Balanço da Bienal de Arte de Veneza 2022
Com curadoria de Cecilia Alemani, a Bienal de Arte de Veneza de 2022 foi batizada de O Leite dos Sonhos. Esse nome foi inspirado em um livro de contos da pintora e escritora surrealista Leonora Carrington. Na obra, ela descreve um mundo mágico onde a vida se reinventa graças à imaginação. Essa referência cercou o ar da 59ª edição da Bienal, encerrada no fim de novembro, com seus 81 pavilhões distribuídos entre o Arsenale e o Giardini.
A Bienal sempre foi um apanhado de questões da atualidade. Percorrendo os vários pavilhões, ressurgem temas como guerra, racismo, identidade, tecnologia e o desenvolvimento sustentável. Essa incursão pelas artes contemporâneas é uma viagem pelo humano e sua relação com o mundo.
Nesta edição, apareceram as cápsulas do tempo - cinco pequenas mostras temáticas distribuídas no Pavilhão Central. Essas conectam obras do passado com criações contemporâneas. Assim, formam-se relações inusitadas entre gerações, além de questionamentos sobre a história da arte, destacando seus erros e acertos.
Um dos destaques da Bienal foi o espaço oficial da Alemanha, com intervenções da artista Maria Eichhorn. Com cortes nos pisos e paredes do ambiente, ela rememora a história do pavilhão e a sua evolução ao longo do tempo, além de erguer reflexões sobre a contemporaneidade.
O pavilhão inglês foi inteiramente dedicado ao projeto da artista britânica Sonia Boyce intitulado Feeling Her Way - uma grande instalação multimídia, composta por vídeos, sons, e esculturas que abordam o Brexit e as várias formas de ultrapassar as divisões.
No espaço da Islândia, aparece Perpetual MOTION, do artista Sigurður Guðjónsson. A obra é encenada com uma gigantesca tela dividida em dois eixos perpendiculares, de 6 metros, com uma imagem ampliada de pó de metal, e oferece ao público uma investigação poética sobre a materialidade.
Outro destaque foi Malta, com trabalho dos artistas Arcangelo Sassolino, Giuseppe Schembri Bonaci e Brian Schembri, que rememoram a obra Decapitação de São João Batista, de Caravaggio, por meio de uma instalação cinética e escultural.
Já no pavilhão do Brasil, a exposição é composta por impressões fotográficas, esculturas (algumas delas interativas) e um vídeo que trazem algumas expressões populares do Brasil e que se utilizam de partes do corpo humano em metáforas como “nó na garganta”, “cara de pau”, “olho do furacão”, “das tripas coração”, “de braços cruzados”, “empurrar com a barriga”, entre outras, de autoria do artista alagoano Jonathas de Andrade.
E a Itália? Merece um capítulo à parte. O projeto História da Noite e o Destino dos Cometas, com curadoria de Eugenio Viola, apresenta pela primeira vez na história do pavilhão um único artista: Gian Maria Tosatti.
Em sua instalação para a Bienal, ele combina referências literárias, artes visuais, teatro e performance. Confronta o delicado equilíbrio entre humanidade e natureza, entre os sonhos e erros do passado e as perspectivas futuras.
Gostou do post? Já estamos ansiosos para as próximas Bienais de Veneza.
Para outros conteúdos inspiradores sobre arte, acesse:
Let's get digital: NFT e novas realidades da arte digital
Arquitetura em movimento no Festival des Architectures Vives