De Ceuvel: exemplo de desenvolvimento urbano sustentável
Sabemos que o conceito de sustentabilidade na arquitetura e no desenvolvimento urbano nunca esteve tão em alta, certo? Entretanto, esse é um tema muito amplo que vem sendo explorado ainda de uma maneira muito experimental em diversos países.
Na Holanda, existe uma forte iniciativa do governo de promover ideais sustentáveis em diversos segmentos, principalmente após assinarem os tratados internacionais sobre redução dos gases estufa, como por exemplo, o Acordo de Paris.
O De Ceuvel nasceu de uma oportunidade oferecida pelo governo holandês, em uma tentativa para transformar o bairro pós-industrial de Buiksloterham em uma área residencial e comercial de uso misto. A prefeitura de Amsterdã doou quatro lotes para iniciativas pioneiras com foco na sustentabilidade e no desenvolvimento urbano circular.
O grupo de consultoria sustentável Metabolic e o escritório de arquitetura e urbanismo Space&Matter ganharam um concurso, em 2012, para transformarem um antigo estaleiro abandonado e poluído na região norte de Amsterdã num "oásis urbano regenerativo", com o objetivo de estimular novas formas de pensar sobre a forma como gerimos os recursos nas nossas comunidades.
A equipe vencedora se propôs a encontrar soluções práticas e criativas para construir um centro urbano circular com as seguintes considerações:
1) As necessidades e interesses específicos da comunidade local de Buiksloterham;
2) Terrenos altamente poluídos devido aos anos de atividade industrial;
3) Orçamento mínimo para construção;
4) Os regulamentos municipais relativos à regeneração de terras poluídas, eliminação de resíduos e gestão de água e eletricidade.
Através de um plano mestre de sustentabilidade, grupos de voluntários transformaram 17 casas flutuantes (antigos barcos) em um espaço multifuncional abrigando um centro comunitário, cafés e bares, salas comerciais para escritórios, residências e até mesmo um hotel flutuante.
O mais incrível desse projeto é o fato dele ter sido inteiramente pensado de forma circular.
Foram instaladas placas solares nos telhados de cada barco gerando eletricidade, que é compartilhada entre os barcos por meio de uma micro-rede.
A água cinza de cada barco é filtrada através de substratos naturais para que possa servir de água para regar os jardins. O saneamento em cada casa-barco foi projetado para facilitar a coleta de resíduos orgânicos, que podem ser alimentados em um biodigestor, dos quais nutrientes valiosos podem ser extraídos para a estufa.
As plantas aquáticas selecionadas para compor o paisagismo também cumprem a função de filtrar a água poluída do local e promover aos usuários uma melhor qualidade de vida.
O centro comunitário do De Ceuvel ficou tão popular em Amsterdã que se tornou o novo centro cultural e experimental queridinho dos empreendimentos hipsters criativos e sociais, ganhando prêmios internacionais como um dos desenvolvimentos urbanos mais sustentáveis da Europa.
As empresas que decidem alugar as casas flutuantes transformadas compraram os ideais coletivos e a visão de uma comunidade mais sustentável e circular.
Antes da pandemia, o espaço promovia constantemente workshops educativos e eventos sobre sustentabilidade, inovação e o papel da cultura e da arte nesse movimento.
O De Ceuvel virou um grande laboratório, onde profissionais de várias áreas, como urbanistas, biólogos, engenheiros, arquitetos e geógrafos, se uniram para continuar estudando essa região e desenvolver metodologias para serem aplicadas em futuros experimentos.
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Que legal! Seria ótimo ter iniciativas do tipo no Brasil.