Temos a percepção de que viajar para o exterior é caro. Isso acontece pois a maioria das pessoas se baseia numa lista de destinos que habitam o imaginário comum e, coincidentemente, acabam sendo os mais caros para o bolso. Estados Unidos e países europeus estão no topo da lista da maioria das pessoas, certo? Além do poder de compra deles ser maior que o do brasileiro o câmbio nos é desfavorável. Some essas variáveis e a equação resulta na impressão de que viajar para o exterior é, necessariamente, caro.
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E se expandirmos nossos horizontes em busca de destinos e experiências que fossem além do desejo comum? O que a sua personalidade busca? O que conversa direto com a sua alma? Quais seus sonhos quando longe dos ruídos externos?
Nesses anos todos como viajante, as viagens que mais me marcaram foram para destinos que me surpreenderam por não estarem no imaginário comum. São essas as memórias mais preciosas que carrego comigo. As viagens que mais me marcaram, nem de longe, foram as mais caras. Sudeste Asiático, Índia, Ásia Central, Marrocos e Tunísia têm um impacto muito grande no viajante e o custo de vida nesses lugares é inferior ao de uma cidade grande no Brasil.
Sabia que em mais da metade do mundo o real vale o equivalente ou mais que a moeda local? Vou te ensinar como encontrar esses destinos e cogitar novas oportunidades de viagem.
No mundo, hoje, há 195 países reconhecidos além dos diversos territórios com diferentes status e situações políticas. Em mais da metade desses territórios o custo de vida é menor, igual ou até 10% superior ao poder de compra de São Paulo. Ainda assim, na lista dos países de maior desejo do brasileiro quase todos estão entre os 25% mais caros do mundo. Ou seja, viajar "é caro” porque as escolhas acabam sendo feitas dentro de um número restrito de opções em que o custo de vida é superior ao nosso.
E isso deixa de fazer sentido quando sabemos que em mais da metade do mundo podemos nos sentir bem com nossos gastos. Viajar para destinos onde a moeda local vale tanto quanto ou menos que o real pode transformar sua viagem.
Destinos econômicos para o turista brasileiro
Há muitos destinos ao redor do mundo onde o real brasileiro pode ter um maior poder de compra e você, turista, se beneficia dessa vantagem cambial. Abaixo, alguns exemplos para se inspirar. E, em seguida, como encontrar outros destinos como esses, onde a nossa moeda vale mais.
Ásia
Tailândia e Indonésia: gastronomia colorida, tropical e rica em sabores; arquitetura intrincada e cheia de detalhes; praias paradisíacas.
Oriente Médio
Marrocos e Turquia: paisagens diversas, do litoral mediterrâneo a montanhas nevadas e desertos; história; cultura tradicional.
Europa
Polônia e República Tcheca: países lindos repletos de história e arquitetura.
América Latina
Argentina e Colômbia: dois países da América do Sul com uma grande variedade de paisagens e manifestações culturais; cultura do vinho (Argentina) e do café (Colômbia).
África
África do Sul e Namíbia: rica diversidade de vida selvagem; paisagens diversas, da costa às montanhas e desertos; multiculturalidade.
Mais destinos
Bulgária, Geórgia, República Dominicana, China, Filipinas, Romênia, Filipinas, África do Sul, Malásia, Vietnã, Tunísia, Índia, Albânia, Montenegro, Chile e México são outras sugestões de lugares que você pode visitar com o custo de vida inferior, igual ou superior em até 10% ao do Brasil.
Como descobrir destinos onde o real vale mais
Quero compartilhar com vocês uma ferramenta gratuita e extremamente útil que uso há anos para, de maneira rápida, avaliar os custos de vida de cidades e países. Com base nos resultados, comparamos esses diversos lugares do mundo com as cidades brasileiras mais próximas à nossa realidade e obtemos uma relação com possíveis destinos nos quais podemos gastar como se estivéssemos em casa, ainda menos ou um pouquinho a mais.
Essa ferramenta se chama Numbeo e é muito simples de ser usada. O banco de dados compara custos diversos (restaurante, mercado, transporte, aluguel, entre outros) de 146 países e inúmeras cidades com os custos de vida de Nova York. Esses dados compilados e processados geram índices tanto para cidades quanto para países. De maneira interativa, é possível visualizar esses índices em mapas coloridos e tabelas.
No Brasil há oito cidades catalogadas e em constante monitoramento: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Além, claro, da média entre elas, que se transforma no índice do Brasil.
Com base nisso, elegemos o nosso índice-base e o usamos para começar a análise. Sugiro que você escolha o índice do Brasil ou das cidades mais caras do país (Rio de Janeiro e São Paulo) para as suas análises. Para descobrir os índices, acesse na barra do menu o link Cost of Living > Cost of Living Index para encontrar o custo de vida das cidades e Cost of Living > Cost of Living Index by Country para obter os custos por país.
Tome nota dos índices que desejar e realize suas comparações.
Junto com o seu índice-base de preferência considere um acréscimo de 10% para aumentar as possibilidades de destinos, sem que esse aumento seja significativamente sentido no seu bolso.
Comparando cidades
Nem sempre o índice do país é o mais adequado para a sua pesquisa, pois esse índice é uma média nacional. Generalizando, a maioria das pessoas que viajam selecionam alguns poucos destinos do país e essas cidades costumam ser as mais caras.
Pensando nisso, é possível fazer uma busca comparada entre sua cidade de índice-base no Brasil com a cidade que você gostaria de comparar os custos. No menu acesse Cost of Living > Cost of Living Comparison. Insira as cidades e clique em comparar. Para maior conveniência, selecione a moeda que você deseja usar como comparação no campo Currency, no topo da tabela com os resultados.
O que é poder de compra?
O poder de compra é a capacidade que a população local tem de adquirir bens e serviços. Quanto maior o poder de compra de um destino, mais bens e serviços os locais têm acesso com o que ganham. Quanto menor o poder de compra, maior é a sensação de que tudo está caro e o que se ganha não é o suficiente para adquirir bens e serviços. Para aplicar este filtro nas sua pesquisa, selecione Local Purchasing Power Index no barra superior e indicativa da tabela com os resultados.
A valorização ou desvalorização cambial interferem diretamente no custo de vida dos locais e na inflação do país. Como turista, essa diferenciação pode conferir vantagens ou desvantagens.
A inflação corrói o poder de compra e aumenta, significativamente, os custos de bens e serviços para os locais. Ainda que nos resultados da busca o índice possa parecer vantajoso se comparado ao seu índice-base, estude os custos e a situação do país com um pouco mais de atenção.
Lembre-se:
- Use o Numbeo como um guia de possibilidades e novas sugestões;
- Leve em consideração o poder de compra local;
- Estude como está a questão cambial no destino;
- Identifique como está a inflação na moeda em questão.
Uma viagem não se baseia apenas nos preços de compras de mercado e hotelaria. Há outras variáveis a serem consideradas ao desenhar um roteiro e um orçamento. Os índices do Numbeo servem para sugerir possibilidades fora do radar e, também, para demonstrar o porquê dos destinos mais escolhidos serem os mais caros. O planejamento de uma viagem passa por esta importante etapa, mas não se resume à ela.
Viajar é um sonho possível
Por falar nisso, seguem mais colunas do Archtrends para te ajudar no planejamento da sua próxima viagem:
E, em breve, vou ensinar aqui como planejar uma viagem. Acompanhe!
O mundo é um lugar diverso e colorido, que nos presenteia com criações da natureza e do ser humano. Viajar pode nos tornar mais tolerantes, empáticos, justos, conscientes da nossa responsabilidade como seres humanos e dos nossos privilégios.