08.03.2021
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Zaha Hadid, uma das arquitetas mais importantes e premiadas da história (Foto: Dmitry Ternovoy)

Dia da Mulher: engenheiras, arquitetas e designers que mudaram suas profissões

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08.03.2021
Neste Dia da Mulher, conheça a trajetória de profissionais que mudaram o cenário da Arquitetura, do Design e da Engenharia!
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Embora celebrado, o Dia da Mulher foi criado em um momento de dor e luta, como é a vida feminina até hoje. Desde o século XIX, movimentos femininos brigavam contra a extensa jornada de trabalho aliada aos péssimos salários. Foi então que, em 1908, surgiu a tão famosa data, quando 1500 mulheres se manifestaram a favor da igualdade econômica e política nos Estados Unidos.

Se preferir, clique no play abaixo para ouvir o artigo completo:

Graças a uma luta que atravessa séculos, mulheres podem votar, escolher se querem ou não se casar e, veja só, ter uma carreira. Pioneiras conseguiram abrir portas para que ambientes predominantemente masculinos fizessem silêncio na hora em que elas quisessem falar. E, embora a batalha seja diária, ela não seria possível sem as nossas antecessoras.

Neste Dia da Mulher, conheça a história de engenheiras, arquitetas e designers que deixaram marcas e transformaram profissões!

Dia da Mulher: conheça profissionais que fizeram história na Engenharia, na Arquitetura e no Design

A partir de agora, confira engenheiras, arquitetas e designers que fizeram história e inspiram mulheres no mundo inteiro até hoje.

Enedina Alves Marques

Apesar de não ser tão conhecida fora do Paraná, Enedina Alves Marques é um nome essencial para a história da engenharia no Brasil
Apesar de não ser tão conhecida fora do Paraná, Enedina Alves Marques é um nome essencial para a história da engenharia no Brasil (Foto: Fundação Palmares)

Neste Dia da Mulher, seria impossível não celebrar a vida da primeira engenheira negra do Brasil.

Enedina Alves Marques sempre teve que se fazer ouvir. Afinal, uma mulher negra deveria ser relegada ao silêncio e à subserviência. Mas ela sabia que lutava por si e por todas: quando não a deixavam falar, ela tirava a arma da cintura e dava tiros para o alto. Então, o silêncio se instaurava.

Nascida em Curitiba (PR) em 13 de janeiro de 1913, Enedina era filha de Paulo Marques, agricultor, e Virgília Alves Marques, lavadeira. Quando entrou em idade escolar, o patrão de dona Virgília propôs pagar os estudos dela, contanto que ela fizesse companhia para a sua filha, Isabel.

Enedina acabou se formando como professora e sempre se viu apaixonada por Matemática e Ciências Exatas. Em 1940, ela ingressou na Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná e se formou cinco anos depois. Assim, se tornou a primeira mulher engenheira do estado e a primeira negra do Brasil.

Apesar de vaidosa, Enedina sabia que sofreria discriminações em um ambiente dominado por homens. Por isso, no canteiro de obras ela usava macacão de operário com um cinto, onde carregava a sua arma.

Enedina nos deixou em 1981. Anos depois, em 88, a Câmara de Vereadores de Curitiba deu o seu nome a uma rua na Vila Oficinas, no bairro Cajuru. Já em 2006, foi fundado o Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques em Maringá, também no Paraná.

Lina Bo Bardi

Apesar de não ter sido reconhecida por seu trabalho, a obra de Lina Bo Bardi é extremamente importante para a cidade de São Paulo
Apesar de não ter sido reconhecida por seu trabalho, a obra de Lina Bo Bardi é extremamente importante para a cidade de São Paulo (Foto: SteveMagal)

Italiana de berço, mas brasileira de coração, Achilina di Enrico Bo, mais conhecida como Lina Bo Bardi, nasceu em 1914. Por ter crescido em meio a duros confrontos, era considerada uma criança difícil e solitária.

Essa infância difícil provavelmente influenciou a militância de Lina, que era comunista e viu a ascensão do fascismo em seu país. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela chegou a ter o seu escritório bombardeado, mas não abriu mão de seu viés político.

Lina participou do Partido Comunista Italiano e atuou na resistência contra a Alemanha Nazista em 1943.

Quando Lina e o seu marido Pietro visitaram o Rio de Janeiro, viram uma nova perspectiva de vida e desenvolvimento cultural. Assim, se mudaram para a cidade em 1946, trazendo consigo um imenso acervo de peças de arte, livros e artesanato.

Pietro era crítico de arte e, por isso, tinha conhecimento suficiente para fazer exposições. Esses eventos acabaram aproximando o casal de Assis Chateaubriand, responsável por abrir as portas a Lina para uma de suas maiores realizações profissionais: o Museu de Arte de São Paulo (Masp).

Sesc Pompeia, projetado por Lina Bo Bardi
Sesc Pompeia, projetado por Lina Bo Bardi (Foto: Arte Fora do Museu)

Apesar de poucas obras, o legado arquitetônico de Lina em São Paulo é extremamente importante. Além do Masp, ela foi responsável por projetos como Sesc Pompeia, Casa de Vidro e Teatro Oficina. Além disso, ajudou a fomentar o modernismo no Brasil.

Lina faleceu em 1992, aos 77 anos. Em homenagem a ela e ao seu marido, o até então Instituto Quadrante foi renomeado para Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, criado em 1990 e sediado na Casa de Vidro.

Zaha Hadid

O estilo arquitetônico desenvolvido por Zaha Hadid é como uma assinatura
O estilo arquitetônico desenvolvido por Zaha Hadid é como uma assinatura (Foto: Scott Chu)

O Dia da Mulher deve celebrar a vida daquelas que já se foram, mas que, enquanto vivas, mudaram o curso da história. Uma delas é Zaha Hadid, que completaria 70 anos em outubro de 2020.

Nascida em Bagdá (Iraque) em 1950, Zaha ficou muito conhecida por suas criações arquitetônicas de formas curvas, orgânicas e experimentais, como ondas fluidas que desafiam os limites do concreto.

Zaha foi a primeira mulher e a primeira pessoa árabe a ganhar o importantíssimo Prêmio Pritzker, em 2004. Além dele, ela recebeu:

  • European Union Prize for Contemporary Architecture, Mies van der Rohe Award (2003);
  • Condecoração Austríaca de Ciência e Arte (2005);
  • Thomas Jefferson Medal for Architecture (2007);
  • Praemium Imperiale (2009);
  • Structural Steel Design Awards (2010);
  • Prêmio Stirling (2010 e 2011);
  • Jane Drew Prize (2012);
  • Glamour Award for The Architect-In-Chief (2012).

Zaha acreditava que o sucesso não vinha do gênero ou da etnia, mas da capacidade de sonhar e de trabalhar para alcançá-lo.

Ela incentivou meninas e mulheres do mundo inteiro a correrem atrás de seus sonhos, independentemente de suas adversidades.

Até hoje, o seu escritório recebe encomendas de diversos tamanhos, formas e aplicações: são mais de 950 projetos em 44 países.

Ela faleceu em 2016, aos 65 anos.

Paola Navone

A arquiteta e designer Paola Navone usa experiências para criar os seus trabalhos
A arquiteta e designer Paola Navone usa experiências para criar os seus trabalhos (Foto: Archtrends)

A designer Paola Navone é uma mulher do mundo. Ela usa viagens, experiências, objetos e sabores para deixar o seu trabalho ainda mais rico.

Nascida em Turim (Itália) em 1950, Paola é uma das poucas profissionais femininas que fazem parte da elite do design italiano. Formou-se como arquiteta na Politécnica de Turim em 1973, pois, como ela explica, "naquela época, não existia nenhum diploma em Design de Interiores, apenas Arquitetura".

Mas foi em Milão que Paola começou a trabalhar como designer. Ela sempre teve aversão às rígidas convenções acadêmicas, pois, de certa forma, isso traz limitações. Nessa época, criou o grupo Alchemia com Alessandro Mendini, Ettore Sottsass Jr. e Andrea Branzi. Até hoje, ele é considerado o mais progressista da cena italiana do design.

Desde que saiu do grupo, Paola desenvolveu mais de 200 projetos, que vão desde móveis até coleções de louça. Além de arquiteta e designer, ela é diretora de arte, consultora de negócios, crítica, conferencista, professora e organizadora de exposições e eventos.

Além do Vedononvedo e da Bonbon, Paola Navone utilizou as lastras Rivoli e Calacatta Blanc
Além do Vedononvedo e da Bonbon, Paola Navone utilizou as lastras Rivoli e Calacatta Blanc (Foto: Portobello S.A.)

Em 2020, Paola participou da Mostra Unlimited Portobello com Cooking with Friends, um projeto de cozinha com inspiração mediterrânea que remete ao aconchego e à alegria de cozinhar com a família e os amigos.

Para revestir, ela utilizou dois produtos assinados por ela mesma e comercializados pela Portobello: o revestimento Vedononvedo e o mosaico Bonbon.

Jane Drew

Jane Drew com Jean Sabbagh, ex-conselheiro do general Charles de Gaulle, em 1984
Jane Drew com Jean Sabbagh, ex-conselheiro do general Charles de Gaulle, em 1984 (Foto: P0mbal)

Joyce Bervely Drew, mais conhecida como Jane Drew, foi uma arquiteta e urbanista britânica. Ela usou a sua vida para fazer a diferença ao seu redor.

Jane se formou na Architectural Association School of Architecture, em Londres (Inglaterra). Durante e após a Segunda Guerra Mundial, projetou habitações sociais na África Ocidental, Inglaterra, Índia e Irã.

Junto a Edwin Maxwell Fry, o seu segundo marido, ela criou um sistema de design inovador com base em seus diversos projetos no Oeste da África, entre 1949 e 1960.

Jane foi uma das primeiras mulheres arquitetas do Reino Unido, além de promotora do modernismo na arquitetura britânica.

Ela, aliás, trabalhou com Le Corbusier no projeto urbano de Chandigarh (Índia), ideia do então primeiro-ministro Jawaharlal Nehru.

Jane foi nomeada Dama Comandante da Ordem do Império Britânico e era membro do Instituto Real dos Arquitetos Britânicos. Há rumores de que era uma espiã da rainha Elizabeth.

Viajante incansável, professora e mulher que lutou para construir casas sociais na África Ocidental, Ásia e, mais tarde, em seu próprio país, a arquiteta é uma grande inspiração neste Dia da Mulher.

Ela faleceu em 1996, aos 85 anos. Dá nome ao prestigioso Jane Drew Prize, que já teve Zaha Hadid como ganhadora.

Apesar de Le Corbusier ser o nome mais famoso, Jane Drew foi fundamental para a construção de Chandigarh
Apesar de Le Corbusier ser o nome mais famoso, Jane Drew foi fundamental para a construção de Chandigarh (Foto: David Quinn)

Como vimos, profissionais femininas mudaram o panorama da Engenharia, da Arquitetura e do Design, transformando cenários exclusivamente masculinos.

Aproveite o Dia da Mulher para ler sobre o Prêmio Pritzker e o empoderamento feminino em 2020!

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