Skinny Scar é uma casa sustentável superestreita que chama a atenção na região norte da cidade de Roterdã.
Projetada por Gwendolyn Huisman em parceria com Marijn Boterman, a casa, que é residência dos arquitetos, foi desenvolvida de forma sustentável e sua construção foi finalizada em 2017.
Na época, o casal não possuía filhos, mas hoje o Skinny Scar conta com dois novos habitantes, suas filhas Emika (3 anos) e Liva (7 meses).
Em uma entrevista exclusiva para o Archtrends, a arquiteta Gwendolyn nos conta um pouco sobre o processo de desenvolvimento e construção desse projeto que foi em sua grande parte, executado pelas mãos do próprio casal! Confira a seguir!
Conte-nos um pouco sobre o conceito desse projeto de casa sustentável, como tudo começou?
Gwendolyn Huisman - Tudo começou através de uma pesquisa urbana. Eu estava terminando a graduação na faculdade e o Marijn já trabalhava em uma empresa de arquitetura, estávamos nesse universo acadêmico e início da carreira. Juntos desenvolvemos um inventário urbano da cidade de Roterdã de terrenos que se caracterizavam como 'restos', espaços esquecidos dentro do tecido urbano da cidade. Nos encantamos com a ideia de escolher um desses terrenos para construirmos a nossa casa e acabamos escolhemos um terreno curioso com proporções atípicas (3,4 metros x 20 metros), que na época não estava à venda. Entramos com o processo de pedido de compra desse terreno e, apenas após três longos anos, por questões burocráticas, conseguimos a aprovação da prefeitura de Roterdã e, finalmente, compramos o terreno e começamos a construção que durou por volta de um ano. Nós insistimos nesse terreno por acreditar no seu grande potencial urbano e por podermos preencher um espaço negligenciado, portanto, esse projeto atua como uma pequena acupuntura urbana.
Quais estratégias sustentáveis foram utilizadas nesse projeto?
Gwendolyn Huisman - No geral, a sustentabilidade está presente sobretudo na questão urbana, em todo o estudo prévio e no fato de termos escolhido esse terreno que estava esquecido e reutilizá-lo ao invés de subtrairmos espaços livres do tecido urbano. Além disso, por ser uma casa muito estreita e compacta, possuindo apenas duas fachadas (a da frente e a dos fundos), isso acaba sendo um grande benefício na questão energética tanto para nós quanto para os nossos vizinhos que tiveram as laterais das suas casas 'preenchidas' e, assim, as perdas e ganhos de energia, otimizadas. Também contamos com instalações de painéis solares e coletores de água da chuva e, no futuro, gostaríamos de investir para que toda a energia da casa seja elétrica e não a gás.
Quais foram os maiores desafios durante a construção da casa sustentável?
Gwendolyn Huisman - Com certeza a fundação da casa. Pelo terreno ser tão estreito e próximo dos vizinhos, a construção da fundação foi desafiadora e temíamos que as vibrações pudessem causar algum dano a eles. Por sorte, tudo correu bem! Foi necessária uma fundação maciça e uma estrutura de suporte de carga. Assim, uma solução elegante de duas lajes paralelas de concreto armado foi introduzida no interior da casa. Desta forma, as aberturas nas fachadas não foram limitadas pelas condicionantes construtivas. Todas as funções de apoio que uma habitação precisa estão localizadas em dois volumes verticais no centro da casa e nós construímos com as nossas próprias mãos grande parte dos interiores e marcenaria, o que foi bastante desafiador.
Houve muita alteração / adaptação do projeto após a chegada das filhas?
Gwendolyn Huisman - Por incrível que pareça, as únicas adaptações que fizemos foi acrescentar uma porta no quarto da filha mais velha e complementar o fechamento de vidro do nosso quarto. Aprendemos a viver em uma casa compacta e a tentar não acumular o que não for necessário. Inicialmente, a ideia era conseguir guardar tudo nos armários que ocupam o miolo da casa, construído por nós mesmos. Cada canto é aproveitado e ocupado por um armário para otimizar ao máximo o espaço, como se fosse uma caravana. Posteriormente, tivemos que comprar um pequeno armário extra para o nosso quarto, mas tudo bem!
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