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Cobogó Mundaú

Design, sustentabilidade e economia circular

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17.05.2021
Uma seleção de produtos pensados sob esses três pilares, que são mantras para a criação do único futuro possível.
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Já faz muito tempo que o tema sustentabilidade deixou de ser uma tendência e tornou-se um paradigma que deve guiar todos os meios de produção e hábitos de consumo. Isso porque os recursos naturais são finitos e, parafraseando o escritor Mike Berners-Lee, não existe um planeta B (There is no Planet B - A Handbook for the Make or Breake Years, Cambridge University Press, 2017). É preciso cuidar da terra e de tudo o que ela é capaz de nos dar e tratar esses recursos com alta responsabilidade para garantir um mundo saudável e possível para as gerações futuras. 

Se preferir, clique no play abaixo para ouvir o artigo completo:

Medidas como redução das emissões de carbono, maximização dos recursos a fim de evitar desperdício de material, e responsabilidade no descarte — seja de resíduos de produção ou da peça em si ao final de sua vida útil— , passam a ser pilares fundamentais no processo criativo de designers e arquitetos, seja na criação de um produto, no programa de um projeto residencial ou comercial, ou na concepção de um espaço público.

E, para a sorte do nosso planeta A e único, temos diversas práticas exemplares no Brasil no mundo para nos inspirar e nos ajudar a fortalecer essa chamada economia circular ou, como alertou o designer Marcelo Rosenbaum no último Archtrends Summit, organizado pela Portobello, em março deste ano, nos ajudar a desenvolver uma sócio-economia circular. Vejam, aqui, alguns exemplos de tirar o chapéu.

Instalação The Circular Garden, de CRA-Carlo Ratti Associati 

Crédito: Marco Beck Peccoz

Para o Salão de Milão de 2019, o escritório italiano CRA-Carlo Ratti Associati, em parceria com a empresa de energia Eni, desenvolveu uma instalação arquitetônica composta de 60 arcos de 6 metros de altura, feitos unicamente com micélio, a raiz fibrosa de cogumelos. O micélio necessário foi cultivado durante as seis semanas anteriores à montagem e, ao final da exposição, o material foi triturado e devolvido à terra.

“A natureza é um arquiteto muito mais inteligente do que nós”, diz Carlo Ratti, sócio-fundador do CRA e diretor do MIT Senseable City Lab. “À medida que continuamos nossa busca coletiva por uma arquitetura 'viva' mais responsiva, cada vez mais confundiremos os limites entre os mundos do natural e do artificial”, completa.

Chamada de “The Circular Garden”, a obra instalada no Orto Bothanico de Milão foi o projeto mais instagramado da design week italiana - mostrando como a pesquisa e a criatividade podem criar beleza e poesia, sem produzir resíduos, de forma 100% circular.

Poltrona Nuez Lounge BIO®, de Patricia Urquiola para Andreu World

Crédito: divulgação

Criada a partir de um termopolímero de origem natural, não fóssil, gerado por microrganismos vivos, a estrutura de concha da poltrona Nuez Lounge BIO® é  biodegradável e compostável. A criação da designer espanhola Patricia Urquiola para a Andreu World ainda conta com tecidos produzidos de pet reciclado e foi projetada para que os materiais que a compõem possam ser facilmente separados quando do fim de sua vida útil: tecido, espuma, madeira, alumínio, além da concha em si. Um projeto pensado na sustentabilidade 360 graus.

Cadeira Re-Chair, de Antonio Citterio para Kartell

Crédito: divulgação

A Re-Chair é resultado da estratégia da marca italiana Kartell de produzir peças que combinam materiais sustentáveis e tecnologia. Desenhada por Antonio Citterio, a cadeira é feita de termoplástico reciclado e seu nome captura a própria essência da peça (Re vem de recyclable). O resultado é uma cadeira produzida de acordo com princípios sustentáveis, caracterizada por linhas arrojadas que conseguem criar uma sensação de leveza e solidez ao mesmo tempo.

Bleu de Savoie, da Portobello

Crédito: divulgação/Portobello

Dentre as novidades da Portobello lançadas em março deste ano, durante e Expo Revestir, se destacou a coleção Blue de Savoie, reprodução fiel da pedra homônima autorizada através da parceria inédita entre a Portobello e a cava em Aime, na região dos Alpes Franceses. “A pedra Bleu de Savoie é uma das pedras mais raras do mundo. A parceria nasceu com o objetivo de preservar suas fontes naturais”, explicou Cristiane Ferreira, diretora de branding da Portobello. A pedra encanta pela variação de tons de cinza azulado e veios claros, por vezes brancos, agora perfeitamente reproduzidos em formato 120 cm x 120 cm, bem como em lastras imponentes, de 120 cm x 270 cm ou 160 cm x 320 cm.

Cobogó Mundaú, de Marcelo Rosenbaum e Rodrigo Ambrósio para Pointer

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Crédito: divulgação

Desenvolvido por Marcelo Rosenbaum e o Instituto A Gente Transforma, em parceria com o designer Rodrigo Ambrósio, o Cobogó Mundaú faz parte do projeto Maceió Mais Inclusiva. O produto traz em sua composição a concha do sururu, molusco típico da região, e será comercializado como uma das coleções da Pointer, com chegada prevista para o final do ano nas lojas Portobello Shop. Além de valorizar as características culturais da região, onde nasceu o conceito desse tipo de elemento vazado, o projeto tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos moradores. A ideia surgiu da necessidade de resolver um problema sanitário das comunidades do bairro Vergel, às margens da Lagoa do Mundaú, em Maceió, onde a pesca do sururu é uma das atividades mais importantes para a economia local. Seus resíduos, porém — mais de 300 toneladas de cascas do molusco por mês — se acumulam às margens da lagoa, poluindo suas águas, trazendo mau cheiro e doenças para a comunidade entorno. Com um olhar atento, criativo e pleno de compaixão, as conchas do molusco passaram a ser tratadas, limpas, moídas e misturadas ao cimento para se transformar no Cobogó Mundaú, este lindo elemento vazado que, além de reciclar o resíduo da pesca, oferece aos moradores da região novas possibilidades de geração de renda. O perfeito exemplo da necessária socioeconomia circular, como bem definiu seu idealizador, Marcelo Rosenbaum.

Bicicleta Muzzicycles 

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Crédito: divulgação

Criada pelo artista Juan Muzzi, a bicicleta urbana Muzzicycles tem quadro feito de plástico reciclado com garantia vitalícia, o que reduz a necessidade de extrair minério para fazer a mesma peça de metal. O principal objetivo do projeto é reutilizar o combustível fóssil (plástico descartado) e, uma vez eliminado o problema, usar fontes renováveis para não extrair minerais. A Muzzicycle está presente em 20 países e, segundo o fabricante, é a única bicicleta do mundo feita de plástico reciclado.

Banco Pino, de Christian Ullmann 

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Crédito: divulgação

O banco Pino é um projeto do consultor de design, inovação e gestão e professor do Istituto Europeo di Design, Christian Ullmann. A peça, feita com materiais 100% reaproveitados, tem a intenção de estimular o debate sobre

tendências ambientais, sociais, comportamentais e tecnológicas do presente. "O banco Pino é uma pista, uma ideia alternativa dentro desta nova linha de pensamento de design exploratório e ecossistêmico", explica Christian. Na estrutura do móvel, o designer usou madeira de cruzeta, barras roscadas, porcas e arruelas — todos componentes descartados pelo sistema de distribuição de energia elétrica da cidade de São Paulo.

Tapetes em Econyl, da Punto e Filo

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Crédito: divulgação

Desenvolvido pela empresa italiana Aquafil, o Econyl, utilizado pela marca de tapetes Punto e Filo, é fabricado por meio de uma técnica que usa como matéria-prima produtos de nylon descartados em oceanos e aterros sanitários. O processo começa com a coleta de tapetes antigos e redes de pesca, que movimenta ONGs do mundo todo envolvidas com essa atividade. Depois, o nylon passa por um processo de regeneração e pode ser utilizado novamente sem perder a qualidade. Assim, quando um tapete feito com esse fio chega ao fim de sua vida útil, ele pode ser convertido em um produto novo. Segundo a Punto e Filo, a cada 10 mil toneladas de fio Econyl, evitam-se o consumo de 70 mil barris de petróleo. Na foto, uma tapeçaria assinada pelo arquiteto Antonio Ferreira Junior feita com este material.

Cortinas Sea-Tex, da Hunter Douglas

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Crédito: divulgação

Produzidas a partir de materiais retirados de oceano, a composição das cortinas Sea-Tex, da Hunter Douglas, é de 50% de plástico reciclado e 50% de poliéster virgem. A poluição crescente dos mares, que ameaça milhares de espécies, foi o que motivou a marca a desenvolver essa coleção de cortinas sustentáveis. Para coletar a matéria-prima, a Hunter Douglas patrocina a iniciativa U-Turn, que reúne voluntários e promove mutirões de limpeza das águas ao redor do mundo.  

Mesas Piscinas, de ALVA Design

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Crédito: Estúdio Tertúlia

A nova coleção de mesas, assinadas pela ALVA Design, recebeu o nome de Piscinas e apresenta volumes e planos de azulejos, com estrutura em madeira e aço inox. "Para essa coleção, investigamos a possibilidade de despir os móveis de sua significância normal, abolindo verdades únicas e restaurando os poderes da imaginação", contam Marcelo Alvarenga e Susana Bastos. As cerâmicas utilizadas nas mesas são todas provenientes de reúso de peças antigas, garimpadas em locais especializados nesse tipo de material, popularmente conhecidos no Brasil como "cemitério de azulejos".

By Kamy Verde

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Crédito: divulgação

Há três anos, a By Kamy inaugurou um galpão batizado de By Kamy Verde, onde realiza pesquisas e criações de protótipos desenvolvidos com sobras de sua produção. O objetivo é promover a criatividade e o design brasileiro a partir do reuso, desenvolvendo produtos que carregam a sabedoria têxtil. “Com a utilização desses retalhos, criamos novos tapetes totalmente feitos desse processo, reafirmando a preocupação da marca com o meio ambiente”, afirma a diretora criativa Francesa Alzati. Um dos frutos deste projeto é a série Mandala, assinada pelo designer Kiko Maldonado, produzida com a técnica de upcycling.   

Cadeira Hydro, de Tom Dixon

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Crédito: divulgação

Assinada pelo designer britânico Tom Dixon, a cadeira Hydro foi criada em colaboração com a empresa Hydro, a maior produtora de alumínio do mundo. A peça é moldada por sopro em altas temperaturas e, em seguida, cortada a laser por robôs. Esse método foi desenvolvido pela indústria automotiva e, por isso, a Hydro é produzida por uma fábrica da Tesla, no Canadá. As formas arredondadas asseguram força e rigidez, além de conferir um visual descontraído à cadeira, que é 100% reciclável e vem marcada com um número de edição limitada e certificado assinado por Tom Dixon.

Estas criações demonstram como a sustentabilidade, tecnologia, tradição, criatividade, compaixão e poesia podem andar juntas e dar vida a novos produtos sem abrir mão do design!

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