Shibori é uma técnica milenar japonesa de tingimento de tecidos, capaz de criar padronagens inesperadas e exclusivas. E foi justamente nessa técnica que a designer italiana Paola Navone se inspirou para criar a nova linha da Portobello.
Viaje para as águas salgadas do mediterrâneo e conheça a beleza artesanal exclusiva da Portobello.
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O que é a técnica Shibori?
Shibori é o nome dado a uma técnica de tingimento japonesa usada há séculos. Em japonês, a palavra significa apertar, torcer, esmagar ou plissar. E é justamente essa a base do processo, que envolve prender partes do tecido que não serão tingidas e mergulhar em um pigmento, criando estampas manuais e exclusivas.
O principal diferencial para as demais técnicas é o uso do corante índigo. Isso se deve ao período da história japonesa no qual a técnica foi criada – sendo uma das poucas cores que a maioria da população poderia usar.
A tradição se manteve durante os anos – e a técnica foi exportada para outras partes do mundo, criando padrões versáteis e usados em designs que vão além das peças de roupas.
No ocidente, a técnica mais conhecida é o kanoki shibori (também chamado de tie-dye), porém existem várias técnicas, capazes de produzir padrões diferentes, que variam dos grandes e amplos até os pequenos e intrincados.
Cada técnica é realizada de um jeito diferente. Algumas usam uma agulha para criar separações no tecido, outras dobram as peças e amarram as separações e há ainda aquelas que utilizam até uma peça de madeira para criar as separações e os formatos.
As origens da técnica Shibori
Shibori é uma das técnicas de tingimento mais antigas do Japão, com mais de 1.300 anos de história. Até o século XX, não existiam muitos tecidos e corantes de uso generalizado no país.
O principal corante usado era o índigo, a base do Shibori, por isso essa técnica se tornou tão importante, ajudando a criar padronagens versáteis nos tecidos do país.
Um dos primeiros registros da técnica data de 238 d.C, no documento chinês “Crônicas dos Clãs de Wei”, com o registro do presente da Rainha Himiko, do Japão, para o Imperador da Dinastia Wei: mais de 200 jardas de um pano “manchado”, descrevendo uma forma de decoração presente no tecido.
A nova linha Shibori da Portobello
A nova linha da Portobello, como o próprio nome indica, é inspirada na técnica japonesa Shibori. Em parceria com a designer italiana Paola Navone, a nova linha mistura cores e sabores do ocidente e oriente, nos transportando para as águas salgadas do mediterrâneo – um convite recorrente nas criações da designer italiana.
Shibori nos aproxima da paixão pela beleza imperfeita do arsenal e do charme das coisas feitas à mão. Como os demais trabalhos de Navone, essa linha é uma mescla de formas e materiais exclusivos, criando uma autêntica obra de arte.
Quem deseja criar ambientes contemporâneos, que valorizam a arte, a sofisticação e o estilo arrojado, deve investir na linha Shibori. Disponível em dois formatos: 20x20 e 30x42 triangular, em cores vivas e opções neutras.
Inspirações de projetos com Shibori da Portobello
Shibori é uma linha que impressiona. Com suas tramas e estampas exclusivas, ela traz personalidade a qualquer ambiente. Por isso, é ideal para aqueles espaços que você deseja destacar – e criar um ponto focal único.
São várias as opções de aplicações, desde áreas internas até externas, sempre criando um destaque especial.
Como o fundo é neutro e os detalhes são em azul índigo, combinar Shibori com outros materiais e revestimentos não é difícil. É uma opção perfeita para ambientes contemporâneos, clean e até com uma pegada mais industrial.
Você pode usar Shibori nas paredes e criar um piso neutro, em cinza, com revestimentos que recriam cimento queimado – ou até com as opções que recriam mármore ou pedras nobres.
Outra ideia é combinar Shibori com materiais naturais, como a madeira, ou outros itens modernos, como vidro e aço.
Versátil, a linha pode aparecer revestindo uma parede inteira, montando um painel, em detalhes da bancada ou até transformando a fachada de imóveis.
Receita do Shibori
Que tal usar o Shibori para transformar os seus tecidos? Nós separamos uma receita do Shibori Itajime para você preparar em casa.
De todas as técnicas de Shibori, essa usa tradicionalmente a madeira para separar ambos os lados do tecido (mas você pode usar outros materiais para fazer essa separação, como o papelão). A madeira é presa nas laterais do tecido, evitando que a tinta alcance essas áreas e criando formas triangulares ou quadradas.
Para fazer, você precisará de:
- Tecido 100% algodão;
- Cascas de cebola;
- Retalho;
- Barbante;
- Peças de madeira;
- Peneira;
- Panela grande;
- Fogão.
Passo a passo
1. Cozinhe as cascas em fogo média por cerca de 1 hora.
2. Espere a solução esfriar e coe, para retirar os pedaços da casca de cebola.
3. Dobre o tecido como uma sanfona, na vertical. Depois, reduza a um quadrado, dobrando no meio duas vezes. Apoie as peças de madeira nele. Use duas em cima e duas embaixo, paralelas
4. Amarre as pontas de cada uma das peças com o barbante, garantindo que elas fiquem bem fixas.
5. Coloque a peça na panela onde você preparou o extrato das cascas e aguarde até a absorção completa.
6. Deixe cozinhar em fogo médio por 1 hora.
7. Espere esfriar.
8. Retire da panela e transfira para outro recipiente. Enxague bem.
9. Abra a peça e deixe secar por 24 horas antes de lavar com sabão neutro.
Itajime com padrões triangulares
Para um padrão triangular, use o passo a passo abaixo:
1. Dobre o tecido como uma sanfona, deixando-o no formato triangular.
2. Dobre em formato de triângulos, sempre com efeito sanfona.
3. Posicione palitos de picolé em ambos os lados, nas duas pontas do triângulo, prendendo os palitos com elásticos. Torça bem os elásticos, assegurando que os palitos estejam bem presos.
Na sequência, siga os mesmos passos da técnica anterior.
Itajime com padrões quadrados
Para um padrão com quadrados, use o passo a passo abaixo:
1. Dobre o tecido, como uma sanfona, deixando em formato retangular.
2. A partir dessa dobra inicial, dobre quadrados, sempre com o efeito sanfona (dobre para um lado e depois para o outro).
3. Posicione um pedaço de papelão, no formato desse quadrado, em ambos os lados do tecido.
4. Amarre bem firme com um barbante, assegurando que o quadrado não se desloque.Siga com os demais passos de tingimento que citamos acima.
Outras técnicas para se aprofundar no Shibori
Além da Itajime, existem várias técnicas para o Shibori, cada uma usando um método exclusivo para unir, costurar, dobrar, torcer ou comprimir o tecido. Veja só:
Kanoko
É o que costumamos chamar de tie-dye no Ocidente. A técnica consiste em amarrar algumas seções do tecido para criar o padrão desejado. No Shibori padrão, são usados cabos para fazer a amarração – e o padrão depende do quão forte o tecido está amarrado e onde essas amarrações são feitas.
Caso as amarrações sejam feitas em padrões aleatórios, o resultado será uma estampa circular aleatória. Já, caso o tecido seja, primeiro, dobrado e depois amarrado, os círculos terão um padrão diferente, de acordo com a dobra realizada.
Miura
Nessa técnica, a amarração do tecido é feita usando uma agulha em formato de gancho, criando separações no tecido. Na sequência, ele é enrolado com um fio, criando um pequeno grupo. O resultado, após o tingimento, são padrões de arco, parecendo água.
Kumo
No Kumo, o tecido é dobrado com muita força antes das separações serem amarradas. O objetivo é criar um padrão em um formato semelhante à teia de aranha. É preciso muita prática para criar essa padronagem.
Nui
Nessa versão, são usadas técnicas de costura para criar padrões variados e intrincados. Assim, é possível criar um padrão em um determinado lugar antes de puxar a linha com força, para agrupar e tingir o tecido.
Arashi
Na técnica, o tecido é envolto em uma haste antes de ser amarrado e amassado. Dessa forma, é possível criar um padrão linear, parecido com uma tempestade. Inclusive, é por isso que a técnica recebe esse nome, já que arashi, em japonês, significa tempestade.
Conheça mais sobre Paola Navone
Arquiteta, designer de produtos, decoradora de interiores e diretora de arte. Todas essas são facetas de Paola Navone, uma mulher direta, sonhadora e eclética, que rompeu barreiras e fincou seu nome no universo do design.
Com uma curiosidade incansável e muita pesquisa por materiais, formas e estruturas, Navone se destaca no universo do design, sendo uma das raras mulheres da elite do design italiano.
Já na década de 1980, Paola começou a participar dos movimentos de vanguarda da arquitetura, firmando seu nome entre os grandes mestres do design contemporâneo mundial.
Embora seja vanguardista, Navone é conhecida por redesenhar o passado em um formato contemporâneo. Suas múltiplas facetas são explicadas, também, pelas suas viagens. Paola viveu por anos em Hong Kong, quando se apaixonou pela cultura asiática – e hoje é uma nômade, se inspirando nas cores e aromas de diversas partes do mundo.
Paola Navone é formada pela Politécnica de Turim, em 1975 e, em 1983, recebeu o primeiro Osaka International Design Award. Ainda nos anos 80, foi convidada por Giorgio Armani para supervisionar a coleção de estreia da sua linha Armani Casa. Em 1988, criou a Mondo (hoje chamada Cappellini) em parceria com o designer italiano Giullio Cappellini.
Desde 1998, Paola é diretora de arte da Gervasoni e trabalha em parceria com diversas marcas renomadas da indústria de design. Com a Portobello, Paola já assinou as coleções Vedononvedo e Bonbon.
Depois de mergulhar no universo do Shibori, confira mais lançamentos da Portobello em nosso site! E assista, a seguir, ao vídeo da coleção UNLTD.Dreams: