27.06.2022
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Sede da Roayl Fic
Sede da Roayl Fic, projeto do Grupo Garoa, vencedor na categoria comercial e industrial do Prêmio IAB em 2019. Segundo os autores, o escritório busca catalisar a interação entre colaboradores e clientes a partir de distintas formas de circular no espaço (Pedro Napolitano Prata / Divulgação Garoa)

Nova Arquitetura Brasileira – Volume 1

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27.06.2022
Jovens arquitetos apresentam trabalhos consistentes e colocam-se como atores políticos para equidade e democratização. O colunista Fernando Mungioli destaca três representantes dessa boa nova safra
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Em um país que possui mais de 800 escolas de arquitetura e aproximadamente 120.000 estudantes ativos da disciplina, torna-se cada vez mais difícil para jovens arquitetos encontrarem seu lugar ao sol.

Para ouvir o artigo completo, clique no play abaixo:

Entre números impressionantes de novos profissionais que chegam anualmente ao mercado e os 3% da população brasileira que contratam serviços de arquitetura, segundo pesquisa realizada pelo CAU/BR, há um imenso abismo – uma conta que não fecha. Se conseguir emprego ou colocação na área já se mostra um sério problema a ser resolvido por essas novas arquitetas e arquitetos, o desafio se torna maior quando a ideia é obter destaque, receber prêmios, ou apenas se colocar no mercado de maneira sustentável e com trabalho consistente. Entre mortos e feridos, alguns profissionais e escritórios se destacam em diversos campos do pensamento e prática arquitetônica, e a PROJETO está atenta a esses nomes.

Por 29 anos, realizamos o Concurso Opera Prima, que visa destacar os melhores trabalhos de graduação entre todas as universidades brasileiras. Um trabalho hercúleo, que, sem o devido apoio, está parado desde o início da pandemia e ainda luta para ter continuidade. Trata-se de um farol, um termômetro sobre o ensino brasileiro de arquitetura, mas também uma ferramenta que designa aquelas e aqueles que terão maiores chances de colocação profissional e, principalmente, quais são as escolas que mantêm níveis minimamente satisfatórios de ensino.

Esta é uma das frentes que trabalhamos para garimpar talentos, porém não a única. Nossa redação está atenta a novos nomes, aos trabalhos desenvolvidos fora do mainstream, e às iniciativas inovadoras e/ou disruptivas que trazem benefícios ao debate sobre a boa arquitetura, democrática, que atinge seu objetivo de servir às pessoas. Durante anos, mantivemos uma sessão na revista dedicada aos novos profissionais, com a ressalva de que neste mercado é praxe considerar ‘jovens arquitetas e arquitetos’ aquelas e aqueles abaixo dos 40 anos.

Aqui nessa coluna, publicada regularmente no Archtrends, buscarei esporadicamente trazer à tona alguns desses nomes que, se não são necessariamente novidade, merecem o devido destaque:

Croqui do projeto da escola Wish, do Grupo Garoa, indicado ao Mies Crown Hall Americas Prize para arquitetos emergentes. Os autores abordam a planta como território composto por zonas de contração e expansão, em que existem fronteiras e bordas tênues, permitindo e incentivando a transgressão, entendendo as crianças como sujeitos ativos (fonte: Site Grupo Garoa)

O Grupo Garoa, que se autodenomina um laboratório coletivo de arquitetura investigativa e especulativa, por atuar através da experimentação, sem métodos preconcebidos, personalizando a autoria do que é concebido em equipe, projeta e gerencia suas obras, algo até pouco tempo incomum para escritórios de arquitetura. Sob direção de Erico Botteselli e Pedro De Bona, o Garoa obteve reconhecimento como arquitetura emergente, indicado pelo Mies Crown Hall Americas Prize, uma das premiações mundiais mais emblemáticas do segmento, com o projeto da Wish School. A escola recebeu um sem número de outras premiações e publicações, como o prêmio 21st Century Schools in Latin America and Caribbean, do Banco Intra-Americano de Desenvolvimento, e foi destaque nas Bienais de São Paulo em 2017 e do Chile em 2019. Outra obra do coletivo, o escritório da Royal Fic – uma distribuidora de combustíveis sediada em Campinas, SP – foi o vencedor na categoria comercial e industrial do Prêmio IAB em 2019.

casa de shows instalada em palacete histórico
Projeto para a Casa de Francisca, casa de shows instalada em palacete histórico e tombado pelo município, atendeu aos fluxos e infraestruturas necessárias de acordo com as restrições solicitadas pelo projeto de restauro do edifício. Novos elementos arquitetônicos foram implantados, sob uma linguagem contemporânea, em contraponto à edificação original (Pedro Napolitano Prata / Divulgação Vapor Arquitetura)

Outro coletivo a ser considerado nesse primeiro volume de escritórios citados une arte, audiovisual e arquitetura. Formado pelos arquitetos Fábio Riff, Fabrizio Lenci, Rodrigo Oliveira e Thomas Frenk, o escritório paulistano Vapor Arquitetura atua na construção do espaço a partir dessas três frentes de execução. No campo das artes e filmes, realizou trabalhos no Instituto Moreira Salles, Itaú Cultural e Pinacoteca de São Paulo. Realizam animações, artes gráficas, trilhas sonoras e instalações, como a obra audiovisual Genocídio, para exposição da fotógrafa Claudia Andujar, no IMS Paulista. Na arquitetura, além de uma produção consistente no segmento residencial, possui obras de destaque em premiações importantes do segmento, como a menção honrosa concedida ao projeto do restaurante Tuju, no 3º Prêmio de Arquitetura Akzo Nobel Tomie Ohtake, em 2016, e o prêmio na categoria Interiores e Design da premiação IABSP 2021 – Edição Centenário, pelo projeto do restaurante Cora, em São Paulo. Uma de suas obras de maior destaque é a famosa Casa de Francisca, ícone de shows e cultura em São Paulo, na qual implantaram novos elementos arquitetônicos em um palacete tombado pelo patrimônio municipal da cidade, localizado no centro.

fachadas translúcidas
Restaurante Tuju, do escritório Vapor, recebeu menção honrosa no 3º Premio Akzo Nobel Tomie Ohtake. Parte do uso de estruturas industrializadas, e forma-se um ambiente moderno e elegante. As fachadas translúcidas propõem franco dialogo com a cidade (Pedro Napolitano Prata / Divulgação Vapor Arquitetura)

A missão de fechar a tríade inicial dos meus indicados como Nova Arquitetura Brasileira, versão 2022, fica a cargo do escritório Vão, fundado em 2013 e formado pela arquiteta Anna Juni e os arquitetos Enk te Winkel e Gustavo Delonero. Logo em seus primeiros passos, o escritório obteve, em 2014, o segundo lugar no Concurso Nacional Anexo do BNDES, no Rio de Janeiro e, em 2015, foi vencedor do Concurso Internacional Geometrías Invisíbles, promovido pelo espaço LIGA, na Cidade do México, com o projeto de arquitetura efêmera – uma das vertentes do escritório –, Subsolanus. Entre outras premiações, destaca-se o prêmio de Casa do Ano na Premiação IABSP 2021 – Edição Centenário, para a Casa São João da Boa Vista, no interior de São Paulo. Mesmo jovens, os três sócios do Vão fizeram parte, em 2020, do corpo de jurados da competição Tiny House Design 2020, que visa instigar o conceito da “vida simples” em espaços mínimos, porém que atendam conceitos de sustentabilidade e de máximo aproveitamento da área útil estipulada.

Vista aérea da Casa São João da Boa Vista
Vista aérea da Casa São João da Boa Vista, do Vão, Casa do Ano na premiação IABSP 2021. Próxima à construção, permaneceu preservada uma casa antiga onde residem os pais dos clientes, o que desafiou o escritório a proporcionar, através do projeto, privacidade aos núcleos familiares distintos (Javier Augustín Rojas / Divulgação Vão)

Em comum nos três exemplos da boa arquitetura aqui citados, pode-se destacar o conceito de experimentação coletiva – todos inserem em seus manifestos a não personalização da autoria e o trabalho colaborativo com outros profissionais. Não à toa, não levam nomes, sobrenomes ou iniciais de seus sócios, numa possível indicação de um momento em que talvez o que deva permanecer é o resultado e não o discurso. A obra, não a pessoa. São nomes, de certa forma, complementares e similares: Garoa, Vapor, Vão, tangíveis e intangíveis.

Maquete eletrônica de projeto da Sede do Anexo BNDES
Maquete eletrônica de projeto da Sede do Anexo BNDES, segundo lugar em concurso público que gerou polêmica por questões de direitos autorais dos participantes. Segundo o júri, o projeto do escritório de arquitetura Vão, “apresenta sistema construtivo racionalizado, além de distribuição adequada dos espaços”. Também foi evidenciada pelos avaliadores a “boa conexão espacial entre os espaços internos e externos e a preservação da referência visual do Morro de Santo Antônio, através dos vazios criados entre as lâminas.” (Divulgação Vão)
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Fernando Mungioli
Colunista
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Fernando Mungioli é proprietário e Publisher da Arco Editorial, editora especializada em arquitetura e...

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