O Palácio Rio Branco é um monumento importantíssimo do Brasil. Originalmente construído no mesmo ano de fundação da cidade de Salvador, em 1549, a sua jornada de transformações é um ótimo guia para entender melhor a história do nosso país.
Porém, de uma construção quase intocável, o palácio pode se tornar um grande hotel de luxo, servindo como hospedagem para turistas e baianos que desejarem se concentrar no coração de Salvador.
Qual é a rica história do Palácio Rio Branco? E do que se trata esse projeto de hotelaria? Para responder essas perguntas, preparamos este artigo que fala sobre a primeira residência oficial dos governantes do Brasil.
Boa leitura!
Início do Palácio Rio Branco
Quando o Brasil se tornou uma unidade política de Portugal, Salvador foi construída para ser a sua capital oficial. Com isso, o então governador-geral Tomé de Souza precisava de um local para ser a sua residência e o seu centro de administração.
Foi assim, em 1549, que surgiu o Palácio Rio Branco. No início, ainda de taipa de pilão, ele foi batizado como Casa do Governo. E como o governador-geral precisava de um local estratégico para comandar, o ponto de construção escolhido foi uma montanha em frente à Baía de Todos os Santos. Assim, do alto, Tomé de Sousa via a principal porta de entrada da cidade.
Já durante o governo de Mem de Sá, em 1558, o Palácio Rio Branco — ainda chamado de Casa do Governo — sofreu reformas bruscas, recebendo alvenaria de pedra e cal e uma nova torre para defesa.
O prédio se manteve como sede do Governo Geral até 1763, quando a capital do Brasil foi transferida definitivamente para o Rio de Janeiro.
Em 1888, um ano antes da Proclamação da República, o palácio foi completamente reformado, abandonando de vez muitos detalhes originais.
Já em 1890, pós Proclamação, o então governador da Bahia, Manuel Victorino, mandou demolir por completo o prédio, que foi reinaugurado em 1900, no governo de Luís Viana. Nesse ponto, a fachada deixou de exibir o estilo colonial português para contemplar o neoclássico francês, assim como a nova pintura e a decoração interna.
Mudanças de nome
Se hoje o nome do Palácio Rio Branco é reconhecido e facilmente indicado por qualquer soteropolitano, no passado era um pouco diferente. O local já foi batizado com diferentes designações:
- Casa do Governo (1549);
- Palácio dos Vice-Reis e Vilhena (século 18);
- Palácio do Governo da Bahia (século 19);
- Palácio Rio Branco (1919).
Visitantes ilustres
Durante quase cinco séculos, o Palácio Rio Branco, além de abrigar diferentes governadores-gerais e vice-reis, recebeu inúmeros visitantes ilustres.
Ainda durante a construção original, o local serviu de estadia para os imperadores da época, D. Pedro I e D. Maria Leopoldina.
D. Pedro II e D. Teresa Cristina também se hospedaram no palácio durante uma visita à Bahia, em 1859.
Já no Brasil república, em 1968, foi a vez da Rainha Elizabeth II da Inglaterra ficar no palácio durante uma visita ao estado nordestino. Ela continua sendo a dona da coroa até os dias de hoje.
Destruições do Palácio Rio Branco
Por ter sido residência oficial dos governantes nacionais e locais, o Palácio Rio Branco foi alvo de diversos ataques ao longo da história, precisando ser reconstruído inúmeras vezes.
O primeiro grande ataque aconteceu no século 17, durante o governo Diogo de Mendonça Furtado, em uma das várias investidas da esquadra holandesa. Na época, a Casa do Governo, que já contava com dois andares, ficou quase em pedaços.
O ataque foi tão intenso que Diogo de Mendonça declarou rendição aos holandeses ainda dentro do palácio. O local só viria a ser reconstruído em 1663, com a intervenção do Rei D. Afonso VI de Portugal, já no governo de Francisco Barreto de Menezes.
Em 1912, com o Brasil já sendo uma república, o então Presidente Hermes da Fonseca mandou bombardear a cidade de Salvador em retaliação às críticas que o escritor e jornalista baiano Ruy Barbosa fez ao governo.
O Palácio do Governo foi o alvo principal, sendo atingido diretamente pelos canhões do Forte São Marcelo, que fica na parte baixa da cidade e bem em frente a ele.
Durante esse ataque, a Biblioteca Pública que funcionava no local e toda a ala esquerda do palácio foram completamente destruídas. Um acervo histórico de livros ainda foi incendiado.
A reconstrução começou no mesmo ano, assim que o governador Joaquim Jose Seabra assumiu o cargo. A obra durou cerca de sete anos, só sendo finalizadas em 1919, já no governo de Antônio Muniz Sodré de Aragão.
Ao ser reinaugurado, o local enfim recebeu o nome de Palácio Rio Branco, em homenagem ao estadista brasileiro Barão do Rio Branco.
Interior do Palácio Rio Branco
Mesmo com tantos bombardeios, incêndios e marcas do tempo, o Palácio Rio Branco conseguiu conservar várias peças originais no seu interior, como:
- painéis;
- móveis;
- teto;
- piso.
Além disso, o estilo rococó continua presente na Sala dos Espelhos. Já na Sala Pompeana, o visitante pode conferir afrescos dos séculos 19 e 20.
Outro ponto de destaque no interior do local é a estátua do fundador da cidade de Salvador e do próprio Palácio Rio Branco, Thomé de Souza.
O monumento todo em gesso foi feito pelo artista Pasquale De Chirico e se encontra na escadaria que leva ao primeiro andar.
Projeto de hotelaria
No dia 31 de agosto, o Diário Oficial do Estado (DOE) publicou a autorização do governo da Bahia para um estudo de viabilidade de um projeto de intervenção no Palácio Rio Branco. A liberação é para que o grupo português Vila Galé, dona de uma rede hoteleira, realize um trabalho de análise durante 90 dias.
Ao final do prazo, o conglomerado empresarial deverá informar se é viável uma reforma no local visando a instalação de um hotel de luxo. A ideia é que sejam construídos ainda três prédios juntos ao palácio.
O plano tomou forma após uma conversa entre o secretário de Turismo do Estado, Fausto Franco, e o grupo Vila Galé. O projeto completo visa a revitalização e recuperação do Palácio Rio Branco, bem como a construção de novas áreas.
No entanto, mesmo com a aprovação do governo local, muitos especialistas são contra a ideia. Os membros do Instituto de Arquitetos da Bahia, por exemplo, realizaram um abraço coletivo no prédio em protesto à sua privatização.
Enfim, não há como negar a importância do Palácio Rio Branco para a história do Brasil. A própria insatisfação dos profissionais de arquitetura com a atitude do governo demonstra a relevância do prédio em termos arquitetônicos.
De qualquer forma, a visita ao local é quase obrigatória para todo amante da literatura, pintura e arte em geral.
Que tal se inspirar na arquitetura da atual residência oficial da presidência do Brasil? Passeie pelas formas geométricas do Palácio do Planalto.