Renzo Piano: uma referência em arquitetura sustentável
O italiano Renzo Piano é um dos grandes nomes da arquitetura contemporânea. Ele ficou tão conhecido por inserir elementos tecnológicos em seus projetos e desafiar os limites da arquitetura que foi convidado para desenhar edifícios no mundo inteiro.
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Suas obras mais famosas estão espalhadas por diferentes países, sempre tendo a sustentabilidade como uma de suas principais preocupações.
A versatilidade do seu design também é marcante. De museus a edifícios comerciais, cada detalhe de suas criações é único.
Versátil, vanguardista e voltado para a sustentabilidade, o arquiteto é reconhecido como um artista. Quando ganhou o Prêmio Pritzker, em 1998, o júri o comparou a Leonardo da Vinci, Michelangelo e Brunelleschi.
Quer saber mais sobre a vida e o trabalho de Renzo Piano? Então, continue a leitura!
A história de Renzo Piano
O gosto de Piano pela arquitetura veio de berço. Quando nasceu, em 1937, na cidade italiana de Gênova, sua família era formada por construtores bastante conhecidos na região.
Seguindo os passos de seu pai, o arquiteto estudou na Escola de Arquitetura do Instituto Politécnico de Milão.
Sua sede por conhecimento fez com que continuasse a se dedicar aos estudos até 1970. Nesse período, ele viajou por vários países da Europa e pelos Estados Unidos. Também trabalhou com diversos arquitetos renomados, além do próprio pai.
Em seguida, Piano fez uma parceria com Richard Rogers, inaugurando o escritório Piano & Rogers. Juntos, eles desenvolveram uma das obras mais importantes para a arquitetura contemporânea: o Centro Georges Pompidou, em Paris.
Alguns anos depois, trabalhou em parceria com o engenheiro inglês Peter Rice, desenvolvendo projetos de urbanização e até de museus.
Em 1981, abriu o Renzo Piano Building Workshop, com sedes em Gênova e Paris. A iniciativa foi responsável por grandes obras, como a fábrica da Fiat, em Turim; o aeroporto de Kansai, no Japão; e o estádio San Nicola, em Bari.
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Projetos mais famosos do arquiteto
Diante de tantas obras grandiosas de Renzo Piano, a nossa vontade é falar de todas elas, já que cada uma apresenta conceito, estilo e características especiais. Mas tivemos que fazer uma seleção.
A seguir, você vai conhecer alguns dos projetos mais admirados mundo afora.
Centro Georges Pompidou
Por conta de sua estrutura e arquitetura high-tech, esse edifício com aparência de “máquina urbana” recebeu muita atenção de toda a comunidade internacional de arquitetos.
Além de ser uma obra visionária, ele ajudou a revitalizar o bairro, embora algumas críticas julguem que o prédio não se encaixa no contexto histórico da área.
Renzo Piano revolucionou a arquitetura ao colocar tubulações do lado de fora do edifício e pintá-las em cores vivas.
Isso sem falar na escada rolante em um tubo transparente que cruza a fachada do prédio na diagonal. Não há como não se impressionar diante dessas inovações.
Academia de Ciências da Califórnia
A Academia de Ciências da Califórnia foi reconstruída após um terremoto que destruiu os antigos edifícios do museu. Tornou-se um ótimo exemplo de arquitetura sustentável graças ao projeto elaborado por Renzo Piano.
O prédio se mescla com seu entorno, uma vez que o teto é coberto por vegetação nativa, tem um design sustentável e vários recursos amigáveis ao meio ambiente.
Além das cúpulas colocadas sobre o teto, que permitem a entrada de luz natural, uma parte do telhado de vidro se abre para receber ar fresco na praça central.
Assim, a temperatura interior pode ser regulada sem uso do ar condicionado, o que torna o edifício energeticamente eficiente.
The Shard
Construído sobre a estação London Bridge, The Shard se tornou o mais alto arranha-céu da Europa. Além de um hotel e algumas residências, conta com restaurantes, escritórios, lojas e centros culturais.
Em vez de ser visto como um símbolo de poder, a ideia de Renzo Piano foi criar um edifício que tivesse uma presença suave no cenário urbano de Londres.
Tanto é que sua ponta parece desaparecer em meio às nuvens. Sua superfície de vidro ainda permite um ótimo aproveitamento da luz natural.
Aeroporto Internacional de Kansai, Osaka
Renzo Piano é um arquiteto do mundo. Suas obras rodam o planeta. E, obviamente, seu estilo futurista não poderia estar de fora do Japão.
Um dos seus principais trabalhos é o Aeroporto Internacional de Kansai, feito com a Arup Group Limited, empresa de engenharia do Reino Unido.
Localizado em Osaka, segundo mais importante centro financeiro do país, o aeroporto é um dos projetos mais ambiciosos de infraestrutura e transporte do Japão.
Inaugurado em 1994, o projeto visava diminuir o congestionamento do Aeroporto Internacional de Osaka e proporcionar um terminal aeroportuário maior à região.
Para que isso fosse possível, ele foi construído sob um terreno resgatado do mar, formando uma ilha artificial. O Aeroporto Internacional de Kansai se tornou, portanto, o primeiro aeroporto flutuante do mundo.
Riscos de afundamento e reforma
O problema é que o solo abaixo do aeroporto se comporta como uma esponja. Por isso mesmo, já era previsto que a construção fosse afundar em um prazo de 50 anos, mas acreditava-se que haveria uma estabilização do terreno a quatro metros acima do mar.
Infelizmente, o aeroporto já afundou cerca de 11,5 m desde a inauguração.
Além do mais, a construção já resistiu a dois desastres naturais: um terremoto, em 1995, e um tufão, em 2018. Para tentar impedir que o aeroporto afunde, já foram investidos aproximadamente R$ 730 milhões em obras de contenção.
Em 2001, o projeto de Renzo Piano ganhou o prêmio Monumento de Engenharia Civil do Milênio.
Prédio do New York Times
O New York Times Building é um arranha-céu de 52 andares no número 620 da Eighth Avenue, em Nova York. Seu principal inquilino é a New York Times Company, editora do The New York Times, embora também conte com outros clientes renomados.
A torre foi desenhada pela parceria entre Renzo Piano Building Workshop e FXFOWLE Architects, enquanto a parte interna ficou a cargo da Gensler.
O layout do edifício é simples e não usa vidros espelhados ou coloridos; o grande diferencial está na sustentabilidade.
A arquitetura favorece a iluminação natural. A parede-cortina com 186 mil hastes de cerâmica atua como um protetor solar, que desvia o calor. Já a parede interna, de vidro do chão ao teto, permite que o edifício se adapte às cores da atmosfera.
Por fim, suas lâmpadas fluorescentes reservam energia elétrica e previnem blecautes.
Whitney Museum of American Art
O Whitney Museu of American Art (ou apenas “Whitney”) é um museu de arte contemporânea localizado em Nova York.
Inaugurado em 1930, entre 1966 e 2014 sua sede ficava em Manhattan. Em 1º de maio de 2015, houve a inauguração de seu novo edifício, entre o High Line e o Rio Hudson.
A nova casa do Whitney permitiu uma ampliação das exposições, proporcionando uma visita mais rica e cheia de possibilidades ao público.
São mais de 15 mil m² de galerias internas, além de 4 mil m² de espaço para exposições ao ar livre e de frente para o High Line, parque suspenso da cidade.
Em entrevista ao site do Whitney, quatro anos antes da inauguração, Renzo Piano comentou que o design surgiu após um estudo detalhado das necessidades do museu.
“O primeiro grande gesto foi a entrada em balanço, que transforma a área externa do edifício em um grande espaço público protegido. No ponto de encontro abaixo do High Line, os visitantes verão o Rio Hudson pela entrada do edifício e das grandes janelas no lado oeste. Aqui, de uma só vez, você tem a água, o parque, as poderosas estruturas industriais e a emocionante mistura de pessoas, reunidas e focadas por este novo edifício e pela experiência da arte”.
Além da entrada em balanço, que dá direto para uma vista estonteante da região, o Whitney conta com diversos recursos em sua estrutura interna que o transformam num espaço educacional de ponta:
- Sondra Gilman Study Center (centro de estudos com mais de 19 mil obras em papel);
- Teatro caixa-preta para filmes, vídeos e espetáculos com uma galeria ao ar livre;
- Laboratório de conservação e sala de leitura da biblioteca;
- Centro educacional com salas de aula de última geração;
- Teatro de 170 lugares com uma vista para o Rio Hudson.
Maison Hermès, Tóquio
Uma das mais famosas marcas de luxo do mundo, a francesa Hermès tem sua loja principal e sede corporativa em Tóquio, no Japão. Seu edifício foi idealizado por Renzo Piano, o escritório Bohlin Cywinski Jackson e a construtora Takenaka Corporation.
Construído em Ginza, uma das principais áreas comerciais da capital japonesa, o edifício da maison tem uma particularidade: seu terreno era extremamente estreito, permitindo apenas o avanço vertical.
Com isso em mente, Piano desenvolveu um prédio com 15 andares (três deles no subsolo), 45 metros de comprimento e 11 metros de largura.
Além disso, sua fachada consiste em 13 mil blocos de vidro texturizado de 45 cm². O tamanho de cada bloco corresponde a uma gota de vidro fundido. Esta é uma medida determinada fisicamente pela tensão superficial do material.
Apesar de parecer translúcida, a fachada é transparente. Cada bloco estampado remete a uma versão contemporânea das tradicionais telas japonesas.
Toda essa criação precisou atender a rigorosas normas de segurança. Em caso de terremotos, a fachada — suspensa por braços de aço — se move por meio de vedações flexíveis entre os blocos em até 4 mm, como uma cortina.
Dessa forma, ela absorve o choque sísmico em vez de oferecer resistência a ele.
Parlamento em Valeta, Malta
Localizado logo depois das Portas de Valeta (capital maltesa), o Parlamento de Malta conta com um edifício que consegue unir o tradicional e o novo em sua arquitetura.
Porém, foi alvo de polêmica tanto por seu alto custo (mais de 90 milhões de euros) quanto por sua arquitetura contemporânea, já que antes o parlamento ficava no tradicional Palácio do Grão-Mestre.
A construção fazia parte do projeto City Gate, de reconstrução da entrada de Valeta. Além do Parlamento, o planejamento também incluiu a construção de novas portas e a conversão das ruínas da Royal Opera House em um teatro ao ar livre.
Os projetos em andamento
Em 2013, Renzo Piano foi nomeado senador vitalício na Itália. Contudo, isso não o impediu de continuar trabalhando como arquiteto. Conheça algumas das obras em andamento de seu escritório:
- 600 W. 125th Street, prédio de 34 andares para abrigar pós-graduandos e membros do corpo docente da Universidade de Columbia (EUA);
- 555 Howard Street, edifício de 37 andares composto por um hotel cinco estrelas em São Francisco (EUA);
- Stavros Niarchos Foundation (SNF), agora chamado Institute at Johns Hopkins University, em Baltimore (EUA);
- Paddington Square, em Londres (Inglaterra) — previsão de abertura total no fim de 2024;
- Novas estações do teleférico dos Grands-Montets, em Chamonix-Mont-Blanc (França);
- Campus cultural do Center for Arts and Innovation, em Boca Raton (EUA);
- Stavros Niarchos Foundation Hospitals Initiative, em Comotini (Grécia);
- L\'Anse du Portier, novo distrito previsto no Principado de Mônaco;
- Hôpital Grand Paris Nord, em Sant-Ouen (França);
- Campus Norte do Politécnico de Milão (Itália);
- Waterfront di Levante, em Gênova (Itália);
- Hospital ISMETT 2, em Palermo (Itália);
- Genoa City Tunnel, em Gênova (Itália);
- Isola della Musica, em Hanói (Vietnã);
- Shard Place, em Londres (Inglaterra);
- L\'Orto Rampante, em Alassio (Itália);
- Museu Histórico de Beirute (Líbano);
- Marunouchi Tokio Marine (Japão).
O estilo e os prêmios
Apesar de ter ficado conhecido pela arquitetura futurista, Renzo Piano é do tipo que não tem um estilo particular. Ou seja, seus projetos não costumam ter características que se repetem.
Isso porque o arquiteto nunca quis se enquadrar dentro de um único segmento. A ideia dele sempre foi criar obras voltadas para o contexto onde elas estão; que fizessem sentido para determinado lugar.
É por isso que as construções desenhadas por Piano são tão plurais, tanto conceitual quanto esteticamente.
Sem dúvidas, o arquiteto trouxe um novo olhar para os problemas arquitetônicos, propondo soluções modernas criadas a partir de elementos tecnológicos.
Além disso, ele inovou na construção de sistemas estruturais feitos com materiais e tecnologias tradicionais. Dessa forma, Piano ultrapassou os limites do óbvio em suas obras, pois acredita que a arquitetura pode mudar o mundo.
Tanto é que suas inovações estão sempre associadas a propósitos sociais e espirituais, que são atingidos por meio da experimentação.
Não é por acaso que o arquiteto já recebeu diversas premiações importantes, como a Medalha de Ouro RIBA (1989), o Prêmio Kyoto (1990) e o Prêmio Pritzker (1998).
Conhecer um pouco sobre a vida e o trabalho de grandes nomes da arquitetura é uma boa forma de se inspirar, não é verdade?
Além de ser um profissional talentoso, Renzo Piano é um ótimo exemplo de como a arquitetura pode se transformar de maneiras nunca antes pensadas.
Além de grandes nomes na arquitetura, os italianos também marcam presença no design, sabia? Conheça as singularidades do design italiano e suas peças mais icônicas!
..."Arquitetura pode mudar o mundo", uma verdade. Mas sem alimentos não há vida, aí entra Engenharia de Produção amalgamada com atividades sustentáveis, pois o mundo, POVO, está ávido por alimentos.