Metaverso: como essa tendência pode impactar a arquitetura?
Em outubro de 2021, o Facebook anunciou uma novidade importante em sua estratégia: a holding passou a se chamar Meta. A mudança está ligada ao foco da companhia no metaverso, um universo digital que chega para unificar os mundos físico e virtual.
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Para dar uma dimensão do que isso significa, o anúncio de Mark Zuckerberg fez a busca pelo termo “metaverso” aumentar em 4.750% no Google. Tudo isso em um intervalo de apenas duas semanas naquele mês.
De lá para cá, o conceito passou a ser abordado e discutido em todos os cantos, de programas de televisão a congressos internacionais.
O tema, inclusive, apareceu em palestras da Retail’s Big Show 2022, congresso da federação que representa o varejo norte-americano, a National Retail Federation (NRF). Durante o evento em Nova York, diferentes líderes falaram sobre o novo cenário do consumo pós-pandemia.
Um dos destaques foi a fala de Kate Ancketill, CEO da GDR Creative Intelligence. Ela apresentou cases de como empresas usam o metaverso em seus negócios.
Se estamos falando da construção de um novo ambiente — ainda que virtual —, empresas e profissionais de arquitetura e engenharia têm tudo a ver com o assunto. Sem dúvida, o conceito abre novas possibilidades para engenheiros, arquitetos e designers.
Por isso, preparamos esse conteúdo para explicar melhor o que é o metaverso e mostrar quais são suas possíveis aplicações. Acompanhe!
O que é o metaverso?
Trata-se de um ambiente digital, que funciona como extensão da realidade física, que remete ao que acontece no filme Matrix.
Nesse espaço, algumas características são bem fortes, como imersão, compartilhamento e colaboração.
O próprio nome “metaverso” revela o seu sentido. Do grego, metá tem significados como “além de” ou “entre”. Já verso faz referência a “universo”.
Esse foi um termo criado pelo autor Neal Stephenson no romance de ficção científica Snowcrash, de 1992. Na obra, ele relata algo muito parecido com o que vivemos atualmente.
A ideia central do metaverso é tornar o ambiente físico e digital um espaço, integrando a vida real e a virtual, que passam a ser consideradas uma só.
Isso acontece por meio de equipamentos e tecnologias que já existem ou que estão em desenvolvimento.
Por que o metaverso é importante?
A expectativa da Meta é de que esse novo universo esteja em pleno funcionamento em um período de 10 anos.
Além dela, outras empresas já desenvolvem soluções baseadas no metaverso, como a Roblox, a Epic Games e a Microsoft.
Essa corrida pelo desenvolvimento de tecnologias diz respeito à economia bilionária que se formou nos espaços virtuais, sobretudo jogos.
E, como algo novo, há ainda muito espaço para criar e empreender. São oportunidades de negócio em um mercado inexplorado.
Além de tudo o que pode ser criado no metaverso, alguns mercados já se destacam. É o caso das criptomoedas (moedas digitais como Bitcoin) e dos NFTs.
Esse último é o que chamamos de “token não fungível”. Ou seja, um objeto digital que é único e insubstituível. Pode ser uma obra de arte ou qualquer outro tipo de arquivo.
Como há uma espécie de selo de autenticidade, os NFTs abrem espaço para o comércio de itens digitais, que dão o que falar.
O jogador de futebol Neymar, por exemplo, adquiriu em janeiro de 2022 duas artes em NFT no valor de R$ 6,2 milhões. Já a grife Gucci anunciou em 2021 o início das vendas de tênis virtuais por US$ 9.
Trazendo para o mundo da arquitetura, a primeira casa em NFT é um projeto da artista Krista Kim. A chamada Mars House foi vendida por 288 Ethereum (moeda virtual), o que na época equivalia a mais ou menos R$ 2,5 milhões.
Quais são as possíveis aplicações do metaverso na arquitetura?
Sendo uma espécie de realidade paralela, o metaverso apresenta praticamente todas as possibilidades do mundo físico, mas pode ir além.
Nesse cenário, as empresas devem demandar mão de obra qualificada para erguer esse novo universo e seus novos modelos de negócio.
E é aí que entram os arquitetos. A expectativa é de que haja cada vez mais casas, condomínios, shoppings e outros ambientes virtuais projetados por profissionais de arquitetura.
Além disso, haverá a necessidade de espaços físicos adequados para que seja possível e seguro usar óculos, luvas e demais acessórios que deem acesso ao metaverso.
Entre tantas possibilidades, apresentamos algumas nos tópicos a seguir.
Gêmeos digitais (Digital Twins)
São réplicas digitais de construções físicas que simulam comportamentos reais a partir do chamado Building Information Modeling (BIM).
O interessante é que esse sistema evolui de forma recorrente, conforme recebe informações do gêmeo físico.
Simulação de cidades
O conceito de gêmeos digitais pode aparecer na simulação de cidades. É possível criar versões virtuais de diferentes locais para entender como eles podem ser mais eficientes para as pessoas.
Exposições virtuais
A conexão dos ambientes reais e virtuais se aplica ainda aos museus. Eles podem exibir a mesma exposição no espaço físico e no metaverso, o que amplia o alcance.
Trabalho remoto e colaborativo
É possível conectar profissionais de um mesmo projeto. Por exemplo, ao envolver arquitetos e engenheiros em uma plataforma que funciona em tempo real e de forma colaborativa.
Uma característica interessante do metaverso é a transposição de barreiras físicas. Ou seja, dá para trabalhar com pessoas de diferentes partes do mundo, mas sem perder em termos de interação.
Alteração de projetos de acordo com feedbacks
Já pensou se uma construção pudesse se adaptar ao clima corrente, ao número de pessoas que recebe ou à reação dos usuários?
Isso é possível no metaverso. Inclusive, os próprios objetos reagem aos avatares, de acordo com as informações disponibilizadas neles.
Móveis virtuais
Falamos anteriormente sobre os NFTs. E eles podem ser até mesmo móveis. Assim, abre-se mais uma oportunidade para arquitetos e designers que enveredaram pela concepção de mobiliário.
Para acompanhar esse mercado, claro, os profissionais vão precisar se atualizar. É preciso dar os primeiros passos para se aventurar nesse novo mundo cheio de possibilidades.
Mesmo com o metaverso em fase inicial, já é possível usar a tecnologia em projetos híbridos e sustentáveis. Saiba mais a respeito de Soft Tech, tendência de decoração para 2022!
Foto de destaque: Metaverso chega para consolidar a junção das realidades física e virtual (Foto: Martin Sanchez)