Dia dos Pais 2021: conciliando arquitetura e paternidade na pandemia
Com a chegada da pandemia de Covid-19, o home office foi inevitável e, consequentemente, foi preciso repensar o que é ser pai. Os cuidados, muitas vezes relegados às mães, foram divididos. O convívio familiar ganhou uma nova dinâmica. Portanto, o Dia dos Pais 2021 é especial.
Neste artigo, você vai conhecer a importância do Dia dos Pais 2021 para arquitetos que aprenderam a lidar com as demandas do trabalho e da família nesse momento tão delicado que o mundo vive. Acompanhe!
Dia dos Pais 2021: alegrias e desafios para arquitetos em família
Convívio intenso, estudos e brincadeiras durante o expediente. Cada um desses profissionais teve que adaptar sua rotina às demandas dos filhos. Veja os relatos deles nesta homenagem do Archtrends ao Dia dos Pais 2021.
Danilo Yoshinaga, arquiteto na Maishouse Arquitetura
Conciliar carreira e família sempre foi um questionamento do arquiteto Danilo Yoshinaga.
Quem deseja ter um nome consolidado no mercado de arquitetura precisa trabalhar muito. Infelizmente, é normal sentir culpa por comprometer o tempo com esposa e filhos.
"Eu me condenava de não estar próximo dele como gostaria. Mas tudo isso era para poder oferecer a ele algo que eu não pude ter", explica o arquiteto.
A pandemia obrigou famílias do planeta inteiro a se isolarem. Dessa forma, o convívio, antes impedido pelo trabalho, se tornou intrínseco a ele — principalmente para os pais de crianças pequenas.
Para Danilo, a possibilidade de trabalhar em casa trouxe conforto e até esperança.
“Como estávamos em home office, coisas que nunca aconteciam normalmente passaram a acontecer, como tomar café da manhã juntos todos os dias. Foi ótimo nesse aspecto”, relata.
Reinvenção
Mas é claro que o convívio intenso traz grandes desafios, principalmente para quem está acostumado a trabalhar fora. O filho de Danilo tinha apenas dois anos no começo do isolamento social. Como qualquer criança cheia de saúde e energia, via o pai em casa e queria brincar com ele.
“A gente brincava, ele sentava comigo no computador, mexia em tudo”. O que no início pode ter causado uma diminuição de produtividade acabou aumentando o vínculo entre pai e filho. “Devagar fui explicando sobre a necessidade do tempo para cada coisa, e nos equilibramos”, completa o arquiteto.
O "novo normal"
Danilo já voltou a trabalhar no escritório e seu filho está na escolinha. Mas o arquiteto não quer perder o vínculo importante conquistado em um momento tão difícil.
Para isso, houve adaptações: a criança geralmente vai ao trabalho dele nas tardes de sexta-feira.
“Segundo a ‘prô’, ele fica na escolinha dizendo que virá trabalhar com o papai no escritório. Ele ama ajudar. E todos aqui adoram ele!”, orgulha-se.
Aliás, a fase atual da pandemia é frutífera para os escritórios de São Paulo. O extenso tempo em casa fez com que as pessoas a valorizassem mais.
“Nunca trabalhamos tanto. O nosso efetivo de profissionais dobrou de um ano e meio para cá. Parece-me que todos sentiram a necessidade de um lar melhor”, finaliza o arquiteto no Dia dos Pais 2021.
Sidnei Machado, arquiteto na Oca Arquitetura
Para o arquiteto Sidnei Machado, a rotina pré-pandemia era tranquila e, por isso, o convívio com as crianças sempre foi bem próximo. Suas filhas, hoje adolescentes, frequentam o seu escritório, que fica perto da casa do profissional.
“Como a escola das meninas era próxima do meu escritório, nós saíamos cedo, eu as deixava lá e ia para o trabalho. Nas atividades no contraturno, a empresa servia de QG para descanso ou realização de alguma atividade. Elas tinham um espaço e uma rotina no dia a dia”, explica.
Neste Dia dos Pais 2021, não será diferente, principalmente após todas as mudanças que a pandemia impôs.
Preparação
Com a pandemia, todos tiveram que se adaptar ao trabalho e aos estudos no formato home office. Por sorte, Sidnei tinha uma boa estrutura em casa, o que facilitou o processo.
"Teve também o fato de as meninas já serem adolescentes, com condições de gerenciar as próprias atividades, sem a necessidade de uma supervisão minha e da minha esposa em tempo integral”, complementa.
Desafios do convívio
Segundo Sidnei, o home office fez com que todas as atividades diárias passassem a ser realizadas em família. “Mesmo trabalhando mais horas por dia, acabamos tendo tempo para lazer e descanso com todos juntos em nossa casa”, diz.
O maior desafio foi e continua a ser conciliar trabalho e estudo com o descanso e as atividades familiares. “Mesmo em tempo de pandemia, ajustar as agendas exige bom planejamento e muita conversa”, completa.
Trabalho híbrido
Sidnei decidiu manter a estrutura de desenvolvimento de projetos em home office. “Assim, quando não estou nas obras ou em visita a clientes e fornecedores, meu local de trabalho continua a ser em minha casa”, explica.
Menos deslocamentos trazem mais qualidade de vida e até aumento de produtividade. Por isso, o arquiteto não vê um cenário melhor do que o atual nos próximos anos, nem pensa em voltar a ter a estrutura de antes da pandemia.
Nostalgia e carreira
“Algo interessante sobre minha carreira e minhas filhas, que guardarei comigo, era a alegria delas nas mostras de arquitetura das quais eu participava. Elas sempre foram as principais divulgadoras dos meus espaços. Relacionavam-se muito bem com os profissionais e atendentes dos eventos. Com frequência me falavam das travessuras e brincadeiras que faziam pelos ambientes: ‘Suas filhas passaram por aqui!’ ou 'É o pai das meninas? Elas falaram de você!’. Minha filha mais velha decidiu fazer arquitetura e iniciou um estágio no nosso escritório”.
A nova ascensão do mercado
Durante os primeiros meses da pandemia, o mercado de arquitetura projetou que haveria uma diminuição nos trabalhos.
Mas ao contrário do que imaginava, Sidnei não se sentiu prejudicado por uma provável queda na contratação de projetos.
“A tendência se manteve. Vivemos um período de expansão de negócios. O mercado está aquecido. Acredito que o cenário se mantenha favorável na construção civil”, analisa no Dia dos Pais 2021.
Flávio Machado, arquiteto diretor da SET Arquitetura e Construções
A rotina do arquiteto Flávio Machado sempre foi agitada. Além de diretor da SET, ele é dono do próprio escritório, Flávio Machado Arquiteto, há mais de 26 anos.
Um projeto de arquitetura e construção demanda muito planejamento, conversa, rascunhos e execução. Para dar conta de tantas demandas, é preciso se dedicar bastante: ele trabalha de 12 a 14 horas por dia.
Profissional e pai
Flávio fazia projetos de stand de vendas e apartamentos decorados para construtoras, atividade que exige que o profissional viaje constantemente. Essa rotina começou a mudar com a chegada de Enzo, de sete anos.
“Com o nascimento do meu primeiro filho, parei de atender às construtoras porque tinha que viajar muito. Também passei a evitar ao máximo trabalhar nos fins de semana para ficar com a família”, explica.
Pouco tempo depois, chegou Lívia, hoje com cinco anos, o que fez com que Flávio mudasse o foco do trabalho. “Fiquei mais com projeto e execução de obras residenciais e de escritório, que também são uma loucura, mas não preciso viajar tanto. Atuo mais em São Paulo”, complementa.
A mudança de segmento não diminuiu a carga de trabalho, mas o arquiteto faz questão de participar da rotina dos filhos. “Muitas vezes, eu acordo, arrumo as crianças, coloco na perua escolar por volta das 7h. Depois, vou trabalhar. Há dias em que chego em casa e eles já estão dormindo, mas tento voltar cedo para brincar e fazer parte do dia deles”, diz Flávio.
Rotina na pandemia
Com o isolamento social, os filhos começaram a estudar online. Flávio e Sílvia, sua esposa, investiram em um notebook para cada um deles. Sílvia trabalhava em home office, mas Flávio continuou a ir sozinho para o escritório por um bom tempo.
"Como as crianças são pequenas, tivemos que estar ao lado, separar o material, acompanhar a lição de casa, ficar junto. Acabamos atuando como professores. A gente revezava: eu ficava dois dias na semana, e a minha esposa três”, conta.
Adaptação
Se trabalhar em casa já é complicado, com duas crianças com um ano e meio de diferença é ainda mais difícil. Por um período, o casal dispensou a babá, que depende de transporte público. “Eles brincam, brigam. A gente precisa fazer comida, dar banho. E não tem um ambiente apropriado para o trabalho. Isso é complicado de conciliar”, afirma Flávio.
Para se manter perto dos filhos, o arquiteto levou-os ao escritório para assistir às aulas, o que ajudava a aliviar a rotina intensa.
“Algumas vezes, eu trabalhei de madrugada para entregar os projetos nas datas. Outras, terceirizei para freelancers conhecidos. Mas a arquitetura precisa de conversa, entrosamento com as pessoas que fazem parte do processo. Um trabalho que você só conversou, não mostrou, não rabiscou, acaba tendo que refazer muitas coisas. Sou das antigas; gosto do presencial, de acompanhar. Senão, qualquer erro acaba sendo obrigado a voltar muito para trás”, diz.
Companheirismo
Flávio ressalta como acha importante ficar perto dos filhos e acompanhar a evolução deles em relação aos estudos.
“Não é uma tarefa somente agradável. É questão de educação. Não temos a didática de um professor, então buscamos fazer da melhor forma possível, mas não é uma atividade simples”, reflete.
Futura arquiteta
“Como as crianças participaram de atividades do escritório, minha filha disse que quer ser arquiteta! Ela é nova, mas gosta de desenhar e tem uma boa percepção de desenhos em planta, consegue entendê-los. Mostrou interesse, inclusive nas obras. Brincou bastante, me acompanhou e foi super companheira em alguns passeios que fiz com ela no trabalho. Isso me deixa muito feliz”, derrete-se Flávio.
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