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O arranha-céu é um dos mais importantes símbolos da arquitetura americana, como o The Tribune Tower (à direita), situado logo acima do Rio Chicago (Foto: Atramos)

Arquitetura americana: uma escola eclética e inovadora

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22.09.2021
Neste artigo, veja os principais períodos, arquitetos e obras que ajudam a contar a história da arquitetura americana!
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A arquitetura americana contempla uma grande variedade de estilos e escolas espalhados por inúmeras cidades. 

Assim como sua sociedade multicultural, as obras arquitetônicas dos Estados Unidos são marcadas por todas as influências vivenciadas pelo país. 

Quer saber mais a respeito? Embarque conosco em uma viagem histórica! 

A história da arquitetura americana

A arquitetura americana está diretamente relacionada à história do próprio país. Por isso, de forma didática, vamos dividi-la em alguns períodos.

Época colonial 

Quando os Estados Unidos ainda eram uma colônia inglesa, as tradições arquitetônicas e as técnicas construtivas europeias foram trazidas à América. Por isso, a madeira e o tijolo eram os elementos mais comuns. 

Na Flórida, entre 1559 e 1821, vemos uma forte influência da arquitetura colonial espanhola, principalmente com o estilo de concha, decorando as casas com varandas de ferro forjado. 

A influência espanhola também é vista no sudoeste dos Estados Unidos, especialmente perto de Tucson, na Mission San Xavier del Bac, com detalhes churriguerescos. 

A Mission San Xavier del Bac, em Tucson, é um exemplo da influência da arquitetura colonial espanhola nos Estados Unidos
A Mission San Xavier del Bac, em Tucson, é um exemplo da influência da arquitetura colonial espanhola nos Estados Unidos (Foto: Keyany

A província da Califórnia era outro domínio espanhol. No final do século XVIII, os espanhóis fundaram uma série de presídios para resistir às colonizações britânica e russa, surgindo, assim, o Presídio de San Diego, o Presídio de Santa Barbara, o Presídio de Monterey e o Presídio de São Francisco.

De 1769 a 1823, os franciscanos criaram uma rede de missões, que tiveram uma influência importante na arquitetura regional que viria a seguir. 

Mas é claro que as influências inglesas também foram muito presentes. A madeira era o recurso mais abundantemente usado pelos colonos, principalmente os cedros branco e vermelho. A maioria dos projetos das casas coloniais era simples, com elementos sutis de ornamentação, usados nas portas de entrada. 

Outro aspecto arquitetônico bastante presente era a chaminé. Grande, ela era feita de pedra ou tijolo, principalmente entre 1600 e 1715, quando o carvão se tornou um material muito popular para aquecer as casas na Inglaterra.

Arquitetura georgiana 

Durante o século XVIII, o estilo georgiano tomou conta dos Estados Unidos. Um exemplo é o Palácio do Governador, construído entre 1706 e 1720, com uma vasta entrada triangular.

O estilo tinha algumas características marcantes. Havia respeito à simetria e ao uso de materiais encontrados na colônia, como tijolo vermelho, madeira pintada de branco e ardósia azul (usada, principalmente, para a produção do telhado, com inclinação dupla). 

Geralmente, as casas dos proprietários de plantações de sucesso e dos comerciantes ricos nas cidades eram construídas no estilo georgiano.

Independência 

Em 1776, o Congresso declarou a independência das Treze Colônias. 

E, após a longa guerra revolucionária americana, o Tratado de Paris, de 1783, finalmente reconheceu a existência de uma nova nação: os Estados Unidos da América. 

Embora tenha havido uma rígida ruptura com a Inglaterra, a influência ainda era bastante visível na arquitetura americana, especialmente com o estilo georgiano. 

Assim, para a construção dos prédios públicos do novo país, houve a necessidade de criar outro estilo arquitetônico, que marcasse sua independência.

Monticello, projetada por Thomas Jefferson, é um exemplo do resgate da arquitetura neoclássica nos Estados Unidos
Monticello, projetada por Thomas Jefferson, é um exemplo do resgate da arquitetura neoclássica nos Estados Unidos (Foto: YF12s

Nesse período, os prédios das novas instituições federais e empresariais passaram a trazer influências clássicas

O uso de colunas, cúpulas e frontões era uma referência greco-romana e simbolizava a democracia da recém-nascida nação.

Depois da independência, as publicações sobre arquitetura se multiplicaram, pois os americanos procuravam afirmar sua nova condição criando um estilo cívico. 

Arquitetura federal 

Na década de 1780, o estilo federal de arquitetura começa a se tornar um gênero genuinamente americano. 

Um exemplo foi a adaptação feita na Casa do Estado de Massachusetts, realizada pelo arquiteto Charles Bulfinch entre 1795 e 1798, com uma original cúpula dourada. 

O prédio Massachusetts State House, em Boston, é um exemplo de arquitetura federal
O prédio Massachusetts State House, em Boston, é um exemplo de arquitetura federal (Foto: Fcb981

Esse estilo foi bastante popular até 1830. 

Suas características incluíam: interiores luminosos, com grandes janelas e paredes e tetos brancos; uma aparência decorativa mais contida, com elementos racionais; e inspiração neoclássica.

A criação de Washington 

Para celebrar a nova república, os Estados Unidos precisavam de uma capital à altura. Por isso, em Washington, vemos muitas das principais obras arquitetônicas americanas. 

O Capitólio é um dos exemplos de urbanismo uniforme, com um projeto idealizado pelo francês Pierre Charles L’Enfant, usando o ideal da cidade monumental e neoclássica. 

O Capitólio sofreu com um incêndio logo após a sua conclusão. Os britânicos atearam fogo durante a Guerra de 1812. Ele começou a ser reconstruído em 1815 e foi finalizado em 1830. 

Na década de 1850, o edifício foi expandido. Em 1863, recebeu sua Estátua da Liberdade no topo da atual cúpula. 

A Casa Branca é um dos símbolos dos Estados Unidos e foi projetada por James Hoban
A Casa Branca é um dos símbolos dos Estados Unidos e foi projetada por James Hoban (Foto: hit03662

Depois da criação de Washington, foi construída a Casa Branca, criada por lei no Congresso em dezembro de 1790. 

Em uma competição, o arquiteto vencedor foi o irlandês-americano James Hoban, que concebeu um edifício inspirado na Leinster House, um palácio ducal em Dublin, que é sede do parlamento irlandês. 

Contudo, após um grande incêndio, em 1812, a maior parte da Casa Branca foi perdida, restando apenas as paredes externas. 

Tudo foi reconstruído. Já as paredes foram pintadas de branco para esconder os danos que o fogo causou. 

No início do século XX, foram adicionadas duas novas alas, visando oferecer mais estrutura para o desenvolvimento do governo americano. 

Construções rurais e no extremo sul 

Como dissemos, a arquitetura americana é bastante eclética. Por isso, encontramos vários estilos marcantes em diferentes partes do país. 

No extremo sul, as casas coloniais costumavam contar com um frontão neoclássico com colunas bem características, além de varandas simétricas com colunas e janelas estreitas. 

A arquitetura doméstica dessa região passou a se adaptar ao modelo clássico, apoiando uma sacada de meia altura na frente, sem pórtico de entrada ou frontão, com soluções adaptadas ao clima local.

O Homestead Act de 1862 modificou também a arquitetura nas áreas rurais americanas. Com ele, a propriedade rural se tornou acessível para milhões de cidadãos, deslocando os povos nativos. 

A lei oferecia uma fazenda modesta e gratuita para qualquer homem adulto que cultivasse a terra por cinco anos e construísse uma residência,

Para isso, os colonos passaram a usar materiais locais, como pedra semi cortada, grama rústica, calçamento de argamassa, troncos ásperos e tijolos de adobe. 

Renascimento gótico 

A partir de 1840, o estilo neogótico começou a se tornar bastante popular na arquitetura americana, com obras caracterizadas pelo retorno à decoração medieval. Isso graças à influência do paisagista Andrew Jackson Downing.

Penitenciária do Estado da Virgínia Ocidental, um exemplo do renascimento gótico nos Estados Unidos
Penitenciária do Estado da Virgínia Ocidental, um exemplo do renascimento gótico nos Estados Unidos (Foto: Tim Kiser

Assim, os edifícios passaram a adotar um desenho complexo, inspirado na simetria e no neoclassicismo, com características como frontões, chaminés, janelas de ogiva, gárgulas, vitrais, telhados inclinados e torres de embrasso. 

Arquitetura vitoriana tardia 

Depois da Guerra Civil Americana e na virada do século XX, vários estilos e tendências emergiram. Eles foram classificados como “vitorianos”, pois correspondiam a movimentos semelhantes do Império Britânico, durante o reinado da rainha Vitória. 

Outro estilo que surgiu nesse período foi o Stick, tradicionalmente americano. Tratava-se de uma forma de construção que empregava trusswork. Era bastante usado em hotéis, casas, depósitos ferroviários e outras estruturas de madeira. 

Os edifícios Stick tinham telhados altos com íngremes declives e decoração proeminente dos frontões. O exterior não era decorado; o objetivo principal era a busca pelo conforto. 

Nessa época, o estilo medieval também estava em alta. Grandes magnatas da indústria e do comércio investiram em mansões de pedra que replicavam os palácios europeus. 

Os arranha-céus 

arquitetura americana
Empire State Building, um dos arranha-céus mais famosos do mundo, com 102 andares, localizado na Quinta Avenida, em Manhattan, Nova York (Foto: Charles Parker de Pexels)

Quando falamos em arquitetura americana, uma das imagens que vêm à mente de muitas pessoas é o arranha-céu.

Várias invenções contribuíram para que essa inovação se tornasse possível, como a criação do elevador por Elisha Otis, em 1853, que foi usado pela primeira vez em um prédio comercial de seis andares em 1868, no projeto da Equitable Life Building.

Outro desafio para os arranha-céus foram as antigas paredes de pedra, que se tornavam impraticáveis na medida em que as estruturas ganhavam mais altura. 

Quem resolveu o problema foi o engenheiro William LeBaron Jenney, que criou uma estrutura de suporte de aço em 1885, na construção do Edifício de Seguro Doméstico, com 10 andares. 

O primeiro arranha-céu a ter janelas de vidro que ocupam a maior parte da sua superfície externa foi o Reliance Building, de Chicago, projetado por Charles B. Atwood e E.C. Shankland. 

Como as paredes externas não suportavam mais o peso, eles resolveram aumentar o tamanho da janela, criando, assim, uma das características marcantes dos arranha-céus americanos. 

Reliance Building, de Chicago, o primeiro arranha-céu a ter janelas de vidro
Reliance Building, de Chicago, o primeiro arranha-céu a ter janelas de vidro (Foto: Mx. Granger)

Aos poucos, os arranha-céus se tornaram um campo de batalha arquitetônico. 

Um dos que merece destaque é o Woolworth Building, de Nova York, projetado por Cass Gilbert, em 1913, que manteve o posto de edifício mais alto do mundo até 1930. 

O Woolworth Building manteve o posto de edifício mais alto do mundo até 1930
O Woolworth Building manteve o posto de edifício mais alto do mundo até 1930 (Foto: Norbert Nagel

Outro evento significativo na história dos arranha-céus foi a competição pela Tribune Tower de Chicago, que escolheu um design gótico influenciado pelo Woolworth Building. 

Contudo, as numerosas participações concorrentes se tornaram influentes para os demais estilos arquitetônicos do século XX. 

Beaux-Arts 

O alvorecer da era de ouro do estilo Beaux-Arts foi marcado pela Exposição Mundial da Colômbia, em 1893, realizada em Chicago. O evento refletiu, também, a ascensão da arquitetura paisagística e do planejamento urbano americanos. 

Um dos prédios mais marcantes no estilo é o Lincoln Memorial, feito de mármore e calcário branco, que tem a forma de templos gregos da ordem dórica sem frontão, criado pelo arquiteto Henry Bacon, estudante das ideias da escola Beaux-Arts. 

O Jefferson Memorial foi o último grande monumento da tradição Beaux-Arts. 

Modernismo e estilo internacional 

Os arquitetos europeus que imigraram para os Estados Unidos antes da Segunda Guerra Mundial criaram um movimento dominante na arquitetura americana, denominado estilo internacional. 

Dois nomes importantes nessa época foram Mies van der Rohe e Walter Gropius, antigos diretores da Escola Bauhaus

Outro nome notável do modernismo americano foi Frank Lloyd Wright, com projetos icônicos espalhados pelos Estados Unidos e também pelo mundo, como o Museu Guggenheim, em Nova York. 

Os grandes nomes da arquitetura americana

São muitos os arquitetos americanos. Fizemos uma pequena seleção com os nomes de destaque do país:  

  • Frank Lloyd Wright: é considerado o maior arquiteto americano de todos os tempos. Embora não tenha cursado faculdade na área, contou com um excelente professor, o lendário Louis Sullivan, figura central que definiu o estilo dos arranha-céus. Gostava de criar prédios orgânicos, com formas naturais que interagiam com o ambiente ao redor;
  • Thomas Jefferson: o terceiro presidente dos Estados Unidos foi, também, um importante arquiteto autodidata. Seu primeiro projeto foi sua própria casa, uma mansão neoclássica. Ainda foi responsável pelo Capitólio do Estado da Virgínia e contribuiu para a arquitetura da Universidade da Virgínia;  
Museu Guggenheim, em Nova York, uma das obras-primas de Frank Lloyd Wright
Museu Guggenheim, em Nova York, uma das obras-primas de Frank Lloyd Wright (Foto: Kai Pilger)  
  • Frank Gehry: canadense naturalizado americano, é um dos mais importantes arquitetos da nossa era, com formas ousadas e desconstrutivistas. Entre suas obras estão o Museu Guggenheim de Bilbao, a Fundação Louis Vuitton, a UTB Building School e a nova sede do Facebook; 
  • Philip Johnson: um dos principais arquitetos do século XX e o primeiro a ganhar o Prêmio Pritzker. Ele foi um dos responsáveis pelo estilo internacional. Uma de suas obras mais significativas é a Glass House, que também é um belo expoente do modernismo americano
  • Louis Sullivan: um dos primeiros arquitetos modernistas, considerado um dos pais dos arranha-céus americanos. Seu principal assistente foi o jovem Frank Lloyd Wright. Sua obra mais icônica foi o Wainwright Building, com porte monolítico. 

As principais obras arquitetônicas americanas 

Assim como os arquitetos, as obras arquitetônicas americanas de destaque são inúmeras. Separamos algumas:  

  • Terminal TWA de Nova York: projetado por Eero Saarinen, é uma resposta ao estilo internacional e uma marca para Nova York no pós-guerra. Contrastando com as costumeiras caixas padronizadas do modernismo, conta com curvas no telhado tipo asa-de-gaivota e nas paredes dinâmicas em seu interior; 
  • Museu de Guggenheim de Nova York: é uma das grandes obras da arquitetura mundial. Projetado por Frank Lloyd Wright, é repleto de rampas em espiral e inundado por luz natural, proveniente de uma belíssima cúpula na cobertura do edifício; 
Glass House, de Philip Johnson, é uma das mais importantes obras da arquitetura moderna americana
Glass House, de Philip Johnson, é uma das mais importantes obras da arquitetura moderna americana (Foto: James Vaughan)  
  • Kaufmann Residence ou Fallingwater: projetada por Frank Lloyd Wright, é considerada patrimônio histórico dos Estados Unidos. Famosa por suas amplas estruturas de balanço, algo muito inovador na época; 
  • Glass House: projetada por Philip Johnson e inspirada nas ideias de Mies Van der Rohe, é uma das mais importantes obras da arquitetura americana moderna.

Gostou de saber mais a respeito da arquitetura americana? Continue a aprender: veja nosso conteúdo completo sobre modernismo e entenda esse importante movimento!

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