Eventos colaterais e paralelos e pavilhões nacionais externos da Bienal de Veneza

A Bienal de Arquitetura é um super evento que acontece a cada dois anos em Veneza, mas, apesar da imensa quantidade de mostras que acontecem no Arsenale e no Giardini, vale muito a pena guardar um pouco de energia para visitar aquelas que acontecem fora dessas sedes. São nove eventos colaterais, 14 pavilhões nacionais e diversas mostras sobre arquitetura organizadas por outras instituições. As exposições espalham-se pela cidade e são na maioria pequenas – cerca de 30 minutos de visitação -; você passa o dia intercalando uma imersão arquitetônica com um café, um sorvete, uns cichetti, até pausar para assistir o pôr do sol - um dia inesquecível.

Confira também:

• Bienal de Arquitetura de Veneza: por que visitar?
• Os Pavilhões Nacionais da 18ª Bienal de Arquitetura de Veneza

Como se a cidade em si não bastasse, muitas das locações acontecem em edifícios icônicos, é uma oportunidade incrível para visitá-los. Alguns exemplos para você conferir:

Palazzo delle Prigioni

Projetado pelo arquiteto Antonio da Ponte e construído em 1600, fica na Piazza San Marco, ao lado do Palazzo Ducale e da Ponte dei Sospiri. Este ano, ele abriga a mostra colateral Aparatos Diacônicos de Taiwan – Arquitetura como detalhe em continuidade com a paisagem. A mostra apresenta vários modelos de estruturas das zonas rurais, existentes e projetados, para diversos fins produtivos, mostrando como essas construções domesticam a natureza e dialogam com ela. “O objetivo é iniciar um diálogo entre o terreno sintético e o real, e também aprender com o campo”.

Palazzo Franchetti

Com vista para o Canal Grande e bem perto da Ponte dell´Accademia, este edifício de origem medieval é um dos grandes exemplos da arquitetura gótica veneziana. Foi sendo remodelado no decorrer dos séculos, sempre pertencendo a importantes famílias da região. Hoje é sede da Art Capital Partners e abriga uma série de exposições.

Este ano, o último andar recebe o pavilhão português com tema Fertile Futures e traz várias reflexões sobre a água doce e o território do país. São sete casos de estudo elaborados por jovens arquitetos em colaboração com especialistas que defendem o papel da arquitetura no desenho de um futuro colaborativo.

O edifício também abriga a mostra Building a Creative Nation: Qatar 2005-2030, que expõe as obras de grandes escritórios de arquitetura, como OMA, Herzog & de Meuron e Philippe Starck neste país.

Palazzo Mora

Mais um palácio histórico, este edifício é uma das sedes do European Cultural Centre e abriga a exposição Time Space Existence, que é uma bienal de arquitetura independente, criada por este instituto em 2012. Ela estende-se também no belíssimo Palazzo Bembo e pelos Giardini della Marinaressa. 

Um enorme número de projetos permeia temas como sustentabilidade, mudanças climáticas, design circular, além de uma série de vídeos com mestres da arquitetura, como Ricardo Bofil, Bjarke Ingels e Odile Decq, relatando suas perspectivas pessoais sobre os tópicos fundamentais de tempo, espaço e existência.

Um dos destaques é Essencial Homes - research project, que tem como centro a questão dos refugiados que crescem de número a cada ano no mundo inteiro, e como as habitações teoricamente temporárias acabam se tornando permanentes para grande parte dessas famílias. O protótipo desenvolvido por Norman Foster pode ser visitado no Giardini della Marinaressa. São pontos chaves desta proposta: a modularidade, a mobilidade, os elementos pré-fabricados, o conforto ambiental, a auto-construção e a sustentabilidade. Ousado ao propor um projeto que atenda amplamente todas essas qualidades, o módulo de dimensões reduzidas pensa nas questões do morar que não se limitam ao abrigo. Adaptável a diversos tipos de famílias, a proposta também prevê a formação de vilas com conexões entre as unidades independentes.

San Giorgio Maggiore

Esta ilha merece, na verdade, um dia todo de atenção. Sua jóia principal, a Basílica de San Gioggio Maggiore, do Palladio nos dá as boas vindas já no desembarque, e é difícil não reservar pelo menos uns 20 minutos para conhecer ou rever essa igreja internamente. Forte presença cultural na ilha, a Fondazione Cini propõe vários percursos. Em Le Stanze del Vetro você encontra exposições dedicadas aos artistas vidreiros, renovadas a cada seis meses. Outro percurso imperdível para os arquitetos são as Capelas do Vaticano: 10 edifícios projetados por grandes arquitetos, como Foster + Partners, Carla Juaçaba, Flores & Prats e Eduardo Souto de Moura, que fizeram parte do pavilhão do Vaticano na Bienal de Arquitetura de 2018 e foram incorporados por esta fundação.

Este ano, a ilha abriga novamente o pavilhão nacional do Vaticano, no monastério beneditino e jardins da Basílica de San Giogio Maggiore, com o tema Amizade Social: encontrar-se no jardim.

Inspirada por encíclicas papais, a mostra celebra o encontro através de uma série de esculturas de Alvaro Siza, em um percurso interno que depois se abre ao jardim, recuperado e reequipado pelo Studio Alberi. É um momento para lembrar da importância dos lugares para o encontro de pessoas - e como isso pode ser simples.