Decorar com cores pode ser um grande desafio. Além do medo de enjoar das tonalidades escolhidas, um projeto colorido pode envolver investimentos altos em tintas, revestimentos, mobiliário e objetos. No entanto, o uso de uma paleta de cores rica pode dar mais personalidade ao seu imóvel, como defende a arquiteta fluminense Amanda Miranda.
“Eu acho que a cor traz alegria para casa, não vivemos em um mundo estático ou aquela coisa escandinava, com o uso da madeira, do branco e bege”, disse. “A vida no Brasil não é assim, ela é dinâmica, colorida, diferente. O nosso lar reflete muito mais identidade quando você tem essa mistura”.
Para alcançar bons resultados, a profissional segue algumas regras, que ensina a seguir:
EQUILÍBRIO
Após escolher as cores de preferência, as que agradam ao morador, analise o ambiente. É preciso estudá-lo, observar os elementos do entorno, como as entradas de luz e a arquitetura que constitui a decoração.
“Eu acho que para funcionar é preciso justamente ter consciência desse equilíbrio, da proporção, da volumetria, de onde eu vou ter o maior impacto e onde eu quero, de fato, esse destaque”, disse. “Às vezes, nem é sobre a quantidade de cor, mas em qual parede, por exemplo, eu vou colocá-la”.
MOODBOARD
O moodboard é um quadro de referências. Ele pode ser uma pastinha no seu computador, recortes de revistas, imagens de filmes, de objetos de decoração e amostras de cores e tecidos, por exemplo, que são de seu interesse. Quando você une esses elementos e referências, consegue vislumbrar um caminho para a sua decoração. Em relação às cores, o moodboard permite, inclusive, ver se elas combinam entre si.
“Montar o moodboard, como fazemos na Portobello Shop Niterói, já é um estudo”, disse. “Fora o 3D, obviamente, que ajuda muito, mas você pegar os materiais, as paletas de cores, colocar sobre a mesa e visualizar com a luz adequada, facilita o processo”.
COR FIXA X COR MÓVEL
“Quando o cliente quer cor no espaço, assumimos isso e colocamos em elementos fixos, como revestimentos e paredes. Escolhemos os pontos que visualmente vão impactar mais, porque a cor será o elemento chamativo”, disse Amanda.
“Agora, quando ele não quer cor, mas algo mais básico, eu a introduzo em elementos volantes, como tapete, adorno, nas plantas, pois, se em algum momento ele cansar daquilo, pode trocar”.
REVESTIMENTO
A escolha de revestimentos ocorre durante o preparo do moodboard, junto a outros elementos, como tecidos, paleta de cores para paredes e mobiliário. No entanto, o segredo para a fluidez na aplicação dessas cores tem a ver com ligação entre objetos, revestimentos e outros aspectos do décor.
“Se eu entrar com um revestimento cor-de-rosa, eu vou ter que jogar essa cor em outro lugar, para que faça sentido”, explica Amanda. “O que dá essa sensação de equilíbrio e harmonia nos projetos é que, quando eu uso cor, eu não a uso solta em um ponto, mas ela fica ligada a um detalhe, nem que seja o adorno em outra parede ou do outro lado da sala”.
Em seu escritório, Amanda Miranda Arquitetura, a arquiteta diz preferir desafios, inclusive, os que envolvem uso de cores.
“Eu sempre gostei de trabalhar com cor, sou uma pessoa extremamente colorida. Óbvio que trabalhamos com a cartela dos clientes, as cores que os agradam”, disse. “Buscamos não repetir fórmulas, fazer sempre o diferente”.
Baseado em Niterói, seu escritório faz projetos residenciais, em maioria, e alguns comerciais, como lojas, restaurantes e clínicas. Hoje, atua também em Búzios, Angra dos Reis, na cidade do Rio de Janeiro, e tem expandido seus trabalhos para lugares como Fernando de Noronha.
“Eu sempre pensei em fazer Arquitetura, nunca quis ser outra coisa na vida. Quando criança, meu lazer era desenhar plantas”, relembra.