05.07.2023
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SHL Architects, Enlai Hooi, Head
Enlai Hooi, Head de Inovação do Schmidt Hammer Lassen Architects (Foto: Divulgação SHL)

Enlai Hooi, do SHL Architects: "Reformulamos profundamente a maneira como abordamos sustentabilidade"

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05.07.2023
Em entrevista durante o UIA, Enlai Hooi, head de inovação do Schmidt Hammer Lassen Architects, revela que o escritório escandinavo está repensando há anos as questões ambientais que envolvem a arquitetura
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Em minha passagem por Copenhague, na Dinamarca, para acompanhar o 28º Congresso Mundial de Arquitetos da UIA, tive a oportunidade de entrevistar Enlai Hooi, head de inovação do escritório SHL - Schmidt Hammer Lassen Architects. Entre uma palestra e outra, pudemos conversar sobre sustentabilidade, futuro da arquitetura e os trabalhos desenvolvidos pelo SHL, que é um dos escritórios de arquitetura mais reconhecidos e premiados da Escandinávia. 

Hooi é arquiteto e designer industrial especializado na integração entre engenharia, design circular e arquitetura. Como head de inovação, ele lidera a abordagem de sustentabilidade do escritório. A seguir, confira entrevista na íntegra:

Arquiteto Giovani Bonetti, colunista do Archtrends, entrevista Enlai Hooi, head de inovação do escritório SHL Architects
Arquiteto Giovani Bonetti, colunista do Archtrends, entrevista Enlai Hooi, head de inovação do escritório SHL, durante congresso na Dinamarca (Foto: Isabella Bonetti)

Giovani Bonetti: Pode compartilhar um resumo de sua trajetória profissional até chegar ao Schmidt Hammer Lassen Architects? 

Enlai Hooi: Comecei minha carreira como designer industrial. Fiz um tipo de exposição de design e arte que saiu em turnê pelo mundo quando eu tinha cerca de 20 anos de idade. Depois, fui designer industrial da minha própria empresa por cerca de seis anos. Então passei dois anos em Londres, trabalhando entre arquitetura e engenharia, e assim decidi que deveria me tornar arquiteto. Estudei arquitetura na RMIT University, na Austrália. Após me formar, fui trabalhar como arquiteto em Oslo, na Noruega. Após esta experiência, passei quatro anos na Letônia, trabalhando como arquiteto e designer industrial. Então vim a Copenhague, como arquiteto do escritório GXN, onde fiquei por dois anos, até ser convidado à posição no SHL.

GB: Como você resumiria aos nossos leitores a história do escritório SHL? 

EH: O SHL começou com três jovens arquitetos da Oslo School of Architecture, em 1986, a partir da vitória que tiveram em uma grande competição internacional de arquitetura: eles criaram o Katuaq Cultural Centre, em Nuuk, na Groenlândia, que é um projeto com muita madeira na fachada. Depois, assinaram uma obra muito bonita, a The Black Diamond, a biblioteca real da Dinamarca, em Copenhague. E aí, claro, o telefone do escritório não parava de tocar. Assim a empresa cresceu e cresceu por muitos anos. Entre 2017 e 2018, o SHL foi adquirido por uma grande multinacional com sede nos Estados Unidos e Canadá, a Perkins+Will. O Morten Schmidt, um dos fundadores do SHL, ainda trabalha conosco, mas os outros dois arquitetos, Bjarne Hammer e John F. Lassen, deixaram a empresa depois disso. Desde então estamos profundamente envolvidos na reformulação da empresa. Apesar de ter sido comprado, o escritório não é fortemente controlado pela Perkins+Will. Temos autonomia para fazer negócios e lidar com design. Há cerca de quatro anos temos reformulado profundamente a maneira como realizamos o trabalho e como abordamos a sustentabilidade.

Katuaq Cultural Centre, em Nuuk, na Groenlândia de SHL Architects
Katuaq Cultural Centre, em Nuuk, na Groenlândia, foi o projeto de estreia do escritório SHL (Foto: Divulgação SHL) 

GB: Como você enxerga a importância do escritório SHL no cenário escandinavo? 

EH: Acredito que o SHL é um escritório muito interessante porque tem uma forte tradição em design e arquitetura. Em muitos aspectos, digamos que se trata de uma "empresa modernista tardia". Há um senso muito forte de como a arquitetura tem responsabilidade com a vida social dentro e ao redor do edifício. Existe uma tradição de arte e materialidade por trás disso, mas também é uma forma de investigar como as pessoas usam a construção. É uma investigação muito profunda, especialmente no que se refere às bibliotecas e centros culturais. Assinamos muitas bibliotecas famosas. Somos especializados  e reconhecidos pelas bibliotecas. E o papel das bibliotecas mudou drasticamente: elas se tornaram centros comunitários para workshops, locais de performances, espaços de arte, e lugares onde existe política e ativismo. Há tudo isso dentro de uma biblioteca agora. 

biblioteca real da Dinamarca, em Copenhague, The Black Diamond, SHL Architects
A biblioteca real da Dinamarca, em Copenhague, conhecida como The Black Diamond, é assinada por SHL Architects (Foto: Divulgação SHL)

GB: Como você vê a nova geração de arquitetos dinamarqueses?

EH: Bem, a arquitetura dinamarquesa tem uma história moderna muito forte. Não somos diferentes nisso. O que temos como foco no SHL e é muito forte e único na arquitetura dinamarquesa é a preocupação em ver as qualidades das construções já existentes e trabalhar criativamente com esses edifícios. A ideia é não apenas renová-los, mas transformar suas funções para as gerações futuras: e não apenas uma vez, mas, duas, três, quatro vezes no futuro, conforme as coisas mudam ao longo do tempo. Quando reformamos um prédio, chamamos de "transformação adaptativa" e fazemos isso para que haja vários futuros simultâneos na estrutura do prédio. Isso é algo que acreditamos que será necessário, além de ser a única maneira financeiramente razoável de operar. Porque esta era que estamos vivendo está chegando ao fim. Será muito difícil demolir um prédio antigo e construir um novo no futuro, e deve mesmo ser difícil, porque isso é ambientalmente muito custoso. Outra coisa em que estamos muito focados no SHL é criar estruturas com madeira. Estamos prestes a construir a torre de madeira maciça mais alta do mundo, na Suíça. 

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