida ao culto, não apenas por conta das formas não usuais da construção, mas também pelo painel de Cândido Portinari em que um cachorro representa um lobo ao lado de São Francisco de Assis.
O interior da Igrejinha ainda abriga 14 paineis da Via Crúcis, uma das obras mais importantes de Portinari.
No exterior, além de paineis figurativos de Portinari, é possível observar os paineis abstratos em pastilhas de cerâmica feitos por Paulo Werneck e os jardins assinados por Roberto Burle Marx.
Museu de Arte da Pampulha
O Museu de Arte da Pampulha conta com um acervo diversificado de arte contemporânea, com cerca de 1600 obras de grandes artistas, como Di Cavalcanti, Guignard, Antonio Dias, Tomie Ohtake, Frans Krajcberg e Alfredo Volpi, entre outros.
Entretanto, não foi projetado para ser um museu. Passou a abrigar o Museu de Arte da Pampulha apenas a partir de 1957.
Foi o primeiro edifício do Conjunto Arquitetônico da Pampulha a ser construído. A encomenda foi feita por JK para a criação de um cassino.
O uso de mármore e vidro mostra as influências de Le Corbusier no trabalho de Oscar Niemeyer. Essa escolha de materiais tinha o intuito de criar uma atmosfera elegante para a burguesia da época.
Até ser fechado, o cassino, que foi o primeiro de Belo Horizonte, atraiu jogadores de todo o Brasil e transformou a vida noturna da cidade com grandes atrações musicais.
Casa do Baile
A Casa do Baile, inaugurada em 1943, conta com um salão com mesas e pista de dança, além de um pequeno restaurante.
Uma referência em arquitetura modernista, a construção fica em uma ilha artificial ligada à orla da Lagoa da Pampulha por uma ponte de concreto.
Chama a atenção pelas formas da fachada e a marquise sinuosa. A intenção de Niemeyer era integrar totalmente o edifício ao restante do conjunto.
O projeto tinha como objetivo não apenas valorizar artisticamente a Pampulha, como também oferecer diversão ao povo.
Até 1948, quando encerrou as suas atividades, como reflexo do fechamento do cassino, funcionou como um espaço de lazer, com música e dança.
Depois disso, o edifício foi utilizado para diferentes finalidades. Em 2002, passou por uma restauração coordenada pelo próprio Niemeyer e foi reaberta como um Centro de Referência de Arquitetura, Urbanismo e Design.
Iate Tênis Clube
O Iate Tênis Clube, chamado na época de Iate Golfe Clube, foi construído em 1942. O edifício remete a um barco que se lança na Lagoa da Pampulha.
Funciona até hoje como um clube recreativo.
Um dos elementos de destaque é o piso superior, onde está o Salão Portinari, em homenagem a Cândido Portinari, responsável pela pintura de um dos paineis do local.
Já a parte de baixo funciona como abrigo para os barcos que navegam pela Lagoa da Pampulha.
Assim como nos demais edifícios do conjunto, os jardins foram idealizados pelo paisagista Roberto Burle Marx.
Nos anos 1970, um anexo com salão de festas e sala de ginástica foi construído, destoando do restante do Conjunto Arquitetônico da Pampulha.
Ainda prejudicou a relação visual entre os edifícios, já que estava obstruindo a visão do clube a partir da Igreja da Pampulha.
Diante disso, a Unesco, responsável por declarar o conjunto Patrimônio Cultural da Humanidade, colocou a demolição do anexo com reconstituição paisagística como condição para conceder a declaração de Patrimônio Mundial.
Casa Kubitschek
A Casa Kubitschek recebeu esse nome por ter sido projetada por Niemeyer para ser a residência de final de semana, com vista para a Lagoa da Pampulha, do então prefeito da capital mineira.
Assim como os demais edifícios do conjunto, possui elementos da arquitetura moderna. E os jardins foram projetados por Burle Marx.
O edifício foi construído em um terreno amplo, em aclive, para favorecer a vista da lagoa.
É feito de concreto armado, com empena sobre a varanda. Ainda conta com obras de arte, como um painel de azulejos de Alfredo Volpi que retrata representações cartográficas antigas.
Hoje o local funciona como museu e espaço cultural.
Aproveite o passeio pela Lagoa da Pampulha
Para quem se interessa por arquitetura e deseja conhecer as obras de Niemeyer, o passeio pela Lagoa da Pampulha é um prato cheio.
Mas, além da importância arquitetônica e artística, o local oferece experiências surpreendentes próximas à natureza, ainda que imersa em uma grande cidade.
Isso porque o corpo d'água está rodeado por árvores, ciclovias, trilhas e vistas panorâmicas do pôr do sol.
Portanto, visitar a Lagoa da Pampulha é curtir um encontro entre natureza, história e arquitetura em um único lugar.
Se você admira o trabalho da Niemeyer, que tal entender o que é a arquitetura moderna e quais são as suas influências?