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(Imagem: Freepik)

Quanto vale o trabalho de um arquiteto?

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08.07.2024
Se os inúmeros projetos do seu escritório não têm sido suficientes para pagar as contas no final do mês, talvez seja hora de mudar. Em seu novo artigo, as arquitetas do Beiral compartilham dicas práticas sobre gestão para escritórios de arquitetura que vão valorizar seu trabalho e ajudar a reestruturá-lo
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A precificação de serviços é desafiadora. Quando falamos de um trabalho criativo, então, parece ser ainda mais complexo estipular um valor. “Quanto cobrar” é sempre uma questão entre os recém formados e não é raro que o problema persista ao longo da carreira, atormentando até mesmo os profissionais mais experientes.

Em um universo onde ter um escritório com equipes gigantescas e milhares de seguidores nas redes sociais é sinônimo de sucesso, ter paciência e saber a hora certa de avançar e/ou recuar também são sinal de uma boa gestão: não tenha vergonha do caminho que você está trilhando!

Seu escritório vai bem?

Uma agenda lotada nem sempre é sinal de um negócio saudável, principalmente quando você trabalha muito e mesmo assim o dinheiro que entra mal paga as contas. Quando as contas não fecham o primeiro impulso é pensar que será necessário abraçar mais projetos e você passa a canalizar sua energia em atrair ainda mais clientes

O que significa ter mais clientes? Mais custo com deslocamento, impressão, locação de sala, internet, horas e horas de projeto. Será essa a melhor solução?

Cobrar corretamente é atender o máximo de clientes possível com QUALIDADE.

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E como cobrar corretamente?

Conhecer seu negócio é o primeiro passo. O que a concorrência cobra não pode ser o principal norteador do seu preço. Mesmo que o seu negócio seja mantido única e exclusivamente por você, os gastos existem.  

Liste os valores para mantê-lo, sejam eles fixos ou variáveis. Considere os custos com mão de obra: salários, impostos e benefícios de arquitetos e demais funcionários; despesas fixas (que independem da entrada de projetos): aluguel de sala, condomínio, energia, internet, contador, administrador, gerenciamento de redes sociais, licenças e assinaturas de softwares; e as despesas variáveis: como compra e manutenção de equipamentos, material de escritório, impressões, deslocamento etc.

Com essas informações em mãos você consegue determinar qual o valor mínimo para manter a sua empresa funcionando, ou seja, o preço por hora de cada prestador para alcançar a meta de receita.

É importante lembrar que nem todas as horas trabalhadas são horas faturáveis, afinal, em um dia de trabalho você atende ligações, faz pausas e desempenha outras funções que também demandam tempo no seu negócio: gestão financeira, gerenciamento das redes sociais, agendamentos, reuniões com fornecedores, elaboração de orçamentos, etc.

A renda potencial do escritório depende da porcentagem de tempo dedicada ao serviço vendido: quanto mais o arquiteto se ocupa com outras funções, menos tempo sobra para a atividade principal.

Quanto tempo o seu trabalho demanda?

Ao invés de quebrar a cabeça tentando calcular o tempo gasto para criar um projeto inteiro, passe a analisar as atividades menores que envolvem cada etapa. Por exemplo: Ao desenvolver uma etapa de Estudo Preliminar considere as horas gastas para os estudos em 2D, modelagem 3D, especificação preliminar dos materiais, montagem da apresentação e reuniões.

Embora pareça muito subjetivo, com prática vai ficando mais fácil contabilizar esse tempo, seja com o auxílio de aplicativos que monitoram as horas gastas em cada atividade ou anotando em um caderninho na sua mesa de trabalho. Lembre-se: o processo criativo não é linear e a produtividade não é a mesma para todos os dias. Então, considerar uma margem de erro é essencial! 

Analise quais os custos específicos esse projeto vai demandar: contratação de outros profissionais para desenvolvimento de maquetes e detalhamento do projeto, impressões, plotagens, combustível e/ou contratação de carros de aplicativos, emissão de responsabilidade técnica, visitas em loja, visitas em obra: tudo deve ser contabilizado.  

Conta feita? Adicione lucro! Uma empresa que apenas paga as contas não sai do lugar. Com o lucro você consegue criar sua reserva de emergência, investir e ampliar a capacidade de produção do seu escritório. 

Ter um escritório custa caro e ao colocar na ponta do lápis talvez você descubra que está “pagando para trabalhar” por cobrar muito abaixo do que deveria.  Não se desespere, o primeiro passo é se informar para sair dessa situação! 

Por onde começar?

Enxugar custos e otimizar processos são parte do segredo para manter-se competitivo no mercado. Encontre ferramentas e métodos que facilitem e diminuam os erros e retrabalho em atividades. (Já contamos por aqui como buscamos recursos para tornar o nosso processo de briefing mais prático e assertivo).

Manter as informações estruturadas agiliza as atividades do dia-a-dia: padronize como os arquivos são organizados, crie modelos para documentos usados com frequência e proponha pastas com nomes fáceis de serem encontrados. 

Saiba a hora de delegar tarefas! Contratar alguém é um grande passo, pode causar um frio na barriga mas nem sempre é possível dar conta de tudo. Algumas tarefas somente o arquiteto está apto a realizar, outras podem ser delegadas para alguém dentro ou fora da empresa. Reavalie constantemente o seu limite! 

Utilizar ferramentas eficientes pode ser uma maneira de reduzir as horas gastas em um projeto, como os softwares BIM em comparação a tecnologia CAD. A conta é simples:  Se sua empresa passa a criar o mesmo produto em menos tempo, o serviço pode ser mais barato ou mais lucrativo.  

Você sabe vender? 

Muitas pessoas ainda têm dificuldade de reconhecer a importância de um projeto, seja no planejamento ou desenvolvimento da obra, conte para elas o quanto de conhecimento e trabalho está envolvido naquele amontoado de imagens e desenhos técnicos: Quais os benefícios do planejamento? Quais problemas podem ser evitados com um projeto? É possível economizar? 

Sabendo o valor do seu trabalho, o cliente enxerga importância na sua contratação! 

E como fazer isso? Escutando o cliente e elucidando todas as suas dúvidas em uma reunião. A relação de confiança entre arquiteto e cliente é o caminho, uma conversa franca sobre custos da obra e orçamento disponível desde o início do processo faz toda diferença. Cada cliente tem uma demanda, ofereça uma proposta de orçamento personalizada. 

Quais as etapas de desenvolvimento para chegar ao seu produto final? Haverá acompanhamento na execução da obra? Visitas em lojas? Especificação completa de adornos, mobiliário solto, marcenaria e revestimentos? E se o cliente quiser mais de uma revisão de projeto, essas horas estão sendo contabilizadas? Na hora de montar uma apresentação conte tudo isso para o cliente, com termos fáceis de compreender e imagens que representem o seu estilo de trabalho. 

Para soluções mais rápidas e pontuais, que tal oferecer uma consultoria? Embora não substitua um projeto completo, intervenções menores podem ser atendidas por esse tipo de serviço. Ter produtos de baixo custo pode ser uma ótima estratégia para conquistar o seu público e gerar fidelidade, as chances de contratação de um produto com maior valor agregado aumentam! 

Vender arquitetura acessível é diferente de pagar para trabalhar! 

Nós acreditamos profundamente que o trabalho do arquiteto não deve ser um luxo para poucos. Aliás, esse papo de exclusividade não é algo que vemos como positivo e vocês jamais nos verão fazendo esse tipo de associação ao nosso trabalho. Será mesmo que contratar arquiteto precisa ser “coisa de rico”? 

Custos com projetos representam de 5% a 10% do total de uma obra, uma parcela pequena que impacta no custo de todas as outras, já que é com projeto e planejamento que podemos tornar as etapas de obra mais sustentáveis, eficientes, ágeis e econômicas, refletindo em uma redução significativa do valor final.

Todo arquiteto desenvolve o projeto com objetivo de baratear a obra? Não! É fato que existem profissionais com outros focos. (E é aqui que entra a exclusividade). 

Em um campo de discussão mais amplo, a renda baixa da maior parte da população brasileira impede o acesso pleno a todo tipo de serviço, não somente de arquitetos, mas também de advogados, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, dentistas, educadores físicos, etc.

A boa notícia é que existem muitos profissionais no mercado oferecendo produtos financeiramente viáveis para a realidade da população média brasileira. Especialmente com a democratização do acesso ao ensino superior, com graduandos de esferas sociais mais diversas e alinhados com a vivência da população em geral.

Quer propor uma arquitetura que acolha o trabalhador brasileiro? Estude os materiais e técnicas construtivas, seja criativo em seus projetos, diversifique as referências projetuais, proponha soluções viáveis, executáveis, entenda de conforto ambiental.

A desigualdade social é um problema estrutural que se resolve coletivamente em organizações, conselhos de classe, política partidária e movimentos sociais. Um profissional autônomo ou uma pequena empresa não consegue resolver todas as demandas do coletivo e, quando oferece preços extremamente baixos, não democratiza o acesso aos serviços, só aumenta o número de trabalhadores precarizados.

Ter a consciência disso tudo foi o que nos trouxe até aqui, com consistência, enquanto vários outros escritórios fecharam suas portas. O artigo deste mês está longe de ser um manual de gestão e precificação, afinal, o tema é extenso, cheio de particularidades e exigiria de nós muitos outros textos para detalhar tudo. Entenda mais como uma “dica de amigas” para te despertar caso as coisas precisem ser reorganizadas por aí.

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  1. Que artigo maravilhoso. É muito bom ver profissionais se ajudando e fortalecendo nossa classe. Parabéns pelo o trabalho de vocês!

  2. Que artigo excelente!
    Poderia ser perfeitamente as primeiras páginas de um livro, orientando arquitetos recém formados!
    E por que não, para aquele profissional que já está atuando, mas está sem norte!!!



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