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Designer de interiores: 5 dicas para quem quer seguir a profissão

sala de estar com televisão e sofá cinza

Ambiente minimalista desenvolvido pelo escritório de Leonardo Tulli, situado em Curitiba (Projeto: Tulli Studio)

No comando do Tulli Studio, escritório de interiores, arquitetura e engenharia baseado em Curitiba, o engenheiro e designer capixaba Leonardo Tulli lembra dos altos e baixos que o levaram até o sucesso presente. 

Sua trajetória iniciou em uma tentativa de cursar Análise de Sistemas, frustrada pela falta de quórum na universidade. Foi direcionado para Engenharia de Petróleo, experiência que durou meses. Seguiu então para Engenharia Civil, onde começou a se encontrar. Abriu sua primeira empresa aos 24 anos e demorou dez meses para conseguir o primeiro cliente. Nessa época, trabalhava ainda como corretor de imóveis em uma cidade no interior do Rio de Janeiro, onde fez faculdade. 

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Em 2016, em um salto estratégico, colocou as coisas no carro e foi para Curitiba. “Comecei do zero, mas tinha bagagem, experiência, tinha estudado bastante marketing, gestão, posicionamento”, disse. Ele também se especializou em Design de Interiores e hoje reúne todo o aprendizado no Tulli Studio, onde trabalha ao lado de nove profissionais. Ele especifica revestimentos e acabamentos na Portobello Shop Jardim Social, referência em sustentabilidade.

Leonardo Tulli reflete sobre trajetória profissional e aprendizados do caminho (Foto: Ivan Araújo)

“Como eu vim da Engenharia, sabia o que era preciso no projeto para ele ser exequível”, reflete. “São muito simples os projetos profissionais, faltam informações, são superficiais, e eu quis fazer a diferença no meu posicionamento. Fazer projetos bem feitos, alinhados ao financeiro do cliente, principalmente, porque tem gente que vai na linha artística, às vezes não viável financeiramente. Eu levantei muito essa bandeira”, reflete. 

Sua experiência em diferentes etapas do processo, desde o desenho até a entrega de chaves, nos fez questioná-lo sobre os ensinamentos que a profissão lhe rendeu. Entre os pontos levantados, Tulli ressalta a importância dos orçamentos bem definidos com clientes, como um dos guias para projetos, além de vivência em obras para a boa formação de um designer de interiores. 

Confira mais a seguir:

Definir valores e possibilidades pode guiar um projeto de interiores, segundo Tulli (Projeto: Tulli Studio)

1. Orçamento é a base do projeto de interiores

Uma das bandeiras levantadas por Tulli tem ligação com o orçamento de projetos, ou seja, o quanto o cliente pode gastar. Essa definição influencia no trabalho e traça limites. “O projeto tem orçamento limitado. Se for curto, o designer tem que fazer o máximo de coisas dentro do valor que o cliente queira e precisa, e entregar um projeto realmente bom e financeiramente possível, exequível”, disse. 

“Eu sempre falo isso, levanto essa bola para o cliente, pergunto quanto ele tem para investir e isso vai nortear o projeto. E tem vários caminhos, tanto criar um projeto básico, enxuto, para executar no orçamento, ou fazer um baita projeto completo e seguir por etapas. São decisões que o projetista precisa tomar junto com o cliente. Não adianta fazer um projeto maravilhoso que vai custar 1 milhão de reais e o cliente tem 100”. 

Visitar obras e aprender mais sobre construção ajuda designers de interiores na produção de projetos (Projeto: Tulli Studio)

2. O designer de interiores precisa ter experiência em obras 

“Até você conseguir projetar bem, você precisa conhecer a obra. Como o designer de interiores vai planejar uma coisa sem saber como ela é feita?”, questiona Tulli. “Se a pessoa está pensando em fazer design de interiores para ser decorador, faça decoração. O design de interiores é um projeto, planejamento para obra. Tem que gostar de obra”. Com essa experiência, segundo ele, o profissional passa a entender melhor sobre acabamentos e suas possibilidades, materiais e outros fatores que impactam no resultado. 

3. Fazer a gestão dos projetos 

Devido a sua formação e experiência em Engenharia e Design de interiores, Tulli trabalha um conceito em seu escritório chamado de “Engenharia de interiores”. A ideia é tocar um projeto de ponta a ponta, ser o centralizador de demandas. Assim, tudo flui mais rápido e dentro do planejado, gerando economia, inclusive, para o cliente. 

“Quando você vai fazer uma obra da forma tradicional, você contrata o escritório de arquitetura, que não executa obra. Daí o cliente pega o projeto, entrega na mão da construtora, que faz a parte de engenharia civil. Depois chama uma marcenaria para fazer mobiliário e acabamentos. São vários fornecedores independentes que dependem um dos outros. Justamente nessa falta de comunicação, de compatibilização do serviços, na falta desta visão holística, que surgem os problemas”.

Ambiente projetado pelo escritório de Tulli, onde ele prega a Engenharia de interiores, como forma de centralizar a gestão do projeto e colaborar no fluxo dos trabalhos (Projeto: Tulli Studio)

4. E também a gestão das pessoas 

Outro ponto fundamental é o contato com as pessoas, conhecer os melhores profissionais em diferentes áreas, que garantirão a entrega final. Isso vale para obras e escritórios. “No dia a dia da obra, é preciso ter muita comunicação com todo mundo”, disse. “Hoje, no escritório, faço criação de projetos e correções, revisões. O restante é gerenciar o que as pessoas vão fazer. Tem que ter em mente que, se quiser crescer, vai depender de parceiros ‘ponta firme’, que não vão te deixar na mão e bagunçar o seu planejamento”. 

5. O perfil do designer de interiores

Para Tulli, entre as qualidades que fazem um bom designer de interiores, aparece o senso crítico, capacidade de questionar as coisas. “Pensar por si só, ser detalhista, isso faz bastante diferença, principalmente em interiores, que estamos lidando com milímetros. Organização é importante, ter tudo documentado”, disse. Por fim, destaca o senso estético. “Não adianta você ter tudo isso se não tem visão espacial, de como as coisas vão ficar”. 

Buscar referências ajudam a desenvolver senso estético e ajudam no trabalho do designer de interiores (Projeto: Tulli Studio)

E afinal, como se desenvolve esse senso estético? “Referências”, responde Tulli. “Pesquisar, ter um olhar voltado para isso. Consumir o que tem disponível, e hoje é muito fácil, na internet, no YouTube, ter acesso a muita coisa que vai direcionando o nosso olhar”. 

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