Paulo Mendes da Rocha: grande ícone da arquitetura brasileira
Se você trabalha com arquitetura, é bem provável que já tenha ouvido falar em Paulo Mendes da Rocha. Afinal, ele é um dos grandes nomes dessa área.
Escute a versão narrada deste artigo!
Mendes da Rocha tem 91 anos e é o único Prêmio Pritzker brasileiro vivo. Por conta de seu histórico profissional, não é errado dizer que ele pode ser considerado o arquiteto mais importante do Brasil na contemporaneidade.
Nosso objetivo, com este artigo, é fazer uma homenagem e divulgar o trabalho desse grande profissional da arquitetura. Para isso, vamos contar um pouco da história de Paulo Mendes da Rocha. Também apresentaremos as suas principais obras e alguns pontos levantados por ele no Archtrends Summit 2020.
Quer conferir tudo isso? Então, é só seguir a leitura!
A história de Paulo Mendes da Rocha
Paulo Mendes da Rocha é capixaba, tendo nascido na cidade de Vitória, em 25 de outubro de 1928. Desde criança ele tem o gosto pelas artes e pela criação de projetos.
Em 1954, aos 26 anos, graduou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. A sua turma foi uma das primeiras a se formar nesse curso pela instituição.
Nessa época, as faculdades de arquitetura ainda estavam muito ligadas a um modelo historicista. Junto a colegas como Jorge Wilheim e Carlos Millan, Mendes da Rocha formou um grupo de estudos sobre a arquitetura moderna, inspirado nas obras de João Batista Vilanova Artigas.
A consolidação profissional de Paulo Mendes da Rocha veio poucos anos após a formatura. Em 1958, ele foi o vencedor do concurso para desenvolver o projeto do Ginásio Atlético Paulistano. Tal obra ainda lhe rendeu o Grande Prêmio Presidência da República, em 1961, na 6ª Bienal Internacional de São Paulo.
Também em 1961, Mendes da Rocha foi convidado para lecionar no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP). Durante o período em que deu aulas para futuros arquitetos, sempre defendeu o papel social que os profissionais desse setor têm.
Em 1964, ano em que foi instaurada a ditadura militar no Brasil, Mendes da Rocha começou a ser perseguido pelo novo governo. Os militares eram contra as ideias progressistas do profissional e a função social que ele atribuía aos arquitetos.
Por conta disso, em 1969, teve os seus direitos políticos cassados e foi proibido de dar aulas em qualquer instituição de ensino brasileira. Paulo Mendes da Rocha só retornou às salas de aula em 1980, quando o governo militar já estava enfraquecido. Ele permaneceu na função até 1998, quando anunciou sua aposentadoria da docência.
Durante a sua primorosa carreira, Mendes da Rocha recebeu inúmeros prêmios. Entre eles, podemos destacar o Prêmio Mies van der Rohe, em 2001, e o Prêmio Pritzker, em 2006.
O Pritzker é considerado o Prêmio Nobel da Arquitetura e reconhece os profissionais do setor que mais se destacam no mundo. Até hoje apenas dois brasileiros foram contemplados: Paulo Mendes da Rocha e Oscar Niemeyer.
As principais criações da lenda da arquitetura brasileira
Durante toda a trajetória profissional, Paulo Mendes da Rocha foi o criador de grandes projetos arquitetônicos. A seguir, apresentaremos os principais.
Ginásio do Clube Atlético Paulistano
O primeiro projeto de grande destaque criado por Mendes da Rocha, conforme mencionamos, foi o Ginásio do Clube Atlético Paulistano, realizado em 1961.
A obra foi a que fez o arquiteto receber o Prêmio Presidência da República, na 6ª Bienal de São Paulo.
Edifício Guaimbê
O estilo brutalista de Mendes da Rocha pode ser visto nas sacadas e nos demais elementos do Edifício Guaimbê, obra construída em 1965, no bairro Jardins, em São Paulo.
O prédio residencial figura entre os mais lembrados em conversas sobre as características da arquitetura da cidade de São Paulo.
Casa Butantã
Em 1964, Mendes da Rocha projetou a Casa Butantã, localizada no bairro de mesmo nome, na cidade de São Paulo. A residência serviu de moradia para o arquiteto e sua família de 1964 a 1990.
A casa foi uma espécie de teste, trazendo o que o arquiteto chamava de “uma nova maneira de morar”. A residência representa a visão da arquitetura como uma experiência compartilhada do espaço e com foco em sustentabilidade.
A relevância da obra fez com que ela fosse tema um livro, chamado Casa Butantã, escrito por Catherine Otondo e Flávio Motta e publicado pela Ubu Editora.
Capela de São Pedro
Em 1987, foi concluída mais uma obra de destaque na carreira de Paulo Mendes da Rocha. Falamos da Capela de São Pedro, localizada na cidade de Campos do Jordão, no estado de São Paulo.
A capela tem todas as paredes de vidro, para que os visitantes também possam apreciar as belezas da paisagem da região. O local sempre atrai muitos turistas de todos os lugares do mundo.
Pinacoteca
A famosa Pinacoteca é um dos museus de arte mais importantes do Brasil e o mais antigo de São Paulo. A deslumbrante construção foi projetada originalmente em 1805, por Ramos de Azevedo.
Porém, em 1988, Mendes da Rocha foi convidado para desenvolver uma reforma do prédio neoclássico. Entre as principais mudanças realizadas está a nova circulação, por meio de um eixo longitudinal do edifício, que interliga duas varandas laterais.
Pórtico da Praça do Patriarca
Em 2002, Mendes da Rocha assinou o projeto de um pórtico para a Praça do Patriarca, em São Paulo. O projeto foi feito em parceria com a Associação Viva o Centro e a Prefeitura Municipal.
O pórtico ocupa um local que antes era destinado a um ponto de ônibus. A ideia é que ele conecte o centro histórico com o novo. Assim, funciona como um elo que une o antigo e o moderno.
Sesc 24 de Maio
Entre as obras mais recentes de Mendes da Rocha, destacamos o Sesc 24 de Maio, inaugurado em 2017. Localizado no centro de São Paulo, suas rampas de acesso homenageiam as ladeiras da maior metrópole brasileira.
A edificação também conta com paredes de vidro, que são sustentadas por estruturas de ferro e formam um mosaico. Por meio dele, é possível observar o próprio prédio e também o vizinho.
Poltrona paulistano
Engana-se quem pensa que Paulo Mendes da Rocha projetava apenas grandes edificações. Ele também se destacou criando móveis, como a poltrona paulistano.
O desenho original da poltrona, que é feita com barras de aço flexíveis revestidas por uma capa, foi desenvolvido em 1957. Até hoje a cadeira faz sucesso e é fabricada com tecidos das mais diversas cores e estampas.
Paulo Mendes da Rocha no Archtrends Summit 2020
O Archtrends Summit é um evento promovido pela Portobello durante a semana da Expo Revestir. A ideia é fazer com que os conteúdos que você acessa em nosso site ganhem vida, por meio de palestras com grandes nomes do design e da arquitetura.
Na edição de 2020, tivemos a honra de receber o maior arquiteto do país na abertura. Ele participou de uma entrevista ao lado de sua filha, Naná Mendes da Rocha, que também é arquiteta.
Na oportunidade, Mendes da Rocha falou um pouco sobre a história das suas obras, como a cadeira paulistano. Ele contou que a poltrona foi desenvolvida para ser uma junção de tecnologia e ancestralidade. Para isso, tinha imaginado que a estrutura de aço deveria receber uma capa de fibra, confeccionada por povos indígenas.
Emocionando a todos os presentes, ele contou que finalmente isso será feito, em um projeto de sua filha Naná, que desenvolve um trabalho com indígenas Kamayurá, no Alto Xingu.
Paulo Mendes da Rocha agradeceu a sua filha, afirmando que ela é a sucessora do seu legado e dará continuidade às suas obras. Certamente, as contribuições trazidas por esse grande nome da arquitetura abrilhantaram ainda mais o nosso evento.
Agora você sabe mais sobre as obras do grande Paulo Mendes da Rocha. E, se não teve a oportunidade de acompanhar a sua participação presencialmente no Archtrends Summit, pode assistir na íntegra de casa.
A conversa com Paulo e Naná Mendes da Rocha está disponível em nosso canal no YouTube. Não deixe de conferir!
Destaque: Paulo Mendes da Rocha no Archtrends Summit 2020 (Foto: Archtrends)
Paulo M. Da Rocha, muito melhor arquiteto do que Oscar Niemeyer. Sua obra me diz mais do que as curvas do Oscar!