O pequeno gigante de Los Angeles
E onde tudo é holofote, ele é luz de vela; onde todo mundo quer aparecer, ele quer apenas ser: o Petit Ermitage, em Los Angeles, foi criado à imagem e semelhança de Stefan Ashkenazy, seu fundador low profile, acostumado a ir do céu ao inferno de “elevador”.
Depois de uma infância turbinada pelos negócios hoteleiros da família, Stefan despencou de volta à realidade com a falência do pai, que acabou por fragmentar o clã todo – o patriarca voltou para a terra natal, Israel, o irmão se mandou para a América do Sul, a mãe procurou abrigo no seio da família, no interior dos Estados Unidos, e Stefan foi tentar a sorte na China e na Rússia.
Fez da vida uma ode ao trabalho, juntando cada centavo para retomar as rédeas e as honras dos Ashkenazys – e, para fazer bem feito, teria de ser no mesmo ramo.
O Petit Ermitage “inaugurou”, em 2008, a faceta cool de West Hollywood, que hoje é tomada pelo bares e restaurantes mais descolados da cidade. Pouco depois da inauguração, um vazamento generalizado afundou os planos da diretoria e levou Stefan mais uma vez ao inferno.
Muito mais caro que qualquer dízimo que se vê por aí, o “pedágio” de volta para o céu ficou na casa dos milhões de dólares, pagos em cartões de crédito. Sem dinheiro para honrar sua dívida, o jovem judeu chegou a pensar em suicídio e duvidava de uma recuperação.
Alguns sacrifícios aqui e outros milagres ali, Stefan finalmente se viu à frente de um negócio rentável, feito exatamente como queria: a céu aberto, discreto e intimista.
Nenhum decorador ou designer de interior foi consultado; tudo o que ali se vê é obra do bom gosto do próprio criador, que abre as portas de sua badalada cobertura apenas para hóspedes e membros, e a entrada de celebridades é proibida, para evitar a aglomeração de paparazzi e a distorção do ambiente sonhado por Stefan.
Assim sendo, melhor deixar aquele Oscar escondido na gaveta se quiser ser um dos sócios desse clube private. Pode tirar do armário o crocodilo, o cavalo ou qualquer outro animal/logo que mostre toda a boa intenção da sua conta bancária, mas saiba que para ser aceito ali só é preciso ser legal à vista – mas se isso parecer muito difícil, lembre-se que para todas as outras coisas ainda existe aquela famosa bandeira do cartão de crédito.
Essa seleção pouco comum garante uma fauna bastante amigável, composta por empresários e intelectuais bem-sucedidos e bem gente boa, espécimes em extinção em grandes metrópoles.
Para acompanhar o bom papo à beira da piscina, abuse das habilidades dos barmen do Petit Ermitage, que saúdam a atemporalidade de drinks clássicos como o Mojito, a Sangria e o bom e velho Bloody Mary. Drible a fome e a resseca com o cardápio leve do restaurante, que traz opções de saladas e sanduíches, além de uma tábua de queijos fantástica.
O pôr-do-sol que decreta o fim do dia para quase toda Los Angeles, mas é só a antessala para os aventureiros gente fina do Petit Ermitage, que trocam a piscina pelo mar luminoso que alaga da noite da Cidade dos Anjos.
Então, dependendo do tipo de estrela que você quer ver em Hollywood, marche rumo ao oeste.
Oque falar ? Obrigada pelas aulas nós entramos em lugares que nunca imaginei existir