60 anos de Brasília: uma visita à cidade modelo da arquitetura mundial
Centro político do país, cheia de linhas retas e curvas harmônicas, e com a assinatura de grandes arquitetos brasileiros. De maneira singela e resumida, assim é a capital do Brasil. E ela chega com vigor renovado para as comemorações dos 60 anos de Brasília.
Parece que o tempo não passa para Brasília, que mesmo beirando a terceira idade, tem uma arquitetura plena e atual. Esse resultado não é apenas porque a capital foi pensada nos mínimos detalhes para entregar beleza e funcionalidade. E sim, porque carrega a alma de verdadeiros artistas da construção.
Neste post sobre os 60 anos de Brasília, faça uma visita à memória dessa cidade histórica, marco da arquitetura mundial e cheia de curiosidades!
Do nascimento aos 60 anos de Brasília
Mais do que ser um centro nacional que reúne os três poderes, Brasília foi pensada e construída a várias mãos, para ser a capital dos brasileiros.
Em 1956, como uma alternativa encomendada pelo então presidente do país, Juscelino Kubitschek, Brasília levou apenas 4 anos para ser construída. E, logo tomou seu posto como a capital, no lugar do Rio de Janeiro. Assim, atraindo as atenções de brasileiros e estrangeiros.
Brasília é um dos ápices mundiais do que se chama de cidade planejada. Baseada em uma planície, a capital federal se expande por ruas, avenidas e prédios, a partir do Eixo Monumental.
O imenso lugar reserva a praça dos Três Poderes, que concentra entre diversas construções de destaque, o Palácio do Planalto, Congresso, e o Supremo Tribunal Federal. Juntos, eles dão o corpo, a estética e a autoridade ao local.
Estrategicamente às laterais do parque central do Eixo Monumental, fica a Esplanada dos Ministérios. Quase como se fizessem alusão à importância do corpo executivo do Brasil, composto pelo presidente e seus ministros, que trabalham ao seu lado.
Por sua relevância urbanística e arquitetônica, que continuam fazendo história nos 60 anos de Brasília, a cidade foi alçada a Patrimônio Mundial, pela UNESCO, em 1987. Ainda, a popularmente chamada BSB, ganhou, ao mesmo tempo, o título de maior área tombada no mundo, com 112,25 Km².
Brasília feita por brasileiros
O projeto grandioso da construção de Brasília, foi feito por meio de licitação, que garantiu ao escritório do arquiteto Lúcio Costa, a missão de realizá-lo. No time de Costa, estavam nada menos do que Oscar Niemeyer e Athos Bulcão, um arquiteto e um artista plástico que, juntos, deram forma e vida únicas à cidade.
Lúcio Costa
Lúcio Costa recebeu a missão desafiadora de elaborar o Plano Piloto de Brasília, e hoje, nos 60 anos de Brasília, a cidade prova que ele fez isso com maestria. O arquiteto nasceu na França, mas ainda jovem, aos 17, formou-se na Escola Nacional de Belas Artes, em arquitetura.
No início de carreira, Lúcio projetava construções em estilo neoclássico, mas, sua verdadeira assinatura arquitetônica veio em 1929, quando conheceu a arte moderna. As linhas avantajadas, curvas e a ousadia do estilo ganharam a cabeça de Costa, que as empregou nos primeiros esboços dessa cidade.
Lúcio Costa foi responsável por diversos edifícios em Brasília, mas sua prioridade na cidade foram a Plataforma Rodoviária e o circuito de tráfego, com suas ligações.
Rodoviária do Plano Piloto
Brasília nasceu na Rodoviária do Plano Piloto de Lúcio Costa, porque ela é a primeira construção de Brasília e marco zero da cidade. Considerada pelo seu criador como a obra mais complexa da cidade, a cidade foi emoldurada a partir dela.
Ou seja, essa construção organizou a maneira da cidade ir e vir, que desde sua construção, teve intenso tráfego de pessoas e veículos.
Torre de TV de Brasília
Inaugurada em 1967, sete anos depois que a cidade foi lançada, a torre de transmissão de rádio e televisão foi projetada por Lúcio Costa. Com seus 224m, nos 60 anos de Brasília, a torre continua a ser um dos mais icônicos pontos de turismo da cidade.
O mirante da torre é um dos responsáveis pela alta atratividade do espaço. São 75 m de altura, com capacidade para até 150 pessoas assistirem aos eventos de Brasília e curtirem o espaço, que tem a tradicional Feira da Torre, desde 1970.
Oscar Niemeyer
Niemeyer foi responsável por dezenas de projetos da capital, o que alçou seu nome mundo afora, dando notoriedade ao jovem arquiteto. Oscar foi estagiário de Lúcio Costa e bebeu da mesma fonte que seu chefe: a arte moderna. O que o ajudou a visualizar mentalmente cada detalhe da capital do Brasil, com muita originalidade.
Nas obras de Oscar Niemeyer, como o Palácio do Planalto, o Congresso e a Catedral Metropolitana, é possível notar semelhanças entre si e a autenticidade do arquiteto. Todas essas edificações são imponentes e abrem espaço também para a abstração.
Catedral Metropolitana de Brasília
Com os simbolismos e a tradição de uma igreja católica, a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida atravessa os 60 anos de Brasília cumprindo muito mais que essas realizações.
O edifício que lembra uma palhoça, é sustentado por hastes de concreto paralelas e idênticas. Juntas, elas formam uma espécie de coroa em seu topo, o que garante um charme exclusivo. Ainda, no exterior, um campanário e esculturas complementam o visual exuberante da catedral.
No interior da igreja, o destaque fica para a cúpula em formato orgânico, que recebeu vitrais coloridos majoritariamente em azul, além de esculturas penduradas.
Congresso Nacional
Debaixo da abóbada virada para baixo está o Senado Federal e da outra que está virada para cima, fica a Câmara dos Deputados. As construções, divididas pelo grande edifício na vertical, dão a estética ao Congresso Nacional, obra emblemática assinada por Niemeyer.
O edifício ganhou em 2007, mesmo ano em que Oscar completou 100 anos, o título de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Mais uma conquista patrimonial para manter essa casa do povo brasileiro e um pedaço da originalidade de Niemeyer.
Athos Bulcão
Lúcio Costa fez o plano de Brasília, Niemeyer entregou a modernidade aos prédios e foi Athos Bulcão quem deu vida e cores a todas as construções da cidade. O artista plástico pensava em suas obras para o povo e não apenas como um espaço para ser apreciado por intelectuais e apreciadores de artes em geral.
Suas concepções em azulejaria colorida elevam à enésima potência o melhor dessa arte portuguesa, imprimindo a identidade brasileira em cada detalhe. Entre suas centenas de obras na cidade, destacam-se os azulejos no Aeroporto Internacional de Brasília, na Catedral Metropolitana e os painéis acústicos do Teatro Nacional.
Salas Martins Pena e Villa-Lobos - Teatro Nacional Claudio Santoro
Nas duas salas do Teatro Nacional de Brasília, Athos Bulcão deu nova forma a algo comum em salas de cinema e teatro, que são as placas acústicas. Na sala Villa-Lobos, Bulcão elaborou grandes peças quadradas dispostas de forma crescente, que se incorporam de forma discreta ao restante da estrutura.
Já na sala Martins Pena, o artista plástico deu organicidade às placas trazendo um formato inovador que remete a uma queda d’água. A madeira, usada para a obra, se funde com as paredes da sala de espetáculos e garante um aspecto ainda mais rústico.
Aeroporto Internacional de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek
Poderia ser mais uma parede em cinza concreto no Aeroporto Internacional de Brasília, que as pessoas nem iriam reparar. Mas, Athos Bulcão fez de uma imensa superfície curva no local, um painel de arte.
Dois painéis em azulejo dão o visual para a contemplação do lugar. Ótima ideia para admirá-los quando aterrissar para ir à festa dos 60 anos de Brasília.
Um painel em amarelo, branco e cor de abóbora e, o outro, em azul, branco e verde chamam a atenção tanto por suas cores vivas como pela não linearidade na união das peças. Athos fez da combinação de cada azulejo, um grande mosaico em alto padrão estético.
Comemorações dos 60 anos de Brasília
Nos 60 anos de Brasília, a capital está recebendo um monte de presentes. A começar por uma identidade visual para ser usada nas comemorações. Feita pelo designer Felipe Honda, a marca carrega os conceitos de “caminho, rota e projeto”. Nada mais alinhado à raiz da cidade: o Plano Piloto.
Também, o governo estadual de Brasília e empresários da cidade estão fazendo ações durante o ano todo, para agitar os 60 anos de Brasília. Pacotes de descontos para visitar a capital federal e valores acessíveis nos principais restaurantes de BSB fazem parte dos estímulos para turistar por lá.
Uma das atrações que faz parte dessas iniciativas é um documentário feito para contar a história de Brasília, sob a ótica de empresários que a ergueram. Intitulado “BSB60” o doc. traz a visão desses empreendedores da construção, arquitetura e design, sobre o projeto urbano. Você pode conferir o trailer do documentário abaixo.
Arte, arquitetura, história, gastronomia e turismo são alguns dos “docinhos” da festa dos 60 anos de Brasília. Mas, para garantir o seu “pedaço do bolo”, só indo mesmo à cidade aproveitar o melhor da sexagenária BSB. Fica aqui este post em homenagem e para dar os parabéns da Portobello à Brasília.
Eu amo Brasília meu coração acelera ao ver essa reportagem! Quero voltar a morar em Brasília.
Qual a razão de não construirem o Aeroporto de Brasília com o projeto original do Niemeyer?