Toda paz que se é capaz
Aurélio, o dicionário, explica bem e sem delongas: oásis é “lugar agradável entre outros que não os são”. As ciências e seus estudos fazem coro à breve explicação, acrescentando ainda a importância dessas áreas para a manutenção da saúde física e mental de uma pessoa. Em 2012, por exemplo, uma pesquisa conduzida por cientistas americanos concluiu que estar em contato com a natureza reduz consideravelmente o nível de estresse e diminui a incidência de casos de depressão. Foi comprovado também que áreas verdes beneficiam o sistema imunológico e fomentam a criatividade, entre outras coisas.
Encontrar esses pequenos espaços de “respiro” em grandes centros urbanos é, portanto, uma questão de sobrevivência e, na Califórnia, esse é um desafio cada vez mais fácil de se resolver, visto que a evolução do urbanismo e da sociedade começam a priorizar áreas públicas voltadas para o bem-estar populacional.
Talvez a melhor prova disso seja o Self-Realization Fellowship Lake Shrine, em Pacific Palisades, na zona oeste da cidade. Embora a Pacific Coast Highway corra não muito longe dali, seu planejamento é tal que barulho algum rompe o silêncio desta espécie de templo urbano.
Com cerca de 40 mil m² de área total, o espaço foi fundado em 1950 por Paramahansa Yogananda, um guru indiano que endossava o poder da meditação. Apesar de suas crenças e raízes, Yogananda nunca quis que seu refúgio californiano se limitasse a uma religião – por isso, logo na entrada já se avista a chamada "Court of Religions" (ou "área das religiões", em tradução livre), com uma cruz simbolizando o cristianismo; uma estrela de David, homenageando os judeus; a roda da lei, remetendo ao budismo; a lua crescente, representando o islã; e o símbolo de Om, invocando o hinduísmo.
Esse pluralidade toda vem das raízes: o guru acreditava que estamos unidos por uma harmonia que permeia todas as crenças, e que o ser humano em estado puro deve procurar estar perto da natureza – isso explica os jardins, as cachoeiras, os lagos e os animais soltos pelo templo.
Uma das partes mais conhecidas do Self-Realization Center é o arco dourado com a flor-de-lótus, visível de qualquer cantinho dali, e que emoldura o memorial para a paz mundial de Mahatma Gandhi. Ali se pode ver um autêntico sarcófago chinês de mais de mil anos, que hoje tem a valiosa missão de preservar parte das cinzas de Gandhi.
Os jardins estão repletos de tijolinhos e escadas de poucos degraus, que levam da trilha principal para “esconderijos” próprios para meditação – geralmente um banco pequeno, cercado por plantas e flores.
Ainda com essa finalidade de promover a meditação, o autoconhecimento e a prática da respiração consciente, o Shrine Lake conta ainda com um típico moinho dinamarquês, cujo interior se converteu em uma espécie de capela. Um barco que fica sempre atracado às margens do lago também serve ao mesmo propósito.
No topo de um “monte” é onde fica o templo per se: com suas paredes brancas e sua cúpula abobadada, ele segue a linha oriental, com uma leve inclinação para a cultura árabe.
Tantos espaços e tantas histórias estão disponíveis gratuitamente a quem se interessar. Aqueles que gostariam de explorar esse oásis californiano mais afundo podem se juntar ao tour guiado, que ocorre todas sextas-feiras, às 14h; e aos domingos, às 15h.
Faça parte do tour ou não, é recomendado a todos os visitantes que silenciem os celulares, resistam às tentações da máquina fotográfica e pausem as conversas paralelas: é preciso estar com olhos e ouvidos atentos para vivenciar essa experiência.
Vivemos em um mundo com muita constância de preocupação com nosso trabalho e nossa vida pessoal!Nada como chegar no seu aconchego do seu lar e ter um ambiente saudável visualmente