Arquitetura polonesa: tão complexa quanto a história do país
Por meio de seus castelos históricos e edifícios modernos, a arquitetura polonesa dá algumas pistas da tumultuada trajetória política do país. Afinal, muita coisa aconteceu por lá ao longo dos séculos, produzindo reflexos particulares nas construções.
Não é por acaso que arquitetos do mundo inteiro têm tanta curiosidade de conhecê-las melhor. Está em busca de inspiração para criar projetos surpreendentes? Continue a leitura deste artigo para descobrir tudo o que a Polônia tem a ensinar para você!
A complexidade da arquitetura polonesa
A Polônia é um país que teve suas fronteiras modificadas inúmeras vezes por conta da sua localização geográfica estratégica, no centro da Europa. Houve, inclusive, períodos em que outras potências dominaram seu território.
De acordo com historiadores, o Estado polonês surgiu no século X, com a união das tribos que viviam na região das atuais Cracóvia e Poznan.
Nesses locais estão alguns dos mais antigos santuários poloneses. Por terem sido construídas com pedras, as igrejas continuaram de pé, diferentemente das casas feitas de madeira e barro, que desapareceram com o tempo.
Na época da Segunda Guerra Mundial, a Polônia não apenas estava sendo disputada entre Alemanha e União Soviética, como também viu parte de sua população ser morta no Holocausto. Com o fim do conflito, o país começou a viver um regime comunista instaurado pelos soviéticos. Foi só em 1990, depois de muitos protestos, que os poloneses elegeram seu primeiro presidente.
A partir desta breve pincelada da história, fica mais fácil entender a complexidade da arquitetura polonesa. Como você verá a seguir, não existe um tipo único nas construções. Na verdade, ao visitar os grandes centros urbanos e o interior, é possível encontrar uma diversidade de estilos em um mesmo lugar.
Os mais simbólicos edifícios poloneses
Várias construções religiosas da Idade Média se tornaram atrações turísticas em cidades como Cracóvia, Poznan e Gniezno.
Esse é o caso do Castelo Real de Wawel, uma antiga igreja do século X, que chama a atenção por suas torres e muralhas.
Por ter sido centro do cristianismo e lar de um dos maiores reis da Polônia, Casimiro, o Grande, é considerado o mais importante do país.
Outro tesouro medieval é o Castelo Ksiaz, construído no século XIII. Além de elegante, a construção surpreende pelo visual criado a partir de uma combinação inusitada entre românico, renascentista, gótico e rococó.
Grandes símbolos da arquitetura polonesa, os castelos e palácios ajudam a preservar a memória do povo polonês. Enquanto alguns resistiram ao tempo, outros tiveram que ser restaurados ou até reconstruídos.
O Castelo Real de Varsóvia foi um dos edifícios que passou por um processo cuidadoso de reconstrução 30 anos depois de ter sido quase totalmente destruído na Segunda Guerra Mundial.
Esse monumento nacional fica na entrada da Cidade Velha de Varsóvia e faz parte da lista de Patrimônios Mundiais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Outro edifício tombado pela Unesco é o Castelo de Malbork, a maior fortaleza de tijolos do mundo, construída pelos cavaleiros teutônicos. Seu estilo gótico se mostra em portões treliçados, pontes levadiças, muros imponentes, catapultas e postos de armas.
O florescimento da arquitetura polonesa
A Polônia reconquistou sua independência duas vezes no século XX. Além de terem importância política, esses dois eventos colaboraram com o florescimento da vida artística, sobretudo da arquitetura polonesa. Muitas construções elegantes de uso público foram projetadas nesses períodos, tornando-se símbolos de poder do Estado.
Uma região que se destacou em termos de arquitetura foi a Silésia. Edifícios interessantes foram construídos por lá por arquitetos poloneses renomados. Vários deles se formaram na Faculdade de Arquitetura da Escola Politécnica da Silésia, que foi fundada em 1945 e é conhecida pela sua abordagem moderna.
Além de ter servido de palco para o desenvolvimento de soluções modernistas, a Silésia conseguiu preservar boa parte da arquitetura burguesa do século XX. Em outras cidades, a maioria das construções foi destruída na Segunda Guerra Mundial.
A influência estrangeira na arquitetura polonesa contemporânea
Apesar de o país contar com renomados arquitetos, hoje a presença de profissionais vindos de outras partes do mundo é forte. Afinal, é comum que projetos de edifícios de uso público sejam escolhidos por meio de competições internacionais.
Uma das obras recentes de maior destaque foi projetada pelo finlandês Rainer Mahlamäki. Com o exterior de vidro e interior ondulado, a construção desenhada por ele abriga o Museu da História de Judeus Poloneses. A expressividade de seu visual se integrou muito bem à atmosfera modernista da cidade.
Também a partir de um concurso, os arquitetos italianos Claudio Nardi e Leonard Maria Proli criaram o projeto do Museu de Arte Contemporânea da Cracóvia, colocado dentro de uma antiga fábrica. O vidro foi usado tanto nas paredes externas quanto no teto para garantir uma boa iluminação natural, trazendo um ar atual à estrutura do edifício.
As principais curiosidades sobre a arquitetura das casas polonesas
Ao pesquisar sobre a arquitetura residencial da Polônia, talvez você não encontre nada impressionante. É que a maioria dos poloneses não costuma se importar tanto com a estética das suas casas.
Atualmente, os projetos que dominam são os de edifícios produzidos em massa, cujo estilo lembra certas formas históricas, como o teto em duas águas e as paredes caiadas.
Ainda são comuns as casas simples de tijolo, sem nenhum detalhe ou revestimento em seu exterior. Para muita gente, esse tipo de residência “estraga” a paisagem.
No entanto, de uns tempos para cá, elas ganham outros ares, graças ao trabalho de arquitetos inovadores, como Robert Konieczny.
Ele ficou conhecido pela famosa Dom Bezpieczny, que mais parece uma fortaleza, por causa dos seus painéis que cobrem as janelas. Konieczny também criou polêmicas casas pré-fabricadas que exploram as formas geométricas e dão a mesma importância aos diversos espaços, inclusive à garagem.
Outro projeto do arquiteto que ganhou bastante destaque no país foi o da Arca de Konieczny, construída nas montanhas polonesas. Além do design, ele teve que levar em conta outros detalhes relacionados ao próprio terreno. Para evitar deslizamentos, a casa funciona como uma ponte, permitindo que a água corra naturalmente pelo subsolo.
Já nas pequenas cidades do interior, ainda é possível encontrar a arquitetura polonesa tradicional, que usa a madeira como principal material de construção.
A arquitetura polonesa também está presente no Sul do Brasil
Sabia que o Brasil tem uma das maiores populações de ascendência polonesa no mundo? Apesar de os imigrantes terem vindo para várias partes do nosso país, a maioria deles se instalou na região Sul.
Em diversos lugares, as comunidades polonesas compartilharam sua cultura, o que inclui língua, gastronomia, danças e, claro, arquitetura. As casas construídas pelos imigrantes são conhecidas por serem feitas de madeira, terem o telhado bem inclinado e usarem lambrequins.
Embora seja difícil resumir séculos de história, a arquitetura é um campo que permite conhecer os acontecimentos e as características de um lugar de um jeito singular. E a arquitetura polonesa, por ser tão complexa quanto o país de onde veio, é capaz de enriquecer o seu repertório e influenciar os seus futuros projetos.
Este artigo despertou a sua curiosidade para descobrir a arquitetura de outros cantos do mundo? Então, aproveite para embarcar em uma viagem pelo Líbano!