Um coworking projetado para a nova era
Você já parou para pensar sobre como serão os espaços coletivos na era pós-covid? Muitos comportamentos já mudaram e outros ainda vão mudar diante dessa nova realidade que se apresenta para nós, principalmente aqueles relacionados à rotina de trabalho e cuidados com a saúde. Os coworkings se tornaram uma realidade na última década, para empreendedores individuais e grandes empresas, e são alguns dos espaços que devem se adaptar urgentemente às exigências advindas com a pandemia.
Recém-inaugurado, em Londres, o Paddington Works, voltado para startups de tecnologia, é um exemplo do que pode ser feito em empreendimentos desse tipo. O escritório Threefold Architects assina o projeto, que foi desenvolvido pouco antes da pandemia, e facilmente adaptado às necessidades dos novos tempos por ser baseado nos princípios da arquitetura do bem-estar. Essa linha de pensamento tem como premissa criar ambientes mais saudáveis e felizes. "Acho que muitos dos princípios de bem-estar são intuitivos para os arquitetos — proporcionando boa luz natural, harmonia visual, excelente acústica e qualidade do ar", explica Matt Drisscoll, co-fundador do Threefold.
O Paddington Works está equipado com estúdios privados, espaços de trabalho coletivos, salas de reuniões e um auditório multiuso. Tudo disposto em dois andares. E os cuidados com a saúde foram seguidos à risca em cada detalhe. Exemplo disso é o sistema de circulação de ar, que inclui filtragem antiviral e foi projetado para trazer 25% a mais de ar fresco para o prédio do que um equipamento comum. Já a iluminação é feita por meio de leds inteligentes, que ajustam a temperatura da cor da luz ao longo do dia, de acordo com os ritmos circadianos — sobre o qual se baseia o ciclo biológico de quase todos os seres vivos, influenciado principalmente pela variação de luz.
A disposição dos espaços internos também foi pensada para evitar aglomerações. “Além do design, estamos interessados em como eles serão usados e como as pessoas se movem neles e interagem entre si”, afirma Matt. Dessa forma, os espaços de trabalho são divididos entre grupos para permitir que pequenas comunidades se formem dentro do prédio. Cada um deles tem suas salas de reuniões e descanso próprias, organizadas ao redor de uma cozinha e ambiente de convívio. "Procuramos criar lugares tranquilos para se trabalhar sozinho e outros vibrantes para colaborar em grupo. Sempre colocamos espaços sociais generosos na parte central dos nossos projetos para que as pessoas se reúnam em seus tempos de relax e troca de ideias", continua.
Por isso, no centro do Paddington fica um auditório flexível, projetado como um enorme conjunto de degraus de madeira. O espaço pode ser usado para palestras e apresentações que demandem projeções, mas também pode funcionar como um lugar informal de trabalho ou reuniões, respeitando o distanciamento social. O aspecto mais interessante dessa área é que cada degrau tem mesas embutidas e deslizantes, que podem ser usadas para apoiar notebooks, além de pontos de energia para carregar os equipamentos. “O auditório funciona como uma escada entre os andares e se torna uma espécie de fórum, um espaço público dentro do prédio”, diz Matt.
A paleta de cores e os materiais usados no projeto foram inspirados na herança cultural da região de Paddington, com estruturas de aço que lembram a clássica estação ferroviária homônima , combinados com materiais neutros e práticos, como o piso frio efeito granilite, e a madeira carvalho, que reveste boa parte das paredes.
Espaços de coworking como este tendem a se tornar ainda mais comuns no futuro, visando modelos de trabalho mais flexíveis. Trata-se de uma nova forma de convívio corporativo, mas com todo o cuidado que os novos tempos pedem.