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O que é uma Medina?

mesquita de Monastir

Grande mesquita de Monastir, junto ao ribat, estrutura que funcionava como uma rede de fortalezas por grande parte da costa no norte africano (Foto: Alexandre Disaro)

Imagino que você já ouviu a palavra medina quando o assunto são países muçulmanos. Ruas estreitas e movimentadas, pilhas de especiarias, vitrines com jóias, tapetes pendurados, lojas com lindos frascos de perfume e mesquitas chamando para a reza. Tudo junto. Seja em novela, ou em alguma outra referência, imagino que o termo, em algum grau, lhe é familiar. Contudo, você sabe ao certo o que é uma medina?

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Nesta coluna, compartilho o que são, onde encontrá-las, quem vive lá dentro, o que fazer e como explorá-las.

O que significa medina?

pátio da Grande Mesquita de Kairouan
Dentro do pátio da Grande Mesquita de Kairouan. A mesquita é a mais antiga do norte da África. Erguida no século 7 d.C., serviu de gabarito para a construção de outras mesquitas por todo o norte da África e Andalucía. É tida como modelo na concepção da arquitetura magrebina - termo que remete aos países do Magreb: Tunísia, Marrocos, Argélia, Líbia e Mauritânia -, tamanha importância do monumento (Foto: Alexandre Disaro)

Começando pelo princípio, medina em árabe significa cidade. Porém, em alguns países no norte da África, com o passar do tempo, o seu significado incorporou mais algumas nuances. Passou a se referir também como a parte histórica da cidade.

Ao mencionar medina para uma pessoa local em países como Marrocos, Tunísia, Líbia e Argélia, essa pessoa certamente associará o termo à parte antiga da cidade, muitas vezes ainda murada.

Em paralelo, Medina é também o nome da segunda cidade mais importante para o islã, que fica na Arábia Saudita.

Onde encontrar?

Medina de Sousse
Medina de Sousse vista do topo do ribat da cidade. Ao fundo, antiga fortificação que hoje abriga o Museu de Arqueologia. Dentro há um dos maiores e mais importantes acervos de mosaicos romanos e bizantinos do país (Foto: Alexandre Disaro)

Esta estrutura urbana é muito presente no norte africano, principalmente no Marrocos, Tunísia, Líbia e Argélia. Cidades como Marraquexe, Fez, Casablanca, Rabat e Tânger no Marrocos e Tunes, Kairouan e Sousse na Tunísia têm grandes e importantes medinas.

Nesta viagem pela Tunísia, visitei seis: Tunis, Sousse, Mahdia, Monastir, Kairouan e Tozeur. Todas são antigas, apresentam urbanismo orgânico e ainda preservam suas muralhas. Além deste DNA compartilhado, cada uma contém particularidades arquitetônicas e culturais que as tornam únicas.

Quem vive na medina?

medina de Kairouan
Pelas vielas da medina de Kairouan, uma das cidades mais sagradas para os muçulmanos. Os muçulmanos da região dizem que sete visitas a Kairouan equivalem a uma a Meca (Foto: Alexandre Disaro)

Você pode ter se perguntado se todos da cidade vivem dentro da medina. A resposta é não.

Há uma relação urbana muito interessante. A medina é um centro histórico vivo e vivido pela população local e se integra com harmonia à parte nova. Com o tempo, a cidade como um todo adquiriu novos contornos. O transporte privado demandou garagens; hospitais, escolas, órgãos públicos e empresas ganharam novas edificações; o saneamento básico, fornecimento de água e eletricidade também se modernizaram. Ainda assim, mesmo com o crescimento extra-muros, a vida dentro das medinas continua pulsante.

Diversas estruturas históricas e importantes como mesquitas e mercados ainda são usadas pela população local de todas as camadas sociais.

O que fazer? O que visitar?

Medina de Tozeur
Medina de Tozeur, próxima ao deserto e ao lado do maior palmeral de tâmaras da Tunísia. A característica mais notável é a construção de todas as casas com esse tijolo cor areia. As fachadas recebem a aplicação de padronagens tradicionais feitas com os próprios tijolos. É a única região da Tunísia que apresenta essa ornamentação nas casas (Foto: Alexandre Disaro)

Por ser a parte mais antiga, concentra a maior parte dos monumentos histórico: muralhas, alcáçovas (cidadelas, do árabe al-qasbah), socos (mercados, do árabe souq), mesquitas, madraças (escolas de estudo islâmico), mausoléus, palácios e museus.

É também lá que muito da arquitetura local está representada. Hospedar-se numa casa tradicional é parte importante dessa vivência.

Uma atividade deliciosa que fiz em todas as medinas visitadas foi observar o movimento do dia a dia das pessoas. Sentar-se numa casa de chá e contemplar o vai e vem dos locais. Toda a estética é uma experiência por si só. Arquitetura, língua, vestimentas, cheiros e os elementos culturais criam uma atmosfera muito curiosa e diferente para nós. É fascinante perceber outras maneiras de se arquitetar e vivenciar uma cidade.

Como explorar?

mercados de Kariouan
Pelos mercados de Kariouan. Dentro das medinas há arcadas centenárias onde a maioria dos mercados (socos, do árabe souq) estão instalados (Foto: Alexandre Disaro)

A resposta é simples: a pé. Ruas estreitas e urbanização orgânica, incontáveis becos e vielas, muitas sem saída. Ainda que encontremos carros em certas partes é desencorajado que sejamos nós a dirigir ali dentro. Para se perder e não conseguir manobrar é um piscar de olhos. O melhor a se fazer, caso você esteja com um carro, é estacioná-lo fora da medina e percorrê-la a pé.

E aí, já visitou alguma medina? Comente para onde você foi e se gostou. E para quem ainda não foi, que medina(s) você gostaria de visitar?

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