Cada qual à sua maneira
O crescente interesse pela gastronomia – perceptível, em escala mundial, pelo expressivo aumento de programas e publicações dedicados ao tema –, responde, em boa parte, pela nova configuração que a cozinha vem adquirindo no contexto doméstico. Ambiente antes tido como mera área funcional, é visto atualmente como possível espaço de convivência e lazer.
Um processo para o qual a pandemia teve papel decisivo. Afinal, por conta dos dias de isolamento, muitos dos quais passados à beira do fogão, na companhia da família e dos amigos, hoje conhecemos melhor nossos hábitos relacionados à cozinha. O tempo que passamos cozinhando. O esquema geral de funcionamento. A atmosfera, o clima, a cara, enfim, que pretendemos imprimir ao espaço.
Não chega a surpreender, portanto, que a ideia de adaptar a cozinha aos mais diversos estilos de vida tenha ganhado força nos últimos anos, vindo a se tornar a mola propulsora dos principais lançamentos apresentados naquela que é considerada referência mundial para o setor: a feira Eurocucina, no âmbito do Salão do Móvel de Milão.
Aberta e montada em continuidade às áreas sociais da casa – notadamente a sala de estar, mas também o home-theater –, na maioria das propostas, o ambiente ganha uma configuração flexível, baseada, via-de-regra, na manutenção de dois grandes volumes: um bloco central, tipo ilha, com cuba acoplada, e, ao lado dele, um armário ou vitrine – iluminado internamente, ou não –, onde tudo fica à mostra.
A partir daí, são múltiplas as disposições sugeridas pelos designers e fabricantes. Interpretando o conceito de volume puro da arquitetura, só que aplicado a um interiores doméstico, o modelo Oyster, da Veneta Cucine, por exemplo, traz uma ilha onde todos os equipamentos necessários ao funcionamento da cozinha podem ficar completamente embutidos quando não em uso, inclusive os misturadores.
Assim, tal qual uma peça de mobiliário, a cozinha se transforma em um item móvel, que pode compor qualquer ambiente da casa. Como acontece com a Artematica Soft Outline, do designer italiano Gabriele Centazzo para a Valcucine, (valcucine.com), que, quando não utilizada, apresenta-se como um bloco único, onde o tampo, as portas e as laterais se integram de forma contínua.
A cozinha Elements, da Falmec (falmec.com), equipada com placa de indução para aquecimento de alimentos, armários e gavetas para armazenamento – além de uma coifa que se integra a qualquer ambiente, podendo ser utilizada como estante –, é outro móvel pensado para se integrar por completo à decoração, podendo ser instalado, virtualmente, em qualquer espaço, até mesmo em um corredor.
Já para aqueles que não abrem mão de fazer suas refeições à beira do fogão, a cozinha Sign, da Ernesto Meda, conta com um tampo deslizante de madeira, que, quando fechado, pode funcionar como plano de apoio para a preparação de alimentos – além de manter ocultos objetos utilitários e demais acessórios. Quando aberto, porém, o componente pode dar origem a uma confortável mesa.
Por fim, para quem dispõe de pouco espaço, ou, durante a pandemia, se acostumou a trabalhar ou ler na cozinha, o modelo Cucinand’o, da Aran Cucine tem tudo para facilitar a vida do chef de plantão. Além de plano de trabalho, traz estantes para armazenar livros e pastas. Depois, para o trabalho começar, é só dotar o móvel de cadeiras adequadas e colocar a cafeteira para funcionar.
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