Let’s get digital: NFT e novas realidades da arte digital
O Palazzo Strozzi, em Florença, apresenta Let’s Get Digital!, um novo projeto de exposição que traz a revolução da arte NFT e as novas fronteiras entre o real e o digital através das obras de artistas internacionais.
Promovida e organizada pela Fundação Palazzo Strozzi e pela Fundação Hillary Merkus Recordati, a exposição possui curadoria de Arturo Galansino, Diretor Geral da Fundação Palazzo Strozzi, e Serena Tabacchi, Diretora do MoCDA – Museu de Arte Digital Contemporânea. A mostra é baseada em uma jornada pelo mundo digital, instalações e experiências multimídias criadas por artistas que expressam as novas e multifacetadas pesquisas da Cryptoart, baseadas no sucesso do NFT – certificados digitais de autenticidade que estão redefinindo os conceitos de singularidade e valor de uma obra de arte.
Let’s Get Digital! oferece um olhar sobre um movimento em plena evolução e transformação, que, para muitos, é apenas o ponto de partida para uma mistura cada vez mais acelerada de estética e novas tecnologias – uma verdadeira revolução para todo o mundo da arte, digital e além.
Da arte à moda, do mercado de ações aos jogos, termos como blockchain, NFT, criptomoedas e metaverso fazem agora parte do léxico comum – são tópicos essenciais para a decodificação do nosso tempo, mas ainda envoltos em uma aura sombria.
Todo mundo fala sobre isso, mas poucos sabem de fato do que estão falando. A exibição no Palazzo Strozzi demonstra e esclarece de uma vez por todas como o fenômeno NFT não está destinado apenas a viver nas diversas carteiras digitais ou dentro da tela dos nossos smartphones, mas pode dialogar com a realidade tangível para dar vida a novas experiências imersivas.
A primeira coisa a esclarecer é que a sigla NFT – que significa Non Fungible Token – não se refere à obra de arte em si, mas ao certificado digital atestando um registro público, criptografado e inalterável.
Quando uma obra de arte digital é registrada no blockchain via NFT falamos de cripto arte. Se já em 1936 o filósofo alemão Walter Benjamin se perguntava sobre a autenticidade da arte, “na era da sua reprodutibilidade técnica”, é natural perguntar o que teria pensado da arte digital, filha da democratização e utilizável em qualquer lugar, por todos, a qualquer hora do dia, através de qualquer dispositivo. Os usos de produtos digitais em massa são impossíveis de conter, os NFTs conseguem reafirmar a originalidade do trabalho único em um mar de réplicas.
Como sempre no Palazzo Strozzi, uma prévia da exposição já está no pátio, onde o público é chamado a se deixar hipnotizar pelo monumental video wall Machine Hallucinations – Renaissance Dreams (2022), do artista turco Refik Anadol, uma experiência multissensorial em que algoritmos de inteligência artificial criam visões ilusionistas que desafiam nossa noção de realidade.
Usando aprendizado de máquina, Anadol retrabalha um conjunto de dados de milhares de pinturas renascentistas para mostrar como elas ficariam se vistas coletivamente por uma máquina. O resultado é um paradoxo alucinado de cores e formas em constante mudança, um curto-circuito entre a história da arte e as novas tecnologias. O itinerário nas salas internas segue então com uma série de instalações digitais e experiências multimídia que visam demonstrar a possibilidade de convivência entre a cripto arte e o trabalho físico.
A revolução NFT é frequentemente associada a uma ideia de desmaterialização da arte. De fato, as NFTs surgem principalmente em resposta a um mundo digital baseado em criptomoedas, mas se expandem muito além do metaverso. O valor e a singularidade das obras digitais deram origem a um novo mercado de arte que sai da lógica tradicional, dando vida a novos paradigmas de interação social.
Let’s Get Digital! estará em exibição no Palazzo Strozzi, Florença, até 31 de julho de 2022.
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